Formação

A vocação e os cristãos leigos

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Completamos o jubileu de ouro da convocação do ConcílioVaticano II. As comemorações desse evento importante do século XX será umaoportunidade muito boa para que examinemos nossos passos dados e as propostasdo Concílio.

 Um dos aspectos levantados foi sobre o papel e a missão docristão leigo na Igreja. A grande preocupação era não apenas de uma maiorparticipação nas preocupações e trabalhos internos à comunidade, como,principalmente, o testemunho na sociedade, nas realidades temporais.

 O fato de o cristão leigo não deveria ser apenas umexpectador ou destinatário da mensagem evangélica e das preocupações da Igreja,mas, sim, ser consciente de sua missão de cristão ao interno da Igreja etestemunhando Jesus Cristo à sociedade.

 Este foi um aspecto importante do Concílio EcumênicoVaticano II, que foi um impulso dado pelo Espírito Santo à Igreja e suapresença no mundo hodierno, mas, dentre as variadas conquistas, podemos afirmarque uma delas foi certamente a valorização da vida e missão dos cristãosleigos, que emergiu como um elemento fundamental para a nova realidade do mundoem transformação.

 A presença do cristão leigo está em muitos documentos, mas oApostolicam actuositatem é dedicado totalmente ao cristão leigo. Creio que sejao primeiro num Concílio em toda a história da Igreja.

 Dá-se uma nova ênfase ao conceito basilar da evangelizaçãodo mundo, sua transformação para uma feição mais humanizada, mais justa, e,portanto, mais cristã. Passamos, então, a falar da missão da Igreja no mundo,servindo ao reino e não a si mesma.

 Portanto, nesta missão evangelizadora da Igreja, recorda-sea missão do cristão leigo, que, vivendo em sua realidade temporal, é chamado aser sal, luz e fermento e assim transformar a realidade através de suaprofissão, da sua presença na sociedade, na política, na cultura, nas ciências,nos esportes, e muito mais. Realidades que não são alcançadas apenas pelo cleronas suas atividades e missão cotidiana, mas que precisa de um protagonista. Aosleigos é dada essa vocação específica: fazer a Igreja presente e fecundanaqueles lugares e circunstâncias onde somente através dos leigos ela pode setornar o sal da terra.

 O Papa Paulo VI afirmava que os leigos são como uma ponteque une a Igreja à Sociedade. Não como uma interferência da Igreja na ordemtemporal ou nas estruturas dos assuntos mais afetos à vida política oueconômica, mas, sim, para não deixar que o nosso mundo fique sem a mensagem dasalvação crista, sem as luzes do Evangelho e da mensagem de Cristo. Portanto,os leigos são chamados a estabelecer este contato entre a vida eclesial e asociedade, ser os construtores de uma nova maneira de servir o bem comum eimbuir a realidade terrestre de uma ordem transcendentes, eterna, Divina.

 São Paulo nos afirma que toda a criação será recriada emCristo. O mundo geme em dores de parto por uma nova ordem: mais justa, maisfraterna. Todos são convidados, portanto, a seguir o modelo de Cristo.

 Os leigos são corresponsáveis pela missão da Igreja,companheiros de caminhada e em quem se confia, a quem se recorre, em quem seacredita e a quem se dá espaço na decisão, no planejamento e na execução dasvárias atividades na Igreja, e isso pela própria essência de sua consagraçãobatismal.

 Unidos a Cristo, através do Batismo, sacramento da fé, osleigos devem, portanto, estar atentos não só a uma pertença à Igreja, mas “ser”e sentir com a Igreja que é mistério de comunhão.

 A V Conferência Episcopal Latino Americana, em Aparecida,afirma que “os fiéis são os cristãos que unidos a Cristo pelo Batismo, são opovo de Deus a participar nas funções de Cristo: sacerdote, profeta e rei. Elesfazem, de acordo com sua condição. São os homens da Igreja no coração do mundo,e homens do mundo no coração da Igreja. Sua missão é realizar o seu testemunhoe atividade e contribuir para a transformação das realidades e para a criaçãode estruturas justas, segundo os critérios do Evangelho”.

 A missão não é somente uma escolha ou uma opção, mas, sim,um dom de Deus. A missão não é nossa nem de um grupo, mas é da Igreja, que nosenvia, e no centro desta missão laical deve estar o Espírito do SenhorRessuscitado, a quem obedecem com a mesma dignidade, mas com ministériosdiversos, tanto os leigos como os ministros consagrados. Ter tal consciênciadesta centralidade da missão em Cristo é de fundamental importância na vida dolaicato no seio da mãe Igreja.

 Conclamo todos os leigos de nossa Arquidiocese, os católicosapostólicos e romanos, para viverem a grandeza de seu batismo, colocando a mãono arado e chamando a todos para o “vinde e vede” do senhor Jesus!


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