É Advento. Esperamos a vinda do Salvador. Como é belo esperar e, para sua chegada, nos preparar. Arrumar a casa, ou melhor, o coração, com o sincero desejo de oferecer morada àquele que nasceu pobre, numa gruta, cercado por animais.
Por outro lado, esperar, para este tempo, traz indícios ou marcas ou sintomas de ansiedade. Não quero reduzir a ansiedade a uma impaciência ou simples sobressaltos do espírito. Compreendo tal crise como uma força tão profunda no comportamento dos jovens. “Você quer estar lá na frente, no futuro, mas acha que está lá atrás, no passado, e não consegue viver o presente”, dizia-me uma jovem advogada. Há uma tensão tanto no esperar quanto no acontecer.
Sem nenhuma pretensão científica ou acadêmica, escrevo aqui sobre os anseios, esperas, projeções e expectativas. O tema se coloca, para mim, neste Advento, pois me chama atenção o quanto tenho visto de jovens sofrendo de ansiedade com a mesma frequência que se encontra alguém com uma gripe ou dor de cabeça.
Sabemos esperar? Equilibrar o mundo interior, diante das exigências de prazos e metas, das perdas e dos conflitos nos relacionamentos, dos desentendimentos e incompreensões? Sabemos superar? Qual a postura de batizados diante das demoras de Deus, das exigências do mercado, das convenções sociais, das tempestades, cansaços e escuridão? Muitas perguntas para compreender a doença, o sintoma, o mundo, o comportamento. Onde está o essencial? O que é o essencial?
Quem espera o Salvador sabe que Ele vem, reina e comanda toda sua vida. Não cabe a mim controlar o mundo, as ocasiões, as pessoas. Vivo a fé, entregando toda minha vida, meu tempo, anseios e planos em Suas mãos. Não saber superar, não corresponder às expectativas do mundo, não acompanhar o presente trazem dores. Mas é preciso reconhecer que somente Ele é a melhor parte de toda a história, em todo tempo e todo lugar. Quem espera supera.