A ação de esperar, em nossos dias, é bastante exigente. As nossas casas, ambientes de trabalho, de lazer e, até mesmo, de oração, estão quase sempre controlados pela aceleração do tempo e o constante fluxo de informações. Na sua bondade e misericórdia infinita, o Senhor nos coloca num tempo litúrgico favorável, para nos ensinar que a espera é um sinal concreto da conversão dos corações que se moldam à Sua Santa Vontade.
O ano litúrgico, como sabemos, não segue a cronologia do calendário civil e, por isso, nos permite observar melhor, como Deus escolheu – e continua escolhendo – se revelar ao homem: pequeno, obediente, casto e fiel à vontade do Pai. O advento é, portanto, a alegre expectativa dos cristãos para com a vinda do Senhor, que aquece nossos corações e nos indica o Caminho. Sem dúvidas, os que não são capazes de permitir a ação do Espírito Santo desde a espera, isto é, desde o advento, não contemplarão seu triunfo, quando o virem na manjedoura de sua vida e de sua vocação
Maria escolheu dar essa permissão a Deus
Enquanto esperava, já sabia que a Vontade Dele estava se concretizando e, por isso, continuava com a firmeza do seu sim, a esperar alegremente tudo mais que o Senhor faria.
Ela nos ensina que o “sim de cada dia” é sustentado pela perseverança e pela paciência, e não pela força meramente humana, ou o seguimento dos nossos próprios ideais. Precisamos nos deixar ser cobertos pela sombra do Espírito Divino, para que tudo em nossas esperas seja fruto de Esperança e não de ócio.
Na vida de seu castíssimo esposo, São José, não encontramos nada menos que a adesão perfeita e imediata diante do pedido do próprio Deus. Acredito que esta deveria ser a nossa única “pressa”: levantar e ir para onde o Senhor nos indica. Não tenho dúvidas que a esperança do coração deste homem estava completamente enraizada na certeza de que Deus só lhe daria aquilo que o salvasse. Esperou com Maria, Aquele que seria chamado “Filho do Homem”, que ensinaria aos mestres da Lei desde criança, que curaria os doentes e salvaria todos os homens da pena de morte eterna. Seu coração esperava sabendo destas certezas, mesmo enquanto ainda eram promessas.
O apelo de Deus neste Advento
A expectativa vai crescendo e, com ela, o apelo de Deus em deixarmos para trás tudo que impede que seu Amor cresça e fecunde nossa oferta de vida. “Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para nos salvar”, nos diz a profecia de Isaías. Ele vem com todo vigor da essência divina nos devolver o que o pecado nos tomou. Sua vida toda doada já tem início numa doce espera, no ventre da Virgem, passando pela espera angustiante durante a procura de um lugar para nascer, indo até àquela hora em que aguardava tudo se consumar.
Na vida de Cristo, a espera O fez realizar a Vontade do Pai, com alegria e espírito de obediência.
Que a Virgem da Espera e o Glorioso São José intercedam pela nossa conversão, que é expressada na doce ânsia pela vinda do Senhor em nossos lares e corações. A esperança é o que faz esta expectativa ser cheia do movimento do Espírito Santo, sem qualquer inércia ou paralisia em nós mesmos. Vem, Senhor, não tardes mais em nos fazer provar da Tua Serena Majestade, por meio da Tua singela Encarnação, pois sabemos que, “os que salvastes voltarão para casa”.
Por Maria Clara Lucena Nunes
Postulante da Comunidade de Aliança
Que orgulho tenho de você, Clarinha! Que lindo opinião a sua. Parabéns