Será que é possível ser alegre e não ser feliz? Ou ser feliz e não ser alegre? Afinal tem alguma diferença nessas duas palavras? Bom, segundo alguns estudos, pesquisas e ciências, sim. Em suma alegria é um sentimento momentâneo de contentamento, um transbordar da felicidade, está ligada a um fato ou ações. Enquanto felicidade é um estado de espírito constante construído por atitudes, em geral, associado ao bem-estar. Nem sempre o que nos causa alegria também trará felicidade a longo prazo. A busca por alegrias passageiras pode distanciar de ser uma pessoa realmente feliz.
As definições de acordo com o dicionário para alegria é: “manifestação de contentamento e júbilo”. E já felicidade é descrita como: “concurso de circunstâncias que causam ventura; estado da pessoa feliz”. Se pensarmos em um gráfico, os momentos de alegria gerariam picos e a felicidade se manteria numa linha mais plana.
Para a psicóloga, Kannanda Sheyla Silva Costa (CRP 11/15053), que trabalha com abordagem de Análise do Comportamento e atualmente trabalha na área clínica com foco em ansiedade, alegria é uma emoção, assim como a tristeza e o medo e, como são emoções, são muito voláteis. Isso é próprio do sentimento, é passageiro, não é um estado. Já a felicidade é um estado, ela contempla outros sentimentos, é um estado da alma.
Já a ciência acredita que a felicidade é uma série de reações químicas que ocorrem dentro do nosso corpo. Biólogos, por exemplo, pesquisam os mecanismos cerebrais que comandam a produção e a distribuição de substâncias responsáveis por gerar sensações de prazer e bem estar. A visão sobre a felicidade está mais em uma mecânica de funcionamento do organismo do que em falar sobre o que a origina.
Ser feliz ou ser alegre?
Viver uma nova alegria é viver momentos que vão gerar mais alegria. Explica Kannanda: “Parece meio óbvio, mas não tanto. A gente confunde prazer com alegria. O ser humano naturalmente foge da dor e busca prazer. Isso é biológico, os animais fazem isso, mas nós não somos animais, não somos só instinto. Nós temos liberdade e capacidade de escolher, e inclusive, temos a capacidade de transcender. Nesta lógica, do instinto animal, nós não teríamos alegria e sim, momentos de prazer, e nem sempre o prazer vai ser bom e a dor vai ser ruim.”
Desta forma, podemos ser felizes, mesmo em tempos adversos, onde a solidão, doença, desesperança surge, pois estes são sentimentos que passam. Ao encontrar uma nova motivação, a alegria surge e permanece, não mais por ser um prazer momentâneo, mas uma alegria que inspira a ser feliz de verdade.
O principal exercício para ser feliz e alegre, de acordo com a psicóloga, é ter uma vida com sentido, ou seja, uma vida que não é vivida pelas meras circunstâncias, mas existe um lugar onde quer chegar, e esse sentido “para onde eu quero ir”, “onde estou e onde quero chegar”, faz o caminho valer a pena. “Haverá dores neste caminho que o farão valer a pena. O estado de felicidade contempla alguns momentos de alegria.”
A terapeuta ainda afirma que a alegria pode ser sentida quando se consegue viver algo que faz sentido, que é preciso fazer uso da consciência e não pelo mero prazer, pois o prazer é momentâneo e depois pode vir uma tristeza tão profunda que pode fazer aquilo tudo que sentia doer. É possível ser feliz e alegre quando se encontra sentido na vida.
Cultive sempre a alegria
Cultivamos a alegria em momentos de incerteza nos apegando ao que é essencial, aquilo que realmente não passa e ao que é fundamental. Aquilo que fica, quando se sabe que a morte pode chegar, que uma doença ou ainda uma dificuldade financeira pode acontecer. Os momentos de incerteza, que mexem com nossa base, ajudam a repensar ao que realmente importa e vale a pena, e isto alimenta a esperança que não é iludida, que não é alienada, mas é concreta e encarnada. As crises e as incertezas doem muito, mas se bem vividas, se vividas com sentido, conseguem abrir o olhar para o que realmente importa.
Diante disso, cultivar o que importa, que pode ser as boas relações, a fé, um olhar transcendente para além. O ser humano ele tem a capacidade de transcender, ele não é só matéria, é preciso ter um olhar além, voltado para o alto, voltado para o céu, para aquilo que de fato não passa. Ter momentos de auto cuidado, lazer, silêncio, convívio com quem a gente ama.
O que nos leva à felicidade?
A felicidade verdadeira dura mais do que uma dose de dopamina, por isso é muito importante pensar nela como algo que vai além da emoção. É possível passar pelos momentos de dor e sofrimento sem perder a alegria e a felicidade. Porque a verdadeira alegria, e a verdadeira felicidade, acontecem quando se vai ao encontro do outro, quando se gasta por uma causa, por alguém que se ama e, principalmente, quando está na presença de Deus. Na Sagrada Escritura, no Livro de São Tiago diz: “Feliz o homem que suporta a tentação. Porque, depois de sofrer a provação, receberá a coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam. (Tg 1,12)”.
Dentro de uma dinâmica cristã, nos alegramos pois Jesus está vivo (cf. Lc 24,5), e esta alegria Nele, não acaba. Com Jesus os sentimentos se tornam estados da alma. A alegria vira felicidade. Vemos, cremos, sentimos e testemunhamos a todos os povos. Servir com amor e alegria leva a uma felicidade sem fim, que supera o medo, a tristeza, as fraquezas e os fracassos.
A sede em buscar pelas coisas de Deus, pode ressignificar a história de vida, e almejar pelas coisa que vem do Alto, que trazem alegria, esperança e gera uma felicidade sem fim. Uma dica para sentir uma alegria que não passa, é participar do Renascer/Reviver 2022, o Retiro de Carnaval promovido pela Comunidade Católica Shalom, e assim, ter uma experiência de espiritualidade cristã, dedicando tempo, em um período onde tudo se mostra pela euforia e pelo prazer. Deus se revela no simples, no belo e na alegria de estar com Ele.