Oração

Akáthistos celebra o mistério da Mãe de Deus

A Comunidade Shalom tem a tradição de rezar, no período de 16 de Dezembro até o Natal, este grande hino litúrgico da Igreja grega antiga. A composição poética celebra o mistério da Mãe de Deus.

comshalom

O hino do Akáthistos não foi tirado de arquivos nem jamais sepultado em bibliotecas: há 15 séculos, o Akáthistos vive no coração de incontáveis gerações, que nele encontram alimento e verdadeira devoção à Virgem. Sem qualquer dúvida é o mais belo hino mariano da Antiguidade e de todas as épocas, um monumento de altíssimo valor, uma obra prima litúrgica de importância eclesial.

Este hino foi projetado com base em dois planos sobrepostos, o da história e o da fé, e em duas perspectivas entrelaçadas e complementares, a cristológica e a eclesial, nas quais se radica e ilumina o mistério de Maria, a Mãe de Deus. Aliás, no pano de fundo desse desígnio de salvação está inscrita a história do homem, de cada homem, chamado a tornar-se transparência e presença divina, como foi e é Maria. A figura de Maria é ao mesmo tempo imagem e plena revelação daquilo que todo homem e toda a Igreja devem se tornar.

 

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Divide-se o Akáthistos em duas partes

A primeira parte (estâncias de 1 a 12), seguindo o Evangelho da infância (Lc 1-2; Mt 1-2), propõe e comenta a teofania, isto é, o aparecimento e a primeira revelação histórica de Deus na carne humana assumida, com os efeitos salvíficos que daí derivam.

As primeiras seis (de 1 a 6) estâncias do hino, de conotação cristológica, encenam e cantam a descida do Verbo e sua manifestação às primeiras testemunhas: a Virgem-Mãe, João Batista, Isabel e José. As outras seis estâncias (de 6 a 12), de conotação eclesial, mostram a epifania de Deus no mundo, portadora de luz e graça para todos: os protagonistas e beneficiários os pastores, os magos, os redimidos da escravidão dos ídolos e o justo Simeão, modelo da espera de Israel.

A segunda parte do hino (estâncias de 13 a 24) propõe a teologia da Igreja antiga, isto é, a profissão dos dogmas de fé relacionados a Maria: as primeiras seis estâncias (de 13 a 18) a contemplam imersa no mistério de Cristo, enquanto as últimas seis (de 19 a 24) a cantam presente no mistério da Igreja em curso.

Instâncias do Akáthistos

1. Deus envia o anjo para fazer a saudação; o mistério se realiza em Maria; explode a alegria, cessa a condenação, renova-se a criação.

2. A estupefação de Maria: a criatura encontra-se diante da misteriosa iniciativa de Deus.

3. Diante do evento misterioso surge espontaneamente a pergunta: “como?”. Respondendo-lhe o anjo lhe revela que somente ela‚ tão profundamente iniciada na experiência do divino a ponto de tornar-se guia para a ascensão do homem.

4. Descendo, o Espírito Santo cobre a Virgem, tornando seu ventre em terra-virgem fecunda de graças.

5. A visitação: à saudação de Maria, o mistério se revela a João e o toca em seu íntimo; floresce o perdão, a misericórdia se difunde; Maria é a sua mediadora e o seu altar.

6. O mistério é revelado a José, a “testemunha” virginal.

7. A adoração dos pastores: prefiguração dos apóstolos, dos pastores e dos mártires, que ao longo dos tempos anunciam e confessam Cristo, nascido da Virgem, que assim como vestiu de carne o Senhor, reveste de glória os fiéis.

8. A chegada dos magos: ao anúncio de fé pregado pelos pastores, o homem que o acolhe encaminha-se em busca de Deus. Inicia-se o itinerário catecumenal, que se conclui em Maria, de quem, se fez carne a Palavra do Pai.

9. A adoração dos magos: o caminho catecumenal do homem se conclui com a renúncia a Satanás e aos vícios e com alegre adesão ao único Senhor, de que é artífice e marco a Mãe de Deus.

10. Os magos retornam à sua terra e, na própria vida, o neófito torna-se arauto de Cristo.

11. Como prenunciava Isaías (Is 19,1), Cristo entra no Egito, levado por Maria; Desmoronam os ídolos e atrás dela inicia-se o êxodo no novo povo em direção à terra prometida.

12. O encontro com Simeão; a espera e a sabedoria do homem se iluminam em Cristo.

13. A concepção virginal : com novo prodígio, renasce a vida; a santidade e a obediência virginal da nova Eva se contrapõem à obediência da antiga e a cancelam reconciliando o mundo com Deus.

14. Em Cristo, o homem retorna às origens, no Verbo encarnado se lhe abrem os céus.

15. A maternidade divina como vértice supremo, trono de Deus e único caminho para que o homem perdoado torne-se “deus”.

16. Também para os anjos o mistério do Verbo encarnado é nova luz de conhecimento e de êxtase.

17. O parto virginal, abismo de sabedoria divina: a luz da sabedoria humana rejeita o mistério; a verdadeira sabedoria é a fé dos simples, que encontra em Maria a sua luz.

18. Nós jamais teríamos podido nos aproximar de Deus, se ele não houvesse descido, humilde, entre nós, para nos salvar e atrair-nos suavemente para si.

19. A virgindade perpétua de Maria, início da santa Igreja, sublime modelo para os virgens; Maria, que no seu ventre desposou Deus, ao homem, agora conduz os virgens e os desposa ao Verbo de Deus.

20. o primeiro dever dos virgens é o culto a Deus; por mais que prolongue suas louvações, o homem nunca chega a celebrar dignamente os benefícios divinos.

21. A maternidade espiritual de Maria, a “Mãe da Igreja” , da mesma forma que gerou a Cabeça segundo a carne, não cessa de nela regenerar os seus membros, com os sacramentos que infundem a luz e a vida, tendo brotado do seu seio e do seu coração.

22. A nossa regeneração nasce do mistério pascal, que tem suas raízes no seio virginal, com efeito, para a nossa salvação, Cristo desceu do céu e se encarnou em Maria Virgem.

23. A mediação celeste: Maria é templo e arca que acompanha e protege a Igreja peregrina na santa conquista da pátria celeste; é refúgio e esperança de cada fiel.

24. A nossa advogada: que a Mãe de Deus nos salve de todo perigo e do último castigo.

Nossa Senhora Esposa e Mãe

A trama do hino gira em torno de três palavras: a saudação do anjo, “AVE”, que desencadeia toda a louvação, e os dois refrãos: “AVE, VIRGEM E ESPOSA” e “ALELUIA”.

AVE: o Akáthistos inicia quando o anjo desce do céu, enviado por Deus para dar anúncio de júbilo a Virgem e, por seu intermédio, a toda a terra: O mais excelso dos anjos foi enviado do céu para dizer “ave” à mãe de Deus(o termo grego Kaire = alegra-te = ave). Todo entrelaçamento do hino e o seu cenário estão envolvidos para a alegria do céu. Com efeito, é um evangelho de alegria que, em Maria, se abre para o mundo: o anúncio de que Deus se fez homem!

AVE VIRGEM ESPOSA: desposada com Deus, mas não desposada com homem; uma posse pessoal exclusiva do Pai, Filho e Espírito, mas virgem de toda posse de natureza humana. Assim, o refrão coloca a figura Virgem na própria fronteira entre o criado e o incriado, quase como vértice extremo da ascensão humana, que mergulha no esplendor divino e por ele é inteiramente revestida, sem perder as propriedades de criatura.

ALELUIA: o refrão das estâncias pares, glorifica só o Senhor, de quem parte a iniciativa, brota a vida, inicia a história e se difunde a graça e em quem terminam, mergulhados em Cristo, através do Espírito, na contemplação da divindade, o itinerário espiritual de todo homem e o itinerário cósmico.

Na visão teológica do Akáthistos, Maria está presente e ativa em toda a extensão do mistério: onde quer que a humanidade de Cristo seja fonte de vida, ali está Maria, que lhe deu sua carne, ali está inscrita a sua figura virgem e sua ação de Mãe.

Hoje como ontem, a Virgem é presença ativa na Igreja peregrina: sustentáculo para a fé, para os apóstolos, força para os mártires, já que todos, em toda parte, anunciam e testemunham Cristo, que ela nos deu.

Autor do Akáthistos

O autor do Akáthistos certamente foi um grande poeta, um insigne teólogo, um consumado contemplativo: tão grande que soube traduzir em síntese de oração a fé professada pela Igreja; tão humilde que desapareceu anonimamente. O seu nome é conhecido por Deus e ignorado pelo mundo. E é melhor que assim seja: desse modo, o hino é de todos, porque é da Igreja. Segundo os estudos mais recentes, a data de composição do Akáthistos oscila entre a segunda metade do século V e os primeiros anos do século VI.

Valor Ecumênico

O Akáthistos é comum aos irmãos ortodoxos e aos católicos de rito bizantino: é uma vetusta e solene ponte no sentido da plena comunhão de fé com as igrejas do Oriente. Para os irmãos evangélicos do ocidente, para os quais o culto a Maria ainda constitui pedra de tropeço, ele poderia representar um autêntico valor e uma base de diálogo: por sua antiguidade; pela fórmula laudatória, que, se bem compreendida, redunda em glória do Senhor; pelo substrato cristológico-eclesial; pela doutrina rica e sóbria, isenta de exaltações, que desemboca no próprio mistério da encarnação, isto é, no primeiro artigo de fé cristológica professado por todas as igrejas.

Saiba mais sobre o Akáthistos e reze conosco:

E.TONIOLO
Dicionário de Mariologia


Comentários

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  1. Vivi essa experiência muito renovadoura para o meu coração.
    Foi um ENCONTRO magnífico para eu está restaurada na .minha vida.
    Na minha família.
    Muito rico as pregações,Às laudes…orações.
    Eu me encontrei com DEUS.
    Que me senti de alma bem profunda…nergulhada no SENHOR.
    E a NOSSA SENHORA que sempre nunca largou MINHA mão.
    Obrigado família shalom.
    Sou muito FELIZ AQUI.
    Sou da Missão shalom MANAUS.
    🙌🙌🙌🙌❤

  2. Que alegria! Ao pesquisar para rezar, encontrei de maneira bem explicada, como também o vídeo com Pe. ANTONIO nos ensinando. Gratidão sempre! Ah! Encontrei também o de São José é já o fiquei para quem estava procurando e não encontrava. Shalom!

  3. Tive a felicidade de participar dessa santa oração, na igreja Nossa Senhora do Paraíso do rito Melquita, Deus é maravilhoso.