– Amanhã é 23, amanhã é 23… Repetia ela quase cantando ao mesmo tempo que pregava um post-it amarelo “ceguei”, na borda da tela do computador com a data marcada em caixa alta.
A amiga novata do birô vizinho, vendo tal movimento, questionou a importância da data e se por acaso seria o aniversário dela.
– Não, não! O meu “niver” foi em maio. Mas se quiser me dar um presente… O que fez todos os outros colegas de trabalho acharem graça do comentário.
– Então, isso tá com cara é de boleto atrasado. Cuida! São 8 dias para o fim do mês. Disparou a moça tentando não perder a piada e adivinhar o motivo do lembrete em destaque com o número 23.
– Hahahahaha! Imagina! Graças a Deus tá tudo em dia, inclusive o dízimo. E friccionou bem o post-it pra colar bem colado.
– Mas já é bem a quinta vez que você comenta que amanhã é 23. Que tem de tão especial essa data, que não pode ser esquecida? Insistiu a amiga novata, com um certo ar de curiosidade olhando para os outros colegas em busca de uma resposta.
– Mulher, é o dia da minha vigília, não posso esquecer! E esse mês vai ser no segundo horário, pensou.
– Vigília? Segundo horário? Como assim?
– Você sabe que eu participo do Shalom, né? Lembra aquele dia que te falei sobre o Tau e o cordão branco e sobre a minha consagração, a missa etc e etc? Pois eh! Cada grupo da Comunidade tem um dia no mês para rezar diante do Santíssimo Sacramento. No meu caso, nós revezamos a cada dia 23, em dois horários. O primeiro horário é das 22 às 02 horas e o segundo das 02 às 06 horas da manhã.
– Vish! Rezam quatro horas seguidas e de madrugada? Impossível! Eu iria era dormir, naquele silêncio absoluto e com ar condicionado! Nunca fui lá, mas acho que não conseguiria passar nem 10 minutos parada de dia, que dirá de madrugada, ainda mais depois de um dia de trabalho. Aff! Vocês são muito é doido!
– Sim, loucos por Jesus. Respondeu calmamente a amiga de “Tau”. E aproveitou a oportunidade para evangelizar a amiga leiga. Pacientemente explicou como era a vigília e disse que todos os dias do ano, dia e noite, era possível encontrar pessoas intercedendo no Shalom. Explicou também que nas vigílias existiam momentos de silêncio, adoração, cânticos, oração, louvor e até do cafezinho. Refletiu um pouco e disse: – Realmente, amiga, você tem razão, é mesmo incompreensível. Mas, o que parece ser impossível para os homens é possível para Deus.
– Ahhh, acho que entendi! Vocês rezam e intercedem por todo mundo. Por isso, mês passado, disse ela olhando para o celular, vi no seu feed do Instagram, um “negócio” de “intenções para a vigília” e fotos de uma capela…
– Exatamente, a minha vigília é sempre no dia 23 e já faz parte da minha vida. E por falar nisso, você tem alguma intenção?
– Sim, e muitas! Porque amanhã é 23, né? E sorriu, dando a entender que a ficha tinha caído.
E para não perder outra oportunidade, a amiga do Shalom explicou onde era a capela e ainda entregou um folheto com a oração dos Quinze Minutos em companhia de Jesus Sacramentado.
Quem sabe um dia, aquela que achou estranho o fato de rezar por quatro horas de madrugada a dentro, numa vigília, não teria também, certo dia, o seu “amanhã é 23”?
Vigília Shalom
Para a Comunidade Católica Shalom, adorar o Santíssimo Sacramento é mergulhar no Coração de Cristo Ressuscitado e Transpassado e aí encontrar a Paz para nossas vidas e para a humanidade. Faz parte dos Estatutos da Comunidade no mínimo uma vez por semana, cada membro dedicar-se a uma hora de adoração ao santíssimo Sacramento. Na medida do possível e de acordo com o número de membros em cada Diocese, a Comunidade estabeleça em uma das suas casas a adoração perpétua.
Em algumas missões da Comunidade Católica Shalom, vivem a realidade da vigília, nas casas onde a adoração é perpetua, comprometendo seus membros a participarem mensalmente da escala proposta, para que ali unidos diante da presença viva de Jesus Cristo intercedam pela pacificação dos corações de todos os homens.