Existir na contemporaneidade representa uma vida permeada por cobranças, angústias, sensação de tédio e vazio constantes. Como a maioria dos jovens do meu tempo, experimentei cada um destes fenômenos e também me deixei levar por eles. Na minha adolescência, as feridas da minha história de vida estavam muito latentes e, por este motivo, se tornou impossível enxergar Deus como um Pai – e por consequência, deixei de acreditar na sua existência e no Amor.
Ainda por cima, era ano de preparação para o vestibular, evento ordinário na vida de muitos, mas naquilo eu empregava todo o sentido da minha vida – e é claro que, a qualquer momento, isto ruiria com facilidade. Foi então que, imersa na minha raiva de Deus e no controle exacerbado pela minha rotina de estudos, recebi inúmeros convites para participar de uma comunidade católica de jovens, a qual minha irmã mais velha passara a frequentar (e eu julgava bobagem e perda de tempo!). Passaram-se Acamp’s, Renascer e grupo de iniciantes… e eu, cheia de orgulho e paralisada, me colocava a negar cada um deles.
Deus, porém, não é bobo nem nada: mobilizou pessoas para anunciar o seu grande amor por mim. Lembro-me de ficar surpresa ao ouvir sobre um Deus bondoso, amoroso, misericordioso, o qual jamais me julgaria por desacreditar dEle. Desse modo, vencida pelo cansaço – e pelo amor -, fui ao Seminário de Vida no Espírito Santo, momento reservado para mim desde toda a eternidade. Ali o Seu doce amor me marcou definitivamente.
Assim, já se passaram sete anos. Confesso continuar sendo ainda um pouco questionadora, teimosa e com mania de controle, mas me alegro muito ao ver a vitória do amor em cada área da minha vida. Contemplo o Shalom com imensa gratidão, porque olho para aquela adolescente de 2012 e sinto alívio ao saber que ela se livrou de incontáveis caminhos de morte.
Amo o Shalom porque aqui aprendi o que é uma juventude feliz de verdade, bem como compreendi a alegria de dar de mim para os outros. Amo porque aqui passei por momentos de dor física, psicológica e espiritual, mas em cada um desses momentos se abriam horizontes para me consolar e me renovar na alegria.
Amo o Shalom, porque hoje minha vida tem um sentido indescritível, maravilhoso. Em meus vinte e três anos de existência, como discípula da Comunidade de Aliança, afirmo não haver morada melhor para meu coração habitar e encontrar repouso. É aqui que eu quero ficar, para sempre.
Andrielly Medeiros
Discípula na Comunidade de Aliança na Missão de Natal