Amado, hoje comecei minha oração pedindo a Rafael (meu anjo da guarda), que me auxiliasse a rezar, que ele conduzisse, governasse e iluminasse o meu diálogo contigo, para que eu não me dispeçasse com outras coisas.
Diante desta minha súplica comecei a pensar na oração como esse momento de diálogo contigo, este momento entre dois amigos e assim eu me remeti a uma relação de amizade natural ou seja entre duas pessoas finitas, e percebi porque hoje é uma grande luta para mim de forma pessoal me colocar inteiramente na oração.
Percebi então que minha relação contigo vai se tornando reflexo das minhas relações naturais, muitas vezes marco para sair, fazer algo com um amigo, e me atraso porque vou me dispondo a fazer outras coisas ou porque quero descansar mais um pouco, ou tenho outros compromissos na mesma hora. Enfim, não dei prioridade total aquele amigo e assim faço contigo.
Quantas vezes eu não me atraso para oração? Quantas vezes afinal o sino toca e eu não estou pronta? Quantas vezes eu marco outras coisas na hora do meu encontro contigo? E ainda torno esses compromissos inegociáveis? Pois bem fui percebendo também que quando estou com meus amigos, muitas vezes, não me coloco totalmente ali querendo aproveitar a sua presença, ouvindo-os pacientemente, saboreando cada instante.
Não! Fui me acostumando a marcar tempo, a querer falar mais do que ouvir, a querer saber o que está acontecendo fora daquele espaço, e então busco o celular e assim vou fazendo pequenas fugas e deixo um buraco naquela relação. E não é dessa forma que também ajo contigo?
É amado, quanta percepção, quanta verdade, lembro de outra coisa até, a oração, o momento de intimidade contigo muitas vezes eu quero registrar, quero revelar, e esqueço que o melhor é apenas aproveitar o momento e deixar que a memória (ainda que péssima), faça o registro que a captura da imagem não revela a plenitude das graças, dos sentimentos, das emoções vividas naquele curto espaço de tempo.
Recordo o quanto é bom ao coração os momentos que são bem vividos com os amigos, que chegamos a concluir que nem sentimos passar o tempo. Que saudade de viver essa relação contigo e sair com a sensação de que foi tão pouco tempo porque foi tão intenso.
Quantas saudades eu tenho deixado em nosso coração, por não mais me permitir viver tempos de qualidade ao teu lado. Amado, que pela intercessão dos meus amigos santos (a quem também preciso dedicar tempo de qualidade), eu me permito voltar e deixar que você me devolva.
Com saudade, sua pequena esposa.
Jackeline Bastos, Consagrada da Comunidade de Vida, na Missão de Natal
Celibatária