No dia 24 de outubro, a região Metropolitana do Cariri, no Ceará, celebrou a beatificação da jovem mártir Benigna Cardoso. A adolescente que faleceu aos 13 anos recebeu o título de Beata em cerimônia realizada na cidade do Crato, e contou com a presença de fiéis de vários locais do Brasil. Invocada como heroína da castidade e mártir da pureza, a jovem foi morta em uma emboscada ao recusar se relacionar sexualmente com um rapaz.
Com o aumento do interesse pela história da Beata Benigna, também nota-se na região o desejo pela beatificação de outra figura importante para o Ceará e para o Nordeste: o Padre Cícero Romão Batista.
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Na homilia, o Cardeal Leonardo Steiner, Arcebispo de Manaus, representante do Papa Francisco para a ocasião, expressou que também deseja que o padre Cícero seja declarado Beato pela Igreja.
“Nossa bem-aventurada menina está a nos dizer que a inocência, a pureza, abrirá o caminho da celebração também do nosso Padre Cícero. Bem-aventurado, e depois, esperamos, [que seja] santo. Talvez fosse necessário, que a inocência precedesse à busca da verdade, e nos indicasse o caminho da santidade do nosso Padre Cícero“, destacou o Cardeal.
Servo de Deus
Em agosto deste ano, a Santa Sé autorizou a abertura do processo de beatificação do Padre Cícero, que ocorre na Diocese do Crato. Desde então, o sacerdote falecido em 1934 recebe o título de Servo de Deus.
Responsável por difundir a fé católica no interior do Ceará, Padre Cícero se tornou ao longo das décadas figura histórica importante em todo o nordeste brasileiro. Tendo vivido num período de grande seca na região, conseguiu conquistar a simpatia e a admiração do povo. Com enorme empenho pastoral, pregava o Evangelho, aconselhava, e atendia grande número de confissões, com pessoas que vinham de várias localidades.
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Cardel Steiner afirmou também, em outra ocasião: “a inocência, a pureza (da Bem-aventurada Benigna), abrirá o caminho para celebrarmos a Padre Cícero Bem-aventurado e depois santo”, mais um exemplo do que representa para a religiosidade do povo nordestino a figura do Servo de Deus Padre Cícero. Aos pés do tumulo do Padre Cícero Romão Batista, na Capela de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, um dos locais que concentra os devotos que cada dia chegam em Juazeiro do Norte (CE), o Cardeal presidiu a Santa Missa no 25 de outubro de 2022.
E ressaltou “é sempre uma alegria e um consolo podermos celebrar junto ao túmulo do Padre Cícero, ele que foi um homem fiel à Igreja, foi obediente, ele que sempre esteve juntos dos pobres, ele que nunca se esqueceu de dar uma palavra de consolo e de incentivo. Olhando para ele nós sabemos como viver o Evangelho”.
O representante pontifício na beatificação da primeira bem-aventurada do Ceará, disse ficar “sempre admirado com o Padre Cícero porque foi um homem obediente à Igreja. Não podia mais celebrar, ele aceitou, mas não deixou de ser padre, não deixou de abençoar, não murmurou, não atacou, não ficou violento, foi um homem de paz”. Dom Leonardo enfatizou que “suspenso das suas funções ele continuou fiel à Igreja, continuou fiel inclusive ao bispo”, descrevendo-o como “o homem da semente pequena, do grão de mostarda e do fermento. Ele soube se deixar levedar, ele soube se deixar transformar, e se tornou para nós um sinal, até poderíamos dizer se tornou para nós um verdadeiro alimento”, uma afirmação que cobra sentido quando se observa na fé que o povo nordestino tem no Padre Cícero Romão Batista.
Um santo popular na terra de Cariri
Em julho deste ano completaram-se 88 anos da morte do Padre Cícero. E em Juazeiro do Norte as tradicionais romarias celebram a memória do Servo de Deus. As homenagens que ocorrem todos os anos atraem milhões de fiéis à terra onde o padre faleceu, e que se tornou um local de peregrinação.
Invocado com fé há várias gerações que recorrem à intercessão do Padre Cícero para lhe suplicar graças e milagres, a população do Cariri e do Ceará espera pelo reconhecimento da santidade do Servo de Deus que já é invocado como santo pela devoção popular.
