Dom José Alberto Moura
O profeta Ezequiel faz uma comparação interessante da árvore que setorna produtiva: “Eu mesmo tirarei um galho da copa do cedro, do maisalto de seus ramos arrancarei um broto e o plantarei sobre um montealto e elevado… Ele produzirá folhagem, dará frutos e se tornará umcedro majestoso” (Ez 17, 22-23). Mesmo de um povo tão frágil e pouconumeroso, a promessa divina fez surgir o Messias, qual planta altaneiraprodutora de vida para o bem da humanidade.
Jesus deixou sua Igreja como continuação de sua presença salvadorana história humana. Qual árvore frondosa, ela tem potencial vitalizantecom os dons de Deus para a santificação das pessoas. O ser luz e sal épróprio de sua vocação, apesar de ser santa e pecadora. Mas prima pelaação de Deus, que faz do frágil um elemento produtor de vida. Algunsquerem seus membros como anjos, sem defeito. Quando o humano aparece,as pedradas nela lançadas são muitas, principalmente dos que nãoaceitam a proposta ideal de Jesus com seus desafios de geração de vidaperene. Mas, apesar de tudo, o ser da Igreja é baseado na ação divina.Quem tem fé amadurecida sabe distinguir o frágil das pessoas do ser eda ação da Igreja como tal.
O divino Mestre ensina sobre a vocação de quem trabalha do seureino: “É como quando alguém espalha a semente na terra. Ele vai dormire acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas elenão sabe como isso acontece. A terra, por si mesma, produz o fruto” (Mc4, 26-27). De fato, a natureza do reino já é fecunda pela força do Reie não pelo agricultor que nela planta e dela cuida. Quem faz germinar asemente é quem é dono da vida nela contida. É assim a força da Igreja,por mais humana que ela seja. Não é sem propósito a afirmação de Jesus:“As portas do inferno não prevalecerão contra ela”.
A fertilidade dessa árvore a faz espalhar semente por toda parte,mesmo se ela não for tão ágil. As sementes amadurecidas vão caindo deseus galhos e germinam onde o terreno for propício para o seudesenvolvimento. Quanto mais o cultivo se der, mais as sementes vãogerminando e multiplicando sua fecundação e produção de vida. Ascarências vitais do ser humano são muitas. Por isso mesmo, o Messiasinstituiu sua Igreja para ajudar a superar as carências humanas: faltade ética, de justiça, de respeito à vida, à dignidade humana, ao meioambiente, aos deixados de lado em termos de cidadania…
A consciência de ser Igreja leva a pessoa a amoldar-se diuturnamenteao Mestre, com a prática do serviço a quem precisa ser fecundado deesperança e paz. As bem-aventuranças são a carta modelo de estímulo aquem realmente quer aceitar as coordenadas do Salvador. Mesmo noenfrentamento do paganismo, do materialismo e do hedonismo, a pessoacrística mostra sua pertença à Igreja através de suas atitudescoerentes com sua fé. Nas famílias, nas profissões, na política, namídia e em todas as atividades humanas, quem é realmente membro daIgreja de Cristo tem comportamento coerente com sua pertença nela e ageconforme os ditames do Evangelho. Não separa o ser religioso do serprofissional.