Paulo de Tarso é uma das figuras mais importantes e emblemáticas do Cristianismo. Grande missionário e uma das “colunas” da Igreja, é um homem intenso, apaixonado, inteiro e profundo naquilo que faz. Diante dele é difícil se manter imparcial: ou se assume a sua perspectiva e se olha para a realidade cristã com seu olhar arguto e inquietante, ou se toma distância, suspeito e contrariado, como fizeram alguns na história teológica recente.
É indubitável, no entanto, o fato de que Paulo é um homem da Providência para o Cristianismo. Foi escolhido pelo Senhor, numa experiência quase que imediata com o Ressuscitado (cf. Gl 1,1): derrubado o velho Saulo por terra (cf. At 9,4), levantou-se um novo Paulo, cego, sim, devido à intensa luz contemplada, mas que na verdade passara a enxergar melhor a verdade sobre si e sobre Deus e Jesus Cristo.
Esse homem escolhido foi feito por Deus “apóstolo dos gentios”, pregador incansável do Evangelho e entre os primeiros teólogos cristãos: suas cartas não são só comunicação a respeito de coisas a serem resolvidas nas comunidades por ele fundadas, mas interpretação e atualização do mistério de Cristo, daquela mesma luz que ele contemplara a caminho de Damasco e que continuava a moldar a sua vida.
Estudar São Paulo, não somente suas cartas, mas também a sua figura, é de capital importância para entender o que é ser cristão no século XXI. Colocarmo-nos em sua escola, deixar que ele nos fale e ensine hoje, fará com que cresçamos no conhecimento de quem é Cristo e, sobretudo, será meio para que tenhamos uma experiência mais profunda e pessoal com a vida de Cristo como aquela que teve Paulo: é essa experiência, iluminada pela ciência da fé, que tem força para nos fazer viver por Cristo e para Cristo (cf. Fl 1,21).
É essa a proposta do mais novo curso do Instituto Parresia: estudar as cartas paulinas (percorreremos um itinerário abrangente), mas também a sua figura, e colher, de ambos os estudos, frutos de espiritualidade e orientações que possam nos guiar na vivência da fé no nosso cotidiano.
Recordemos, por fim, um texto do papa emérito Bento XVI, por ocasião da abertura do ano paulino de 2008, que corrobora a importância de um tal estudo bíblico-espiritual: “A sua fé (de Paulo) é a experiência do ser amado por Jesus de modo muito pessoal; é a consciência do fato que Cristo enfrentou a morte não por qualquer coisa anônima, mas por amor a ele, Paulo, e que, como Ressuscitado, ainda o ama, ou seja, que Cristo se entregou por ele. A sua fé é o ser atingido pelo amor de Jesus Cristo, um amor que o perturba profundamente e o transforma. A sua fé não é uma teoria, uma opinião sobre Deus e sobre o mundo. A sua fé é o impacto do amor de Deus sobre o seu coração. E assim esta mesma fé é amor por Jesus Cristo”.[1]
Referências bibliográficas
[1] BENTO XVI. Celebração das Primeiras Vésperas da Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo por ocasião da abertura do ano Paulino. <http://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/homilies/2008/documents/hf_ben-xvi_hom_20080628_vespri.html> Acesso em: 23 de novembro de 2020.
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