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Dom Orlando Brandes
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A cultura modierna privilegia o individualismo que não é omesmo que subjetividade. As tradições, normas e instituições entram em crise. A dignidade dapessoa não se confunde com subjetivismo, muito menos com arbitrariedade. Nossavocação é a de sermos irmãos para não morrermos como loucos. Vejamos algumasdas ditaduras da modernidade.
1. A ditadura dorelativismo. A expressão é de Bento XVI.A filosofia do relativismo, inverte valores, torna bem o que é mal, cultua oego, os gostos, os desejos, as satisfações e o bem-estar individual. Nega osvalores absolutos, a ética, as certezas, os rumos, as seguranças. Há uma“soberba filosófica” que leva cada um julgar-se absolutamente dono de suasdecisões, aceitando cada vez menos as orientações éticas. Impõe-se o clima depermissividade e sensualidade na lógica do individualismo. Não podemossacrificar a verdade objetiva, nem as normas éticas universais, para sermosescravos do relativismo.
2. A ditadura doesteticismo. Pessoas morrem por obediência ao esteticismo, ao culto do corpoesbelto, magro, bem ao gosto do figurino da moda consumista. Morre-se emcirurgias plásticas, lipoaspiração e jejum das pessoas escravizadas pelasregras e leis do “tipo modelo”. Como sofrem e até são excluídas as pessoas quenão correspondem às medidas de um corpo atraente. Todos querem ser magros emalham o corpo sob o comando da escravização da moda. Morre-se por causa daditadura da magreza. Cuidar do corpo é um dever e a beleza é reflexo de Deus,mas o esteticismo é um engano.
3. A ditadura dacultura homoerótica. As pessoas homossexuais devem ser respeitadas. Osassassinatos de pessoas gays é uma exarcebação do machismo, da discriminação edo abuso do preconceito. Todavia, a Proposta de Lei contra a homofobia, assimcomo está hoje em discussão, é um revanchismo exagerado. Que as pessoas comorientação sexual homoerotica têm direito à segurança jurídica e ao contratocivil, é uma coisa. Outra coisa, é o despotismo vigente no projeto contra ahomofobia.
4. A ditadurafiliarcal. O centro da família moderna hoje são os filhos. Crescem endeusados,sem limites e com poucos valores. Tornam-se onipotentes e depois delinqüentes.Os pais passam a ser reféns de suas crianças egocêntricas. Elas determinam oque comer, o que vestir, onde passear, o que comprar. São duplamente vitimas,do consumismo e filiarcalismo. O centro da família é o casal, não as crianças.Elas precisam do referencial paterno e materno. Criança folgada, crescerádescentrada, e dificilmente aceitará a disciplina, os limites e os valoresobjetivos.
5. A ditadura doconsumismo. A ideologia do bem-estar leva à busca da satisfação imediata, dodesejo de consumo, da criação de necessidades desnecessárias. A avidez domercado descontrola o desejo das crianças, jovens e adultos. Legitima-se que osdesejos se tornem felicidade. Os pobres são perdedores, explorados, excluídos,supérfluos e descartáveis. A desigualdade social é uma iniqüidade que precisaser superada. O consumismo nos trouxe a depredação da natureza, a desigualdadecada vez maior entre ricos e pobres, a ruína dos valores, as doenças típicas damodernidade.
6. A ditadura doindividualismo. Eu quero, eu sei, eu decido, são expressões do individualismo,da autonomia quando não da arbitrariedade subjetivista. A cultura doindividualismo confunde individualidade com subjetivismo. Para satisfazer osdesejos dos indivíduos temos a cultura do ter, a civilização do consumo, aética do agradável, o aumento do narcisismo que resumimos na palavra“hiperindividualismo”. A ditadura do individualismo rompe com a ética, com afamília, a religião, as instituições, as responsabilidades. Acontece então aprivatização da fé, a fragmentação da vida, a relativização dos valores. O bem,a verdade, a liberdade e o amor nos convocam à comunhão e à fraternidadesuperando a elevação do ego e seu endeusamento. Somos criaturas, precisamos dosoutros, comunhão é nossa vocação.