Formação

Assustador!

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Os que já atingimos e ultrapassamos a etapa dos 60 anos, dificilmente nos assustamos com os males que acontecem. Já vimos tudo: coisas boas, ações heróicas, gestos de nobreza e, do outro lado, crimes hediondos, traições, catástrofes físicas e morais, etc. “Nada de novo sob o sol” – diziam já os antigos.

Assim mesmo, não obstante a idade, levei um enorme susto que me chacoalhou, ao ler na revista Veja (edição 1.993 de 31.1.07) a pesquisa e o estudo sobre o conceito que a maioria dos entrevistados faz dos nossos políticos. Os adjetivos, com que estes são descritos, são quase obscenos: “desonestos, insensíveis e mentirosos”. Assustador! A gravidade desta visão depreciativa é que, sem Parlamento digno e atuante, não há verdadeira democracia. É só lembrar os cinzentos tempos dos governos militares de 64…

Esta depreciativa imagem generalizada sobre os políticos brasileiros se deve ao fato de recentemente terem eles tentado elevar desmesuradamente seus já altos salários. E mais: a comprovada existência, no Legislativo, de “sanguessugas” e “mensaleiros”, quase todos absolvidos pelos colegas, tanto assim que vários conseguiram reeleger-se para o novo mandato que ora se inicia.

Quem acompanha pelo noticiário os fatos diários não consegue entender nem justificar, entre outras mazelas, a discutível “verba indenizatória” de R$ 15.000,00 por mês, que cada parlamentar recebe como direito (!) para gasolina e viagens. Nem concordar com o fato de a semana parlamentar ser de apenas três dias. Inaceitável.

Há esperanças de melhora com o novo Congresso que se inicia? Dificilmente. É só ver na F.S.P. a entrevista do novo Presidente da Câmara no dia 3 pp.: sua primeira preocupação – disse ele – é o aumento do salário dos deputados! É verdade – e isto é uma tênue esperança – que um pequeno grupo de 30 deputados, entre os 513, começa a reagir, defendendo a independência do Legislativo diante do Executivo, e fugindo assim do “balcão de negócios”,

isto é, da troca recompensada de apoio nas decisões legislativas que sejam do interesse do Governo.

O desejo nosso, como eleitores, é que os novos membros do Legislativo assumam a nobre posição de independência, de operosidade, de dever cívico e, assim, melhorem o conceito do Poder Legislativo e sua eficiência, ressuscitando o passado, glorioso e respeitado, do Congresso Nacional. Podemos esperar?

Dom Benedicto de Ulhoa Vieira
Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Fonte: CNBB


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