Não sei sobre você (leitor), mas muitos chamam a Deus de mestre dos mestres, médicos dos médicos e outros nomes que são belos e profundos, mas eu chamaria de pedagogo dos pedagogos, e agora você deve estar pensando o que isso tem a ver com o título desse texto, mas continue lendo que você vai compreender.
Certo dia, por uma graça, comecei a rezar com a vida de Santo Estêvão e comecei a entrar na dimensão da sua vida em aspecto geral. Ele foi diácono, mártir, um dos apóstolos, a primeira oportunidade” de conversão de Saulo e tudo mais, porém sendo assim muito interessante, uma coisa comecei a meditar e que era gente de carne e osso, e tinha gostos, desgostos, personalidade, seu jeito de ser, seus dons, forma de pensar e agir. Estêvão não era um anjo ou alguém como Maria que por graça foi reservada de qualquer mácula de pecado, mas era um homem como todos os outros, e muito piedoso (isso por graça de Deus), tanto que no dia de sua morte pediu perdão por aqueles que o apedrejavam. O que digo aqui é que Estêvão era u homem piedoso antes mesmo de ser um discípulo de Jesus, e não deixou de ser após segui-lo, contudo, um dos aspectos não mudou: ser piedoso e pronto.
Penso que o exemplo de vida de Santo Estêvão não ficou tão claro para alguns leitores, então, trago alguém mais próxima de nós, da nossa vocação, digo: Teresa de Jesus. No início de sua vida, Teresa não tinha o que poderíamos chamar de “beata”, mas havia nela muitas características marcantes sobre sua personalidade, como seu protagonismo, determinação, ousadia e mais uma vez, determinação.
Santa Teresa, mesmo no Carmelo, não tinha uma vida de uma radicalidade, era algo meio confuso ainda até ter a sua experiência com a misericórdia em que todas as suas características foram potencializadas para o Céu; alguns exemplos simples que ela era muito ousada para conseguir o que queria, determinada para alcançar o que desejava e nunca ficava por trás sempre encontrando espaço para o seu protagonismo, após sua experiência com Deus ela não deixou de lado seus dons, personalidades e autenticidades, mas usou de sua ousadia para a reforma do Carmelo e ser fiel na vontade de Deus diante dos desafios, foi muito determinada para com todas as suas fundações e sua vida de intimidade com Deus, e o seu protagonismo como mulher diante dos conflitos da Igreja na sua época, e todos os seus escritos que levaram muitos ao conhecimento de Deus através da oração.
É claro que não vou negligenciar que ela foi uma mística e também doutora da Santa Mãe Igreja, mas afirmo também que foi humana e em sua personalidade buscou a vontade de Deus que a tornou santa sem perder seu jeito, gosto, talento, ou até mesmo quem era em si, Deus se utilizou até mesmo de sua inteligência para a escrita de livros, e muito bons livros.
Pronto! Dois santos que adoraram o mesmo Deus, seguiram o evangelho com os desafios de suas épocas distintas, e acima de tudo, não perderam sua personalidade ou quem eram em si. Estêvão e a perseguição dos cristãos, e Teresa, na reforma do Carmelo, contudo isso, buscaram uma única coisa: o Céu.
Afim, de esclarecer bem como Deus age em sua pedagogia, queria dar mais um exemplo, que é bem simples de se encontrar na bíblia, só começar a ler as suas cartas. Saulo que pouco depois torna-se Paulo, era um homem muito conhecido pelos cristãos por sua astúcia, sua autoridade sobre os homicídios dos mesmos, coragem e por parecer não ter limites para aquilo que lhe era ordenado, mas digo que também era um homem de um intelecto admirável. Quando Deus o chamou foi designado para a perseguição dos cristãos foi se convertendo a uma ação própria da pedagogia de Deus, que deu a origem da história da sua vocação (At 9, 1-19).
É bem claro o fato de sua conversão diante de todas as suas cartas aos povos romanos, comunidade de Corinto, hebreus, tessalonicenses e muitos outros. Sua astúcia que usada para a perseguição dos cristãos começou a ser utilizada para pontos estratégicos de evangelização; sua autoridade sobre a aprovação de homicídios tornou-se autoridade sobre o anúncio do Reino de Deus e da Salvação; sua coragem começou a ser utilizada para arriscar sua própria vida na evangelização; e como era muito obediente àquilo que era ordenado, foi usando dessa obediência no apostolado ao ponto de dizer: “Ai de mim, senão evangelizar” (1 Co 9, 16). Ah ! E sua inteligência admirável não vou explicar, mas gostaria que você pegasse para ler suas cartas que inspiram a vivência de uma decisão radical por Jesus Cristo.
De certo modo, busco dar a compreensão de que Deus tem uma pedagogia pelo qual nenhum homem encontrou uma via exata. Ele nos chama a ser santos sem mudarmos quem somos, sendo livres n’Ele, sendo quem somos, basta ver os 4 evangelistas, que descrevem Cristo em seus aspectos e cada um com sua visão, sua personalidade, não de uma forma relativista, mas de uma forma pessoal.
O que peço a você, é que deixe Deus usar de seus dons, talentos, gostos, tudo para Ele, pois não tira o nosso jeito de ser ou a nossa alegria, mas nos convence cada vez mais da felicidade n’Ele, basta confiar em Sua pedagogia que é perfeita e não precisamos deixar de ser AUTÊNTICOS para seguir a Cristo, somente deixar conduzirmos por Seus preceitos.
Deus abençoe, Shalom !
Pedro Rufino