Todas as vezes que me deparo com a página em branco do Word na tela do computador não tenho mais do que a ideia do título de um livro para indicar e logo me vem a necessidade de inspiração para escrever a resenha e a dica da semana.
Uma inspiração é como se fosse o estopim do processo criativo do ser humano, ou seja, para o sujeito criar alguma coisa, deve ir naturalmente às fontes de suas experiências vividas, por exemplo, em uma conversa com amigos, em um momento de oração (a inspiração por excelência), em um filme que assistiu e, é claro, nos bons livros que leu.
Partindo do pressuposto de que a inspiração é algo imprevisível, já que o cérebro humano não possui uma programação de funcionamento como a de um robô, quando começo a escrever não tenho a menor noção de como o texto vai terminar, ou até se vai terminar naquele momento.
Não é à toa que inspiração também significa o movimento que traz ar para dentro dos pulmões, pois quando realizamos esta ação mecânica de inspirar o oxigênio, todo o nosso corpo recebe os benefícios deste novo ar, afinal, respirar é um dos fatores que permite às nossas células continuarem vivas, como a inspiração de novas ideias mantém viva a nossa capacidade criativa.
Portanto, exercitar-se constantemente na leitura de bons livros é um hábito inspirador, trazendo nova vida ao cérebro, tal como a oração alimenta e conduz ao bom caminho a alma, e a comida saudável alimenta e fortalece o corpo, ler expande a capacidade criativa, a visão das realidades e impulsiona a dar novas soluções e respostas ao que nos é apresentado no cotidiano.
Assim, posso afirmar que a dica de leitura de hoje é um livro bastante inspirador: “A última ao cadafalso”, de autoria da escritora e poetisa alemã Gertrud von le Fort, doutora honoris causa pela Universidade de Munique.
O livro está separado em três partes: a primeira relata os fatos históricos e o contexto social e político da França na época da Revolução Francesa, para situar o leitor na trama; a segunda parte traz a novela em si, que tem como personagem principal a emblemática Blanche de la Force e seus dramas humanos e espirituais a fim de confirmar a sua vocação; já a terceira parte é um relato verídico e memorável do martírio das dezesseis freiras carmelitas de Compiègne, guilhotinadas em praça pública pelo simples fato de que quem rezava ou pertencia à Igreja era considerado uma grande ameaça aos ideais utópicos e equivocados daquela rebelião.
Não posso deixar de ressaltar aqui o pequeno epílogo deste livro, que considero umas das páginas mais marcantes e inspiradoras que li em toda a minha vida.
De fato, ler este pequeno livro é fazer a experiência de ter despertado dentro de si um desejo pelos altos ideais; um desejo nobre, não mesquinho; desejo de uma vida por inteiro, cheia de sentido, mesmo que com tantas lutas e desafios; é contemplar dezesseis vidas unidas à verdadeira vida – Cristo – que, subindo uma a uma ao cadafalso, cantando hinos ao Espírito Criador, foram capazes de calar uma multidão de rebeldes enfurecida, certamente, em sua grande maioria, sem nem saber o motivo de tanto furor, mas, com plena certeza, sendo arrastada dos alucinados gritos de ira até o total e respeitoso silêncio absoluto, diante do testemunho de perseverança final, coragem e eternidade que cada uma daquelas freiras demonstrou.
Se tal relato não for uma fonte de inspiração extraordinária, não sei mais o que seria.
Resumo da ópera: este é, com certeza, um livro que vale muito a pena ser lido.
Ficha Técnica
Origem: Nacional
Editora: Quadrante Editora
Coleção: VERTICE
Assunto: Literatura Internacional
Idioma: Português
Edição: 1
Ano: 1998
Peso: 0,24 kg
Nº de Páginas: 152
Boa leitura!