São Gaspar Bertoni foi um santo italiano do século XVIII, muito conhecido pelo seu trabalho com os jovens, especialmente os que estavam sem um horizonte na vida. Além de exímio pregador, ele também colaborou para a formação de jovens seminaristas e foi fundador da Congregação dos Sagrados Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Em seu trabalho no seminário, padre Gaspar desenvolveu um programa de instruções para os jovens acólitos que durou cerca de um ano, com encontros mensais para tratar de um pecado que vai, aos poucos, minando o amor que temos a Deus e à missão que Ele nos confiou. Dessas instruções surgiu o livro Acídia: vírus que mata o amor, que é a dica de leitura de hoje.
Podemos começar essa resenha dizendo o seguinte: o livro é fantástico e sua leitura é fundamental para compreendermos, identificarmos e superarmos essa condição de apatia espiritual que a acídia nos causa.
É importante falar sobre a acídia porque não é um tema muito conhecido pelos cristãos em geral e talvez possa até ser confundido com um quadro de depressão, que é uma doença psiquiátrica, enquanto a acídia (ou preguiça), é um pecado capital, desse modo, são condições que devem ser tratadas de formas diferentes.
A acídia geralmente ataca os religiosos ou missionários que, depois do período inicial de encantamento e entusiasmo pela obra de Deus, caem no desânimo, no cansaço e em uma apatia que causa danos enormes à vocação, sendo o cansaço vocacional, a perda da vocação e o enfado pelas coisas de Deus as suas principais consequências.
A partir desses primeiros argumentos, padre Gaspar começa a elencar algumas formas de manifestação da acídia, os danos que podem causar, os demais pecados que a acídia atrai (por ser um pecado capital, é a “cabeça” de outros vícios) e os meios pelos quais podemos vencer tal condição, sobretudo, através do perdão divino e a retomada paulatina do entusiasmo da vida consagrada por amor a Deus.
No fim de cada capítulo, São Gaspar ainda nos oferece uma oração de súplica, para que Deus nos socorra em nossa luta contra a acídia e também algumas dicas simples e preciosas que podem nos ajudar a vencer esse pecado capital, as quais ele chama de “terapia”, por exemplo: fugir dos pequenos pecados, imitar os santos, começar a fazer algo de bom e perseverar, buscar disciplina e empenho constante, não se deixar abater pelas dificuldades e pelo medo e permanecer firme na confiança em Deus.
Por fim, terminamos a dica de hoje com um trecho de uma das orações que São Gaspar escreveu a respeito do amor, sustento que possibilita a vida missionária:
“Senhor, me ajude a colocar o amor acima de tudo. É o amor que liga todas as virtudes, em um conjunto harmonioso. É o amor que faz executar com perfeição cada ação. É o amor que protege, reforça, vivifica a série infinita de graças que é a vocação. O amor é a alma da observação das normas e da vida comunitária. O amor é feito de atenção às pequenas coisas, é feito de minúcias, de pormenores. Senhor, é estranho, mas, com o passar dos anos, ao invés de crescer no amor, tendo a ‘afrouxar’. Isto é, diminuir a intensidade do empenho e a realizar meus deveres por hábito ou com relaxamento. ‘O amor que arranca os cabelos já desapareceu, resta apenas algum lânguido afago e um pouco de ternura’, como diz o cantador. Que as suas palavras sejam uma benéfica sacudida e que também eu, como você, faça bem cada coisa”.
Boa leitura!