Hoje vamos falar um pouco a respeito da importância das boas leituras espirituais para quem deseja realmente um aprofundamento na fé.
Enquanto escrevia a primeira frase, me vinha à memória a figura de uma árvore sendo fustigada por uma ventania. Enquanto as folhas secas eram arrancadas e levadas ao sabor do vento, as folhas verdes resistiam, fixadas de modo vigoroso aos galhos.
A vida cristã, desde os primórdios da Igreja, pode ser comparada a imagem desta árvore que sofre a ação do vento. Ao longo do tempo, passamos por tantas perseguições, heresias, ondas de falsas doutrinas e tantos outros ataques à fé, que realmente permanece somente quem está bem preso à árvore, através da oração e da formação.
São João Paulo II dizia que fé e razão são como as asas de um pássaro. Este só consegue alçar voo caso as duas estejam funcionando em perfeito estado.
Se olharmos para a vida dos santos, podemos perceber que muitos tinham uma certa inquietação para compreender como se dava a ação divina que experimentavam em si. Recordemos, por exemplo, Santa Teresa de Ávila em suas direções espirituais, sempre desejosa de descobrir como Deus, em sua grandeza, habitava em sua alma. E como estes santos obtinham respostas? Certamente, rezando, aprofundando-se na Doutrina Católica e com boas leituras espirituais.
Há também o testemunho de Elisabeth Leseur, Serva de Deus francesa, que desde criança cultivava a fé, mas, ao casar-se com Félix Leseur, médico e jornalista agnóstico e avesso à Igreja, este passou a dar-lhe livros que atacavam a fé e a Doutrina católicas, desejando persuadi-la a seguir os seus pensamentos anticlericais. Todavia, Elisabeth, compreendendo as intenções do marido, passou a combater tais investidas buscando ler autores como São Jerônimo, São Tomás de Aquino e a própria Santa Teresa D´Ávila.
Para encurtar a história, após um período de enfermidades, Elisabeth veio a falecer e o marido, após encontrar o seu diário e o seu testamento espiritual, repletos de orações por sua conversão, acabou tornando-se frei dominicano alguns tempo depois.
Ele assim relata: “Depois de sua morte, quando tudo parecia acabado para mim, achei o testamento espiritual, que redigiu em minha intenção, e, por indicação de minha cunhada, seu diário. Mergulhei nessa leitura, li, reli e uma revolução operou-se em todo meu ser moral. Compreendi a beleza celeste daquela alma, que aceitara seus sofrimentos, os oferecera, mais até, que se oferecera e sacrificara principalmente por minha conversão. Pouco a pouco, se abriram os olhos da fé. Senti Elisabeth, na aparência desaparecida, no entanto guiando-me. Elisabeth me conduzia à verdade, e continua, bem o sinto no meu íntimo, a sustentar meus passos para uma união ainda maior com Deus”.
Assim, a dica de hoje será de um livro espiritual chamado O dom de Si, escrito pelo padre redentorista Joseph Schrijvers, publicado pela Editora Quadrante.
Apesar de fininho, o livro é de uma clareza e profundidade impressionantes, tratando a respeito do dom de si como a vida de abandono em Deus.
Dividido em três partes – Os princípios do dom de si; Prática do abandono e as consequências do dom de si – o livro nos leva a uma reflexão forte a respeito do que é a oferta de si mesmo, de como vivê-la em nosso cotidiano e de suas consequências em nossas vidas. Destes, o capítulo que fala a respeito da vida de dedicação é imperdível.
Por fim, resta apenas dizer que este é um livro que vale muito a pena e que, com certeza, nos auxiliará a dar passos mais concretos rumo à santidade, no desejo de sermos constantemente revigorados, permanecendo firmes na fé.
Ficha de Leitura
Autor: Joseph Schrijvers
Editora: Quadrante
Páginas: 160
Boa leitura!
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