Quando nos propomos a ler um livro, precisamos estar preparados para boas e más surpresas. Nem sempre a capa, a autoria ou a espessura são garantias de que a obra é boa ou ruim.
Tem gente que compra o livro pela capa. Não se pode negar que uma arte bacana e a escolha acertada dos títulos e cores fazem diferença e atraem os olhos dos leitores para determinados livros nas prateleiras das livrarias, entretanto, infelizmente, o que vemos é que tem muita gente levando gato por lebre, só porque um livro teve a sorte de ter sido editado por algum profissional midiático mais competente do que quem escreveu o conteúdo em si.
Há outro critério de escolha que é bem controverso: uns têm preconceito com livros finos, por achar que não terão conteúdo suficiente que vale a leitura; outros, com livros grossos, por acreditar que não vale o esforço de permanecer na mesma leitura por muito tempo, ou mesmo por preguiça de ler calhamaços como Os irmãos Karamazov ou Guerra e Paz, ambos, excelentes obras, diga-se de passagem.
Quanto à autoria, partindo do pressuposto de que a maioria dos autores passam a ser realmente reconhecidos como bons somente depois de sua morte, e que, mesmo reconhecidos, ainda são capazes de terem escrito obras ruins, este também é um critério questionável. Por outro lado, há muitos autores atuais bons que não vendem tanto e outros que vendem muito, apesar da péssima qualidade de seus best sellers, que vendem como água, mesmo que tenham uma consistência extremamente líquida, portanto, é outro critério altamente falível.
A dica de hoje, porém, traz uma boa surpresa, vinda de um livro fininho e despretensioso, de um autor talvez não muito conhecido no Brasil, mas que é um clássico russo. Trata-se de Um homem extraordinário e outras histórias, de Anton Tchekhov.
Podemos chamar Tchekhov do “primo” menos conhecido de Dostoiévski e Tolstói, respectivos autores dos livros citados dois parágrafos acima, porém, não perde em nada em criatividade, talento e sensibilidade para descrever o psicológico do ser humano, em relação aos outros dois grandes russos.
O livro em questão é uma coletânea de contos de Tchekhov. Os contos eram sua especialidade e retratam a atmosfera da Rússia rural do século XIX, bem como, as percepções do autor a respeito da vida humana, com seus sentimentos, desejos e questões fundamentais. Os temas giram em torno da compaixão, angústia, solidão, a ação do tempo e outras questões do cotidiano. Sua percepção aguçada e sensibilidade para descrever o que se passa no interior da humanidade arrancou elogios de Tolstói, ao chamá-lo de “um incomparável artista da vida”.
Resumindo, este livro é fininho, o autor não muito conhecido pela maioria dos brasileiros (apesar de todo o talento que traz) e não possui uma capa tão atraente assim (pelo menos na versão da L&PM Pocket, a qual tive acesso), mas é, de fato, uma leitura imperdível e que vale muito a pena.
Ficha de Leitura
Idioma: Português
Capa comum: 176 páginas
Editora: L± Edição: Edição de bolso
Boa leitura!