Ele é um bom pianista. É um papa de palavras, mais do que de gestos. Mesmo brilhante cardeal, a escolha de Joseph Ratzinger foi uma surpresa para muitos, que o encaravam como guardião da ortodoxia. “Foi um papa (in)esperado”, resume o jornalista António Marujo, autor de Bento XVI – Um perfil biográfico, lançamento de Paulinas Editora.
Em 20 de abril de 2005, um dia após o conclave que elegeu Joseph Ratzinger para comandar a Igreja Católica, algumas notícias em Roma pareciam indicar um aroma de mudança no ar. Os próprios participantes do conclave, os cardeais, se surpreenderam com a escolha do nome. Esperavam o óbvio: João Paulo III, o que marcaria uma gestão em linha com os pontificados anteriores, especialmente o de Karol Wojtyla.
O nome escolhido por Ratzinger, “Bento XVI”, assinalou imediatamente uma ruptura, uma vontade de marcar a diferença. Dois dias depois de eleito, explica, primeiros aos cardeais e mais tarde ao público, a escolha do nome, advindo de uma dupla inspiração: são Bento, padroeiro da Europa, e Bento XV, que guiou a Igreja durante a I Guerra Mundial.
Às vésperas do segundo aniversário deste pontificado, é ainda prematuro adivinhar o que Bento XVI fará. Neste perfil biográfico, Marujo tenta inferir, a partir dos sinais mais evidentes nos primeiros doze meses de atuação do líder da Igreja Católica, pelo seu estilo reservado e discreto, pelos textos marcantes e casos polêmicos, o que ele pode significar para o futuro, não apenas do pontificado, mas da própria Igreja Católica e dos cristãos.
A partir de pesquisas dos documentos oficiais amplamente citados e do que o próprio papa foi dizendo e fazendo, o autor, “sem omitir o olhar jornalístico de quem escreve”, procura evidenciar as formas sutis pelas quais o cardeal Joseph Ratzinger procurou imprimir a seu pontificado as linhas mestras da própria vida e pensamento.
Bento XVI – Um perfil biográfico de António Marujo
Paulinas Editora
Fonte: CNBB