Dom José Alberto Moura
Com frequência, vemos pessoas em busca de cura dos males físicos emateriais. Religiões se movem nessa direção. Promessas por várioslíderes são feitas, em nome da fé e mesmo com interesses de vantagensmateriais para si, usando da carência e da boa fé das pessoas. Muitascuras acontecem pela motivação psicológica. Outras, por verdadeiraconfiança em Deus. Milagres acontecem. Deus os pode fazer e faz commuita frequência. No entanto, a cura física, psíquica e de efeito ouvantagem material não significa necessariamente a solução dos maioresmales. Um deles é justamente a fixação nos interesses pessoais e napouca realização do projeto de Deus.
Jesus realizou inúmeros milagres para ajudar as pessoas necessitadasa confiar nele e seguir o seu caminho. Nem sempre o povo O seguiaporque Ele era o Messias, e sim por interesses pessoais. Ele mesmolembrou-lhes isso. Mesmo se o ser humano tiver boa saúde e tudo o quequiser na ordem material, mas não acumular tesouro para a vida eternavai adiantar pouco. “O que adianta a pessoa ganhar o mundo inteiro sevier a perder a vida?”. O tempo presente é importante e deve serdesenvolvido com boa qualidade para todos. Na sociedade, elitesprivilegiadas têm demais, até com salários astronômicos e sãoinsaciáveis, inclusive na coisa pública. Maiorias sofrem sem terem onecessário para viverem com dignidade. Mas tudo deve ser usado comrelatividade e em vista do sentido pleno da vida, dando base à subidapara a vida eterna feliz. Nessa direção, seguir o Mestre é fundamental.
A Teologia da Prosperidade assenta base no reverso do projeto divinoa nosso respeito. Deus ficaria a mercê da realização humana, promovendoseu bem estar como finalidade de tudo na vida terrena. A riquezasignificaria a bênção divina. Os pobres, os párias, os sem nada são oscoitados e desprezados por Deus, além de desqualificados pelos sereshumanos-desumanos. Ao contrário: a verdadeira prosperidade está naconquista de dignidade, através da doação de cada em bem do semelhante.A riqueza material, o desenvolvimento econômico, científico, cultural,psíquico, tecnológico e moral ajudam o ser humano a conquistar suadignidade. Isso, bem usado como serviço ao bem comum, vale como méritopara a conquista da vida eterna feliz. Deus vem a nós, humilde, pobre,simples e cheio de amor, misericórdia e bondade, para nos elevar àdignidade de filhos de Deus.
Imitando-O na pobreza do ser, cheio da riqueza de Deus, cada pessoahumana vai usar de tudo para uma vida de qualidade, mas na posse do tercomo relativo. Dessa forma, o ser humano, esvaziado do orgulho, nãocoloca o que é material o principal na vida. Usa disso para realizar obem de todos, com uma vida simples, sem ostentação, vaidade e injustiçaem relação aos que nada têm. Uma coisa é miséria, combatida por Deus.Outra é a pobreza, conforme o próprio Jesus fala no Evangelho.“Bem-aventurados os pobres em espírito”. A riqueza material é boa, masusada com este sentido de pobreza do ser diante de Deus. Quem vive essapobreza, usa das qualidades e riquezas para o serviço ao semelhante. Oacúmulo de riquezas na prática egoísta tira o valor da dignidade dequem a usa desse modo.
Quem não quer a cura dos males? A maior delas é a cura dapersonalidade, para ela produzir vida de qualidade para cada um. Apanaceia da cura, usada às vezes teatralmente para impressionar osoutros, faz-nos ter compaixão das pessoas enganadas com a prática dasugestão psicológica e pressão moral como meio de extorsão material amuitos, a despeito da focalização da religiosidade. Mesmo na basebíblica, os dons, inclusive o da cura, estão sujeitos ao dom do amor.Este faz a pessoa tornar-se solidária com os outros (Cf. 1 Cor 13).