Como conciliar a vida de oração, família e trabalho? Eis a pergunta de um milhão de dólares! É brincadeira, essa pergunta obviamente não vale um milhão de dólares, vale mais, vale a sua vida. Eu tenho duas respostas, um curta e uma longa. A curta é só Deus sabe, e a longa também, mas vamos refletir sobre o caminho que nos levará a essa resposta.
Diante de nós se apresentam uma infinidade de tarefas que disputam a nossa atenção e o nosso tempo, muitas delas são justas e até mesmo sagradas, como a dedicação no trabalho, o serviço ordinário das atividades domésticas e o cuidado com a vida interior. Podemos nos sentir divididos tendo que dar conta de tudo, até o ponto que sofremos por não conseguir conciliar tudo que a Divina Providência nos apresenta a cada dia.
Essa agitação pode nos tirar do controle da nossa vida, e passamos então a responder apenas às necessidades que gritam a sua urgência, como fazem as realidades de trabalho que pressionam por resultados, relatórios, vendas, horários etc. e como exigem as realidades de casa da família, com a educação dos filhos, a saúde, compras de supermercado, higiene etc. Nesse turbilhão, corremos o risco de esquecer da vida de oração, lugar que dá centro e ordena as tempestades.
Marta x Maria
Uma tensão semelhante é apresentada pelo Evangelho, entre Marta e Maria (Lc 10,38-42). Marta acolhe Jesus em sua casa e se agitava em múltiplos serviços, enquanto Maria se põe a escutar Jesus. Marta e Maria são símbolos da vida ativa e da vida contemplativa, formas complementares da experiência cristã. O que quero dizer, é que não é possível se dividir em várias tarefas, falamos em vida de oração, vida familiar e trabalho, de maneira separada apenas para compreender que se trata de realidades diferentes, mas a vida é uma só.
Não existem 3 “eus” (um que reza, um que trabalha, e um pai de família), mas apenas um que reza, trabalha e é pai de família, e essas realidades não me dividem, mas que fazem a síntese da minha vida.
No trabalho eu me dou por inteiro, na minha família eu me dou por inteiro e na minha oração eu me dou por inteiro. Maria e Marta não se opõem, se complementam. Os chamados que Deus nos faz a cada dia devem encontrar dentro de nós um lugar de harmonia que potencializa a nossa doação de vida.
Como conciliar tudo?
Feita a reflexão, voltamos a pergunta: como conciliar vida de oração, família e trabalho? E voltamos a resposta: só Deus sabe. Então, essa harmonia que põe ordem essa aparente dispersão é conhecida apenas por Deus, precisamos então recorrer a Ele. Jesus, no Evangelho, diz que Maria escolheu a melhor parte, a escuta d’Ele. O lugar, o tempo, a atenção mais privilegiados devem ser dados à oração. Não somente porque é a melhor parte, que é o lugar onde encontramos a Jesus, o nosso tudo, mas também porque é a única possibilidade dessa conciliação. Colocando Deus no centro, tudo mais vai se encaixando e tomando seu devido lugar e sua devida importância, nem mais nem menos.
Devemos, pois, nos esforçar para deixar Deus ocupar esse lugar central na nossa vida. E Ele generosamente nos dispõe dos instrumentos que nos ajudam nesse caminho, como a participação na Missa e nos demais sacramentos, o auxílio dos irmãos em um grupo de oração, e é claro O Congresso da Famílias Shalom!
Desejo, então, que você encontre a resposta para essa pergunta na sua vida de oração e com sua família, trabalhando sobretudo, junto Àquele que pode respondê-la. Reze por mim, Shalom.
Janio Gomes de Lima