Muitas descobertas que foram feitas pelo homem ao longo dos milênios vieram por meio da repetição. A repetição estimula a criatividade e a imaginação. Ela é a mãe da aprendizagem e da absorção de conteúdo. “É através da repetição que memorizamos e colocamos uma nova habilidade em nosso “piloto automático”” (Maurílio Barboza Consultor Estratégico e Coach de Negócios). Mas afinal como rezar os Mistérios Dolorosos?
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Esse exercício contribui para que uma competência inconsciente se torne consciente. Contribui ainda para que valores e motivações escolhidas sejam fortalecidos e postos em prática. A equação é simples: quem se exercita no bem, se fortalece e se habitua ao bem. Quem se exercita no mau, se habitua e se fortalece na prática do mau. Com o tempo, os valores e atitudes escolhidas e exercitadas na repetição serão praticadas de modo quase automático e inconsciente.
Quis introduzir com essas observações para que entendamos melhor o sentido e o papel da repetição e memorização de cada uma das orações do Santo Rosário, bem como a importância da concentração, atenta em cada uma das cenas bíblicas sugeridas por eles.
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A seguir, então, apresentaremos de modo breve, cada um dos mistérios desse bendito e santo aparelho espiritual da graça presente na Igreja. Ressalto ainda que a meditação frutuosa do Rosário exige perseverança e concentração, desejo então que a leitura de cada tópico, seja um exercício introdutório para esse bendito propósito. Deus te abençoe sempre, Shalom!
1º Mistério Doloroso: A agonia de Jesus no Horto das Oliveiras
A intercessão na agonia é uma experiência de amor. Medo, ansiedade e dor são experimentados por todas as pessoas em momentos de grandes e ameaçadores perigos. Quando estamos sofrendo, com medo, parece que não conseguimos pensar em nada, a não ser na dor e nos perigos que nos ameaçam. Nosso objetivo é fugir e nos livrar da agonia a qualquer custo. Em outras palavras, o “EU” torna-se o centro das atenções de quem está sofrendo. Aqui nesse momento dos Mistérios Dolorosos do Rosário, vemos como mergulhar na profundidade e intensidade do amor de Jesus por mim e por você. Olhe o que Ele faz e pede ao Pai num momento tão decisivo e doloroso:
“Retirou-se Jesus com eles para um lugar chamado Getsêmani e disse-lhes: “Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar. E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Disse-lhes, então: Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo. Adiantou-se um pouco e, prostrando-se com a face por terra, assim rezou: Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice! Todavia não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres” (Mateus 26, 36-39).
Veja que lindo, Ele expressa com clareza sua dor, seus medos, mas no final de sua oração faz esse impactante e amoroso pedido: “Todavia não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres” (39). Em momentos de dor, de confusão, duvida e desespero, é consolador estarmos acompanhados de pessoas que nos amam e que mesmo em silêncio parecem nos dizer: “Conte comigo, estou aqui!” Porém, nem isso Jesus teve, sua dor parecia invisível, mesmo por aqueles que o seguiam e diziam ama-lo. Tanto que eles dormiam tranquilamente.
“Foi ter então com os discípulos e os encontrou dormindo. E disse a Pedro: Então não pudestes vigiar uma hora comigo… Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mateus 26, 40-42).
A oração e a súplica de Jesus era intensa, como intenso, doloroso e decisivo era o momento que se aproximava, porém o amor fazia com que o Mestre permanecesse indissolúvel e irredutível:
“Afastou-se pela segunda vez e orou, dizendo: Meu Pai, se não é possível que este cálice passe sem que eu o beba, faça-se a tua vontade! Voltou ainda e os encontrou novamente dormindo, porque seus olhos estavam pesados. Deixou-os e foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras. Voltou então para os seus discípulos e disse-lhes: Dormi agora e repousai! Chegou a hora: o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores… ” (Mateus 26, 42-45).
Sempre que meditarmos e contemplarmos esse mistério, supliquemos a Deus, em nome de Jesus e por intercessão de tantos santos, que não fugiram, não se esquivaram, mesmo envolvidos pelas grandes e dolorosas provas da vida. Assim seja, amem.
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2º Mistério Doloroso: Flagelação de Nosso Senhor Jesus Cristo
Meus pecados o torturam, minha conversão sincera o consola. Você tem ideia do que Cristo sofreu na Cruz, por amor a você e de como foram intensas suas dores? Alguns estudiosos procuraram responder a essa pergunta. Para isso, foi feito um trabalho conjunto entre teólogos, historiadores, médicos e psicólogos. A lista de sofrimentos era gigante: vertigens, cãibras, fome profunda, falta de sono, febre traumática… Tudo potencializado pelas gigantes dores emocionais, resultante do desprezo e do medo. Grandes eram as zombarias, o constrangimento e a vergonha que sofreu. Por isso, vejamos como aconteceu esse momento dos Mistérios Dolorosos:
“Pilatos mandou então flagelar Jesus. Os soldados teceram de espinhos uma coroa e puseram-na sobre a cabeça e cobriram-no com um manto de púrpura. Aproximavam-se dele e diziam: “Salve, rei dos judeus!”. E davam-lhe bofetadas” (Jo 19, 1-3).
Entre as várias reações físicas, previsíveis devido à perda de sangue e o suor excessivo, Jesus estava, provavelmente, com uma grande desidratação e muita sede. Quem está sentido muita dor, um simples sopro sobre as feridas é um imenso alívio. Quem está com muita sede, basta uma gota de água para aliviar.
“Depois, vendo Jesus que tudo já estava consumado, para se cumprir a Escritura, disse: Tenho sede!” (João 19, 28).
A sede física de Jesus era gigante, é verdade, porém, maior do que a sede física, era a sede que Ele tinha das almas daqueles homens e eles de Jesus. Nesse momento dos Mistérios Dolorosos, imagine como Jesus o ama pergunte a Ele: “Senhor, como eu posso aliviar a sede do seu coração?” Entre outras coisas, Ele responderia: “Evangelizando! Fazendo com que mais e mais corações indiferentes e distantes me conheçam”.
Peçamos, então, a Deus, nessa dezena do Santo Rosário, sempre que a rezarmos por tantos e tantos corações que não o conhecem. Peçamos ainda por todas as iniciativas de evangelização da Igreja e da Obra Shalom.
3º Mistério Doloroso: A coroação de espinhos de Nosso Senhor Jesus Cristo
A coroa de espinhos é o símbolo do Rei que se abaixa. Em todos os povos e culturas humanas, foi se criando símbolos que identificavam a raça, a função e o papel que uma pessoa desempenhava na região. Entre esses símbolos, um que sem dúvida tornou-se popular é a coroa. O simbolismo da coroa baseia-se em três fatores principais: o local do corpo onde é colocada, sua forma em círculo e o material de que é feito.
Esse objeto é colocado na cabeça, simbolizando, o poder, domínio, sabedoria e controle sobre os outros. Normalmente são feitas de ouro e diversos outros materiais caros e preciosos, símbolo de riqueza material e ostentação. Esse ato dos torturadores de Jesus, foi feito e motivado pelo desejo de o humilhar, porém acabou na verdade profetizando para a humanidade o sentido profundo de sua realeza e missão sacerdotal. O sentido e a razão de tudo o que Jesus fez e suportou foi o amor comprometido com a nossa salvação.
Essa coroação, com a pretensão de o humilhar, foi na verdade um ato profético, que expressou a essência mais profunda da identidade de Deus em Jesus, bem como a alma de sua missão. A alma da missão de Jesus é o amor. Para meditar essa parte dos Mistérios Dolorosos, leia como Jesus disse:
“Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor vem de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor” (1 João 4, 7-8).
Na lei desse Rei que é coroado de modo tão humilhante pelos homens, poder é oportunidade de amar e servir, força é oportunidade de amparar e carregar os mais fracos. Perder por amor, na verdade, é ganhar. Nesse hora dos Mistérios Dolorosos, vemos como devemos pedir a Jesus, por intercessão de sua Mãe, a doce Virgem Maria, a graça de que nossa profissão, nossos círculos de relações familiares e fraternas, nossa presença na Igreja, sejam oportunidade de servir e amar.
4º Mistério Doloroso: Nosso Senhor carregando a Cruz a caminho do Calvário
O peso da Cruz foi proporcional aos meus pecados. Enquanto Jesus carregava a Cruz, os soldados açoitavam repetidamente e com toda força, suas costas. Os golpes causavam profundas contusões e hematomas. As cordas de couro com os ossos de ovelha rasgavam sua pele e o tecido celular subcutâneo. Junto com esses açoites e lacerações, seus músculos fatigados gritavam e tremulavam com o peso do grande objeto de madeira em suas costas.
Como se não bastasse esse peso, foi ainda colocado sobre sua cabeça, com tom de sarcasmo e deboche, uma coroa de espinhos. Na Palestina há vários arbustos espinhosos, que poderiam servir para este fim: O Zizyphus ou Azufaifo, chamado Spina Christi, de espinhos agudos, longos e curvos. Porém, mais afiados e agudos do que esses espinhos, mais pesado do que o grande objeto de madeira, era o pecado, o deboche, a maldade e a indiferença do povo. A meditação nesse momento dos Mistérios Dolorosos deve nos provocar a reflexão de como estamos vivendo e nos levar a uma profunda revisão de vida.
Enquanto você lê essas palavras, ou medita esse mistério, faça um profundo balanço pessoal e existencial de vida, identifique e aproprie-se de novo daqueles valores essenciais de fé que foram sendo esquecidos pela tibieza ou mesmo pelo cansaço. Que esse mistério te possibilite e motive a desenvolver uma agenda de vida mais consistente com sua vocação de: batizado(a), de pai, de mãe, etc… construindo um legado que transcenda aos limites do tempo e do espaço neste mundo, jogando fora de modo decisivo os pecados, que Jesus carregou e destruiu na Cruz, por amor a você.
5º Mistério Doloroso: A Crucifixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo
Não há maior amor do que dar a vida a favor do outro. A crucificação, no império Romano, era uma prática terrível. As vítimas eram amarradas ou pregadas em uma viga de madeira e pendurada durante vários dias até a eventual morte por exaustão e asfixia. Estudos atribuem esse método de tortura aos Persas, que depois foi levado no tempo de Alexandre para o Ocidente e praticado a exaustão pelo Império Romano. A essa terrível punição, combinavam os elementos de humilhação, vergonha e tortura, por isso a sentença de crucificação era vista com profundo horror.
Os condenados a essa pena eram despojados de suas vestes, depois torturados duramente diante de todos. Muitas vezes, familiares e outros condenados eram forçados a assistirem ao espetáculo de tortura. Os soldados fixavam no corpo dos torturados: pregos, pedaços de ossos, fibras de madeira e coisas semelhantes. Por vezes a tortura, o açoitamento, era tão forte que o flagelado morria em consequência dos açoites, antes mesmo de ser crucificado. Daí podemos ver como Jesus o Deus feito homem foi persistente e forte, Ele a carregou até o fim. Sua força era resultante de seu amor perfeito por mim e por você.
“Aquele que tem um ‘porquê’ para viver pode suportar quase qualquer ‘como’” (Friedrich Nietzsche). A força presente na humanidade de Cristo era sua capacidade de amar. Entre uma Ave Maria e outra, faça memória dos grandes ou pequenos sofrimentos que você traz. Depois entre suspiros de fé e decisão, suplique a Deus que gere e fortaleça o amor no seu coração.
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para quÊ citar Nietzsche em momento de reflexão cristã? Citem São Tomás de Aquino, citem Santo Agostinho, até mesmo Pe. Paulo Ricardo, mas citar um ATEU não foi legal.
Do mesmo modo que o errado é errado, o certo, também é o certo, independente de quem o fale.
Talvez tenha sido citado Nietzsche porque a religião tem que elevar o homem… O conhecimento empodera… E Cristo veio para os imperfeitos! Os perfeitos já estão salvos! Não precisam se incomodar com simples citações!
Citar Nietzsche, um ateu?
Mas o texto ajuda bastante, obrigada.
Muito bom, saber como verdadeiramente contemplar esse mistério…Muito obrigada 🙏👏🏻👏🏻👏🏻