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Como meditar os Mistérios Luminosos do Santo Rosário?

Quando você meditar esse mistério do Santo Rosário, respire fundo, olhe ainda que por um instante para sua vida, permita que seus olhos se abram, para que você reconheça Jesus.

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Muitas descobertas que foram feitas pelo homem ao longo dos milênios vieram por meio da repetição. A repetição estimula a criatividade e a imaginação. Ela é a mãe da aprendizagem e da absorção de conteúdo. “É através da repetição que memorizamos e colocamos uma nova habilidade em nosso “piloto automático”” (Maurílio Barboza Consultor Estratégico e Coach de Negócios). Mas afinal como rezar os Mistérios Luminosos?

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Esse exercício contribui para que uma competência inconsciente se torne consciente. Contribui ainda para que valores e motivações escolhidas sejam fortalecidos e postos em prática. A equação é simples: quem se exercita no bem, se fortalece e se habitua ao bem. Quem se exercita no mau, se habitua e se fortalece na prática do mau. Com o tempo, os valores e atitudes escolhidas e exercitadas na repetição serão praticadas de modo quase automático e inconsciente.

Quis introduzir com essas observações para que entendamos melhor o sentido e o papel da repetição e memorização de cada uma das orações do Santo Rosário, bem como a importância da concentração, atenta em cada uma das cenas bíblicas sugeridas por eles.

A seguir, então, apresentaremos de modo breve, cada um dos mistérios desse bendito e santo aparelho espiritual da graça presente na Igreja. Ressalto ainda que a meditação frutuosa do Rosário exige perseverança e concentração, desejo então que a leitura de cada tópico, seja um exercício introdutório para esse bendito propósito. Deus te abençoe sempre, Shalom!

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1º Mistério Luminoso: O Batismo de Nosso Senhor Jesus Cristo

Na primeira dezena dos mistérios luminosos do Santo Terço, contemplamos um significativo acontecimento: o Batismo de Jesus. Para entender com profundidade esse gesto do Filho de Deus, de se deixar batizar por João Batista, precisamos nos inteirar do significado que esse gesto tinha na cultura judaica.

O Rio Jordão era provavelmente um dos rios mais importantes do Oriente Médio, ele se localizava entre Israel, Jordânia e em várias outras partes da região Palestina, mas alcançava também partes da Síria. Trata-se de uma região antiga, cenário de outros eventos não apenas bíblicos, mas também históricos.

Devido ao seu simbolismo e importância diversos batizados são, até os dias de hoje, realizados em suas águas. Confira essa passagem, onde ele aparece no evangelho.

“Então ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão; E eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados” (Mateus 3, 5-6).

Jesus então se dirige a essa localidade e realiza um ato profético, deixa-se batizar por João. Alguém poderia se perguntar: Por que Jesus se fez batizar? Ele não já possuía todo o respaldo messiânico de enviado do Pai? Esse questionamento foi feito também por João Batista a Jesus:

“Então Jesus veio da Galiléia ao Jordão para ser batizado por João. João, porém, tentou impedi-lo, dizendo: “Eu preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?” (Mateus 3, 13-14).

Diante da pergunta do confuso João, olha só o gesto de Jesus: “Deixe assim por enquanto; convém que assim façamos, para cumprir toda a justiça”. E João concordou. Assim que Jesus foi batizado, saiu da água. Naquele momento o céu se abriu, e ele viu o Espírito de Deus descendo como pomba e pousando sobre ele. Então uma voz dos céus disse: “Este é o meu Filho amado, em quem me agrado” (Mateus 3, 15-17).

Gosto sempre de recordar que Jesus não era um pregador que se contentava apenas com discursos. Esses personagens apenas tagarelas, faladores, já havia muito entre judeus, gregos e romanos da época. Nos mistérios Luminosos vemos como Jesus sempre relacionava a fé e a obra, o discurso e a prática.

Para cada discurso e ensinamento, Ele realizava um ato, um gesto complementário. Entre esses gestos, o de se deixar batizar, como também o de lavar os pés dos apóstolos, brincar com as crianças, etc. Quando rezarmos essa dezena dos Mistérios Gozosos vemos como Deus é poderoso, peçamos a Ele a graça de nos deixar lavar, purificar nas águas do seu amor e misericórdia, fazendo memória também dos nossos compromissos batismais.

2º Mistério Luminoso: Jesus realiza o milagre em Caná

Nesse mistério do Rosário, nosso coração se volta para uma belíssima cena, em que Jesus realiza seu primeiro milagre, transformando água em vinho. Leia a passagem com atenção:

“Naquele tempo, Houve um casamento em Caná da Galiléia. A mãe de Jesus estava presente. Também Jesus e seus discípulos tinham sido convidados para o casamento. Como o vinho veio a faltar, a mãe de Jesus lhe disse: ‘Eles não têm mais vinho’. Jesus respondeu-lhe: Mulher, por que dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou’. Sua mãe disse aos que estavam servindo: ‘Fazei o que ele vos disser’. Estavam seis talhas de pedra colocadas aí para a purificação que os judeus costumam fazer. Em cada uma delas cabiam mais ou menos cem litros. Jesus disse aos que estavam servindo: ‘Enchei as talhas de água’. Encheram-nas até a boca. Jesus disse: Agora tirai e levai ao mestre-sala’. E eles levaram. O mestre-sala experimentou a água, que se tinha transformado em vinho. Ele não sabia de onde vinha, mas os que estavam servindo sabiam, pois eram eles que tinham tirado a água. O mestre-sala chamou então o noivo e lhe disse: ‘Todo mundo serve primeiro o vinho melhor e, quando os convidados já estão embriagados, serve o vinho menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora!’ Este foi o início dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Caná da Galiléia e manifestou a sua glória, e seus discípulos creram nele” (João 2, 1-11).

Para compreendermos a profundidade e o impacto que esse gesto de Jesus realmente teve na vida das pessoas que presenciaram, sobretudo do casal de noivos, faz-se necessário investigarmos o significado do vinho na cultura judaica antiga. O vinho para um judeu simboliza alegria, é um sinal de bênção consumido em ocasiões especiais. Ele serve como uma espécie de “fio condutor, um estimulante” das comemorações e dos cultos a Deus. Na Páscoa, eram tomados quatro cálices; nos casamentos, dois; e nas circuncisões, um.

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Essa bebida era ainda consumida no início do (Sabbath) Sábado, logo após o pôr do sol da sexta-feira, já que o dia posterior começava com o pôr do sol do anterior. Porém, atenção, não é só nas alegrias que o vinho era lembrado. Nos antigos funerais dos judeus, havia um “cálice de consolação”, composto por dez taças de vinho, que eram servidas aos parentes mais próximos do falecido. Como podemos ver, mesmo nessa breve apresentação, o vinho estava associado a profundos acontecimentos, alegres ou tristes do povo de Deus. Faltou vinho, faltou vida, sentido e esperança.

Nesse momento dos Mistérios Luminosos vemos como devemos suplicar a Jesus, por intercessão de sua Amorosa Mãe, que a alegria seja restaurada, fortalecida e purificada no nosso coração. Não importam quais são as grandes fábricas de dores e sofrimentos que a vida apresente, onde venha faltar paz, alegria, amor, etc. feche seus olhos, respire fundo e escute a Virgem Maria dizer para Jesus: “Filho, ele(a) não tem mais vinho (alegria). Realize o milagre que ele(a) precisa”. Acredite, tudo será diferente.

3º Mistério Luminoso: Anunciação do Reino de Deus

A tradição da Igreja ofereceu vários santos apelidos a Jesus, que evidenciavam um aspecto de sua perfeita e divina missão e identidade. Entre esses apelidos (títulos), estão: “Príncipe da Paz, Bom Pastor, Cordeiro Imolado, etc.” Há ainda um muito belo que é revelado no terceiro mistério luminoso, leia:

“Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho” (Mc 1, 15).

No fundo, Jesus está querendo dizer o que? “Olhem, algo muito maravilhoso vai acontecer, fiquem atentos, não percam nenhuma oportunidade”. Jesus se mostra como um santo e perfeito conselheiro. A fé e a penitência amorosa são indicadas por Ele como um “GPS da graça”. Confirmando esse bendito apelido, olhe só o que vai dizer Isaias sobre o Messias: “Porque nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho; ele traz aos ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da Paz” (Isaias 9, 5).

Na meditação e contemplação desse parte dos Mistérios Luminosos, vemos como fazer memória dos vários e vários conselhos oferecidos a nós por Jesus no Evangelho, mas também por meio da moral e disciplina da Igreja que é sua Esposa. E ouso ainda mais: devemos estar atentos a conselhos que Jesus no oferece por meio de pessoas que nos querem bem. Que essa pequena motivação seja para você um bom conselho de encorajamento. Que sempre obedeçamos a Deus, sob toda e qualquer condição e situação.

4º Mistério Luminoso: A transfiguração do Senhor

Nesse quarto mistério, somos envolvidos pela transfiguração do Senhor. Para nos ajudar a mergulhar com mais profundidade nessa experiência dada por Jesus aos apóstolos, Leia com piedade:

“Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisto apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. Então Pedro tomou a palavra e disse: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias”. Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o!” Quando ouviram isto, os discípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto em terra. Jesus se aproximou, tocou neles e disse: “Levantai-vos, e não tenhais medo”. Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: “Não conteis a ninguém esta visão até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos” (João 17, 1-9).

Como foi possível notar no relato evangélico nessa parte dos Mistérios Luminosos, Jesus realizou uma manifestação, uma transfiguração diante de seus fiéis e queridos apóstolos. Porém, o que significa transfiguração? Mesmo pesquisando em vários dicionários o conceito de transfigurar parece que nenhum conseguiu definir de modo pleno, o que de fato aconteceu nesta manifestação luminosa de Jesus.

O máximo que é possível contemplar ainda que longe é que trata-se de uma expressão antecipada da sua glória, que viria com a ressurreição ou seja após as terríveis humilhações, desprezos e dores que escolheria abraçar por amor a nós. De qualquer forma, foi um bálsamo dado previamente pelo Pai, para que os discípulos pudessem compreender com mais profundidade os seus projetos de salvação.

O fato é que Jesus estava muito diferente do ordinário, era luminoso, claro, resplandecente. A questão que hoje a Teologia tenta desvendar é se Jesus tornou-se resplandecente ou se os apóstolos é quem foram libertos ainda que por um instante dos inúmeros conceitos equivocados sobre Ele.

Quando o coração e os olhos são puros, conseguimos reconhecer quem realmente é Jesus, o Divino ocultado no Humano, o Eterno que entrou no tempo, o Tudo escondido no fragmento. Quando você meditar essa parte dos Mistérios Luminosos como todo o restante do Rosário, respire fundo, olhe ainda que por um instante para sua vida, permita que seus olhos se abram, para que você reconheça Jesus, escondido mesmo atrás de aparentes fracassos e dores que você possa ter vivido ou estar vivendo.

5º Mistério Luminoso: A Instituição da Eucaristia

No último mistério luminoso do Santo Rosário, devemos louvar e bendizer a Deus que em Jesus, por Jesus e com Jesus, se faz alimento de vida eterna para nós. Trata-se da instituição da Santa Eucaristia. Esse sacramento foi rejeitado e ainda é pelos nossos irmãos protestantes. Para eles, trata-se apenas de um símbolo, uma encenação que Jesus promoveu. Vamos então recorrer ao que de fato o texto bíblico diz, Leia:

“Os judeus discutiam entre si, dizendo: ‘Como é que ele pode dar a sua carne a comer?” (João 6, 52).

Veja só quando Jesus falou sobre o pão consagrado os seus ouvintes entenderam exatamente que Ele não se referia a um símbolo. Compreenderam que de fato o pão consagrado tornava-se de modo transubstancial a sua carne e o vinho o seu sangue. Foi justamente daí que surgiu todo o escândalo e revolta dos judeus. Porém, Jesus não voltou atrás, mas continuou dando ênfase às suas declarações, para saber como rezar essa parte dos Mistérios Luminosos, leia o texto na íntegra:

“Então Jesus disse: ‘Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. PORQUE A MINHA CARNE É VERDADEIRA COMIDA E O MEUS SANGUE, VERDADEIRA BEBIDA. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu nele. Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim o que me come viverá por causa de mim. Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram. Eles morreram. Aquele que come este pão viverá para sempre. Assim falou Jesus, ensinando na sinagoga em Cafarnaum” (João 6, 53-59).

Penso que depois desse discurso tão claro de Jesus não é preciso dizer mais muitas coisas sobre esse bendito Sacramento. Para um bom entendedor, meia palavra basta, quanto mais seis versículos do Evangelho com as Palavras do próprio Salvador e Senhor Jesus. Espero e desejo que esse texto possa ter esclarecido alguns e fortalecido o louvor e a gratidão no coração de outros, por esse bendito privilégio que é recebermos o corpo e o sangue do Senhor. Deus abençoe sempre, Shalom!

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