Um grande dom, um grande valor, pode ser relativizado ou mesmo rejeitado, se fizermos uso dele de modo inadequado. Poucos livros foram tão instrumentalizados no mundo ao longo da história, quanto a Bíblia Sagrada. Penso que a heresia que mais contribuiu com esse mau, foi justamente aquela da livre interpretação difundida por Lutero e seus seguidores. As Sagradas Escrituras têm sofrido descréditos por parte de muitos corações hoje em dia, por causa de alguns que fazem mau uso esse grande tesouro.
A Bíblia na evangelização, deve ser usada com ousadia, com criatividade, porem com discernimento. Deve ser lida e interpretada com a alma e o coração da Igreja. O Espirito Santo, jamais inspirará coisas estranhas ou diferentes daquilo que Ele mesmo foi orientando a Igreja ao longo dos séculos. Assim, nesse texto vamos propor alguns indicativos de como usar as sagradas escrituras, em nossas ações evangelizadoras.
Confira algumas dicas
CONHECER O OUVINTE: Antes de criar estratégia de discurso ou mesmo eleger uma passagem bíblica, para evangelizar alguém, faz se necessário ter um conhecimento básico de quem será meu ouvinte. Não me refiro aqui a ficar fazendo perguntas para as pessoas, sobretudo quando a evangelização é aquela feita nas ruas, praças, ônibus, etc… onde somos estranhos para a pessoa abordada e ela estranha para nós. Hoje em dia, há um clima de suspeita e de desconfiança que paira na sociedade, as pessoas ficam sempre atentas, parece que estão sendo o tempo todo filmadas, tudo vira postagens e memes de redes sociais. Há também o descrédito da fé, que alguns sofrem devido a tonelada de igrejinhas que nascem todos os dias, cujos os membros ficam nas praças, rádio, TV e redes sociais, gritando que encontraram a verdade. Sem contar ainda outros perigos tais, como assaltos, assédios, etc…
Se possível então, observe com discrição por um tempo a pessoa que será abordada na evangelização, sempre de coração aberto e sensível a uma inspiração do Espirito Santo e oportunidade de ação. É um (a) jovem, adolescente, adulto (a), idoso (a), casado (a), etc… tem sinais de boa condição intelectual ou financeira, tem aspectos e sinais de tristeza, alegria, paz, ansiedade, preocupação, pressa, etc… parecem informações desnecessárias, porém, podem fazer toda a diferença no final.
O AMBIENTE E A OCASIÃO FAZEM A AÇÃO: Outros fatores importantes, que podem condicionar de modo decisivo a estratégia de evangelização é o ambiente e a ocasião. Já vivi experiência de abordar pessoas na rua, no ônibus, no avião, na fila de espera do banco, posto de saúde, correios, hospitais, escolas, praias, etc…
O ambiente e a ocasião são importantes, pois revelam o perfil dos ouvintes e o tempo disponível para a ação evangelizadora. Condicionam ainda os assuntos, as passagens bíblicas, etc… esses fatores se bem explorados irão favorecer, tranquilidade e frutos em nossas abordagens.
Se eu for vestido de modo inadequado para ocasião e o público, posso não ser levado a sério, ou mesmo ser tratado com receio, suspeita e temor. Lembro-me que numa ocasião, eu e um amigo abordamos uma senhora que quase enfartou, pensando que iriamos assalta-la. Assim, quando você for realizar algum gesto, pensado para evangelizar um desconhecido, use sinais, símbolos que expressem quem você é, bem como sua missão e valores. Exemplos: “Camisetas com mensagens cristãs e católicas, crucifixo no pescoço, terço nas mãos ou visível no bolso, bíblia, etc…”
PRIMEIRO ANÚNCIO: Outro ponto fundamental é que evangelização, tem a ver com “kerigma” (primeiro anuncio.) Quando abordarmos alguém na escola, faculdade, praia, no avião, ônibus, rua, etc… para falar de Deus, devemos focar nosso discurso no amor de Deus, na salvação e na paz que Ele promete, bem como no compromisso que Ele tem com a felicidade e com a paz real da pessoa. Não é momento de ficar doutrinando, dando cursos de moral ou discutindo.
Há pessoas que por personalidade, fatores culturais ou intelectuais costumam fazer perguntas, questionarem ou mesmo discutirem com o evangelizador. Assim, recordo, reforço e retomo o que falamos sobre o perfil do nosso ouvinte. Se você vai evangelizar um público, se prepare para aquele público. Caso contrário, seu primeiro anuncio pode virar conteúdo de memes, chacotas e deboches. No final quem ficará desacreditada é a Igreja, o evangelho e o próprio Deus. Se o seu público são os pobres, ricos, crianças, adolescentes, jovens, universitários, pessoas com problemas de saúde, intelectuais, etc… Se prepare para esses ouvintes, desde suas roupas, vocabulário, técnica de abordagem, etc… e confie tudo a condução do Espirito de Deus.
Algumas sugestões bíblicas para a ação evangelizadora:
Há textos bíblicos que sempre podemos recorrer na hora de evangelizar, independente de qual seja o publico. Eles expressam de modo sintético princípios relacionados, ao amor de Deus, o pecado e a salvação, o Senhorio de Jesus, o Espírito Santo como promessa consoladora do Pai, sabedoria, esperança, enfim, o próprio Deus como essa fonte de felicidade, paz e sentido de vida.
Veja alguns:
“Foi assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo, para que tenhamos vida por meio dele. Nisto consiste em o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de reparação pelos nossos pecados. Caríssimos, se Deus nos amou assim, nós também devemos amar-nos uns aos outros. ” (1 João: 4, 9-11)
“Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa. Ele desceu a toda a pressa e recebeu-o alegremente. ” (Lucas 19:5,6)
“Derramarei sobre vós uma água pura, e sereis purificados. Eu vos purificarei de todas as impurezas e de todos os ídolos. Eu vos darei um coração novo e porei um espírito novo dentro de vós. Arrancarei do vosso corpo o coração de pedra e vos darei um coração de carne; porei o meu espírito dentro de vós e farei com que sigais a minha lei e cuideis de observar os meus mandamentos. Habitareis no país que dei a vossos pais. Sereis o meu povo e eu serei o vosso Deus”. (Ezequiel: 36,25-28)
“Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa e tomaremos a refeição, eu com ele e ele comigo. 21Ao vencedor farei sentar-se comigo no meu trono, como também eu venci e estou sentado com meu Pai n Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas’”. (Apocalipse: 3,20-22)
Que as motivações presentes nesse artigo possam potencializar sua relação com as Sagradas Escrituras, gerando um efeito transformador, criativo e ungido em suas ações evangelizadora.
Rodrigo Santos