Os especialistas em literatura costumam dizer que não há nada melhor para introduzir uma obra que conhecer a vida e história do seu autor.
A Edições Shalom lançará no próximo mês de agosto, o livro Entre Estações. A obra é uma ficção, diferente de tudo o que a editora tem lançado. Ele tem como propósito fortalecer valores e resgatar a dimensão do amor e do perdão nos relacionamentos.
Camila Lins é baiana, e missionária da Comunidade Católica Shalom em São Paulo. Está lançando seu primeiro livro pela Edições Shalom e conversou com o Portal comshalom sobre sua trajetória missionária e seu chamado para ser autora.
Confira (Mantido o tom coloquial da entrevista)
Comshalom: Camila, de onde você veio, como é que começa sua história com os livros? O que te encantava e que hoje pra você são referências?
Camila Lins: Eu sou baiana, nasci na Bahia, e desde criança, minha mãe sempre me incentivou muito a ler.
Uma primeira curiosidade: o primeiro livro que eu li sozinha – eu tinha uns cinco, seis anos, eu acho – foi A Branca de Neve e os Sete Anões. E até hoje eu lembro do livro! Era um livro vermelho, de capa dura, assim, bem bonito. Então, o livro me chamou muita atenção. Foi o meu primeiro contato com a literatura propriamente dita. E aquilo me marcou muito e fez crescer em mim esse desejo pela leitura, porque eu acho que eu fui encontrando um portal que me dava acesso a um outro mundo, entende?
E a partir disso eu comecei a gostar mesmo de ler, assim. E a dona Vanda – minha mãe – era quem me incentivava muito, né? Lembro que teve uma época em que ela trabalhava como secretária num escritório de advocacia. E lá o advogado pra quem ela trabalhava tinha muitos livros. Então ela trazia clássicos pra casa, né? E eu lembro de ter lido Júlio Verne também, assim.
Como eu falei, quando eu tinha 9 anos, mais ou menos, a gente foi para o Ceará. Morar em Fortaleza. Na minha adolescência fui crescendo com esse gosto pela leitura, sempre crescendo mais. Às vezes, eu ficava de madrugada, até 5 horas da manhã lendo. Muitas vezes, né? Eu sentava no chão, perto da cozinha, ficava só uma luz acesa em casa, eu sentava ali e ficava lendo a noite inteira. Às vezes, meu pai acordava de madrugada e ficava brigando. Mas eu lembro que nessa época, eu lia demais, demais. Até os 17, 18 anos, eu lia muito mesmo.
comshalom: Você, com certeza, sempre foi uma criança, uma adolescente, assim tranquila. Nunca foi de grandes peripécias, né? Ficava lendo a noite toda…
Camila Lins: Uhum. (risos) Não! (mais risos) Essa era a minha parte tranquila, mas eu era uma criança muito traquina, na verdade. Eu sou cheia de cicatrizes. Eu acho que nesse aspecto eu aproveitei muito também a minha infância, sabe?
Eu subia em árvore, corria na rua, andava de patins e outras coisas mais! Porém, nesse aspecto, eu sempre fui muito, não levada, mas muito cheia de energia Eu gostava muito de ler, era o meu momento, sabe? A leitura era aquela hora em que era eu e ele ali, eu e o meu livro.
comshalom: Me fala um pouco da Camila missionária: como você ingressou na comunidade Shalom?”
Camila Lins: Eu ingressei na comunidade em 2010, com 23 anos. Na comunidade, eu continuei com o meu gosto pela leitura, Foi algo que não passou com o tempo e que me acompanha até hoje. No meu postulantado, eu confesso que eu tive um pouco de dificuldade de ler, porque a gente, naquele tempo… Hoje tá um pouco diferente, né? Naquele tempo, a nossa grade formativa, a primeira leitura era o Pentateuco. Então, imagina você sentar e ler todos os 5 primeiros livros da bíblia.
Uma experiência,que eu queria contar, acho que foi uma das mais marcantes no meu vocacional. E foi o primeiro livro de santo que eu li.
A minha mãe, sempre, sempre me dizia pra ler História de uma Alma. Eu dizia, ah, não, não vou ler, não. Não me interessava, né? E aí, depois da minha experiência com Deus, e tudo, quando eu tava ali, no iniciozinho de tudo… Acho que não estava nem no vocacional ainda. Me emprestaram História de uma Alma. E eu li, assim, em dois dias.
Foi uma coisa tão forte, Assim, uma experiência com Santa Teresinha tão forte, que eu li todinho em dois dias. Aí eu cheguei no final da página, li a última página, fechei o livro, olhei pra cima, abri e comecei todinho da primeira página de novo.
comshalom: Camila, na tua vida vocacional, nos momentos de crise, um livro, que foi pra você uma ressurreição?
Camila Lins: No momento mais forte de crise que eu vivi, eu não li nada em particular, assim, nada formativo, porque eu estava vivendo um tempo tão profundo, um sofrimento interior tão profundo que eu realmente não lia nada formativo. Mas um livro que me ajudou muito depois, né, quando eu passei pela crise, foi justamente do Amadeu Cencini, né, A Hora de Deus. Esse livro, ele é espetacular..
Ele vai falando da dimensão da crise, na vida consagrada, e me ajudou muito a entender o que eu tinha vivido, a entender o processo que eu tinha vivido. Não foi uma crise vocacional, mas uma crise humana que eu vivi e fui entendendo. Foi um livro que realmente me ajudou muito, me ajudou a rezar melhor, me ajudou a me unir mais a Deus diante do mistério daquilo que Ele me permitiu viver. Foi algo que me iluminou muito nessa dimensão do entender a crise, mas não entender por entender, trazer essa compreensão pra minha vida, e, assim, encarnar aquilo.
comshalom: Tem algum livro da Edições Shalom que te faz brilhar os olhos quando você escuta falar?
Camila Lins: Na Fenda da Rocha. Gente, esse livro é maravilhoso. Eu falo assim porque ele marcou o meu postulantado. Mas, pra mim, é o melhor… Nossa, todos os livros da Emmir são bons, né? Mas esse livro… Eu tive uma experiência muito forte com o carisma Shalom por meio dele. Então ele, realmente, marcou a minha vida. E… Enfim, ele é um livro.
Tem outro também, que antes era O Segredo da Madalena, agora é A Mulher Que Muito Amou. E também é muito bom. Nossa, maravilhoso, maravilhoso. Mas na Fenda da Rocha, assim, disparado.
Camila Lins é autora do novo lançamento da Edições Shalom, Entre Estações.
Confira o teaser de lançamento da obra.
Para maiores informações acesse livrariashalom.org
