Durante a audiência deste sábado, 20 de maio, concedida ao Cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério das Causas dos Santos, o Papa Francisco autorizou a promulgação do Decreto que reconhece o martírio do sacerdote italiano Giuseppe Beotti. Também foram reconhecidas as virtudes heroicas de oito Servos de Deus que, assim, se tornaram Veneráveis.
Em breve, um novo beato
Na audiência foi declarado o decreto que reconhece o martírio do sacerdote italiano Giuseppe Beotti durante a ocupação nazista no dia 20 de julho de 1944. A data da beatificação ainda será agendada e celebrada.
Giuseppe Beotti nasceu em 1912 em uma família de agricultores e tornou-se padre diocesano em 2 de abril de 1938. Ele se destacou imediatamente por sua assídua obra de caridade em favor dos necessitados e por seu compromisso com a educação dos jovens. Ele ofereceu sua ajuda a todos: resistentes, judeus, soldados e feridos. Durante a ocupação alemã, defendeu os direitos de seus paroquianos e, por isso, foi submetido a um processo penal que não deu em nada.
Ele abrigou e socorreu soldados em fuga, prisioneiros que haviam escapado de guerras, pessoas perseguidas, incluindo cerca de 100 judeus que ele escondeu em casebres com a ajuda de seus paroquianos. Diante do perigo de prisões e represálias nazistas, ele não fugiu, mas permaneceu como um ponto de referência em sua igreja em Sidolo, na província de Parma, assíduo nas orações. Ele foi preso e fuzilado em 20 de julho de 1944 em Sidolo, juntamente com um padre e um seminarista que haviam se refugiado na igreja com ele. O assassinato foi motivado pelo ódio dos nazistas contra os transgressores da lei antissemita criminosa.
Conheça os novos veneráveis
Entre os Servos de Deus que agora recebem o título de Veneráveis estão os brasileiros Guido Schäffer, seminarista e médico, e Madre Tereza Margarida do Coração de Maria, religiosa conhecida como “nossa mãe”. A lista é completada por dois sacerdotes (Simon Mpeke, camaronês, e Pedro de la Virgen del Carmen, espanhol), uma outra religiosa (Edda Roda, italiana) e três leigos (o catequista italiano Arnaldo Canepa e duas jovens italianas, Maria Cristina Ogier e Lorena D’Alessandro).
Jovem brasileiro, surfista, médico e seminarista Guido Schäffer
Guido Vidal França Schäffer nasceu em Volta Redonda (RJ) em 1974. Formou-se em Medicina e trabalhou cuidando de pacientes com Aids, prestando serviço médico e evangelizando pobres e marginalizados nas favelas do Rio de Janeiro. Contudo, sentiu um forte chamado ao sacerdócio e ingressou no seminário no início dos anos 2000.
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O cuidado com os pacientes com Aids, a ajuda, o serviço médico e o trabalho de evangelização oferecido aos pobres e marginalizados nas favelas do Rio de Janeiro caracterizaram os anos de juventude de Guido Vidal França Schäffer. Junto com a noiva e um padre, iniciou o grupo de oração Fogo do Espírito Santo na paróquia. Mais tarde, depois de participar, em 1997, do encontro das famílias por ocasião da visita de São João Paulo II ao Rio de Janeiro e, em 2000, de uma viagem à Europa para a beatificação dos protomártires brasileiros, ele decidiu entrar para o Seminário.
Enquanto se preparava para se tornar um sacerdote, prosseguia seu serviço de evangelização e assistência médica. Faleceu em 1º de maio de 2009, antes de ser ordenado. Guido estava surfando, quando foi atingido por uma prancha e morreu afogado.
Madre Tereza do Coração de Maria
A religiosa brasileira, Madre Tereza do Coração de Maria nasceu em 24 de dezembro de 1915, em Borda da Mata (MG). Depois de ouvir o chamado de Deus, entrou para o Carmelo de Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, em 29 de maio de 1937. Ela foi indicada para fundar o Carmelo em Três Pontas, na diocese de Campanha (MG). A religiosa foi priora, sub-priora e mestra de noviças, onde se tornou ponto de referência para as religiosas e para os fiéis que recorriam a ela, chamando-a de “nossa mãe”, para pedir conselhos, direção espiritual e ajuda. Faleceu em 2005, por ocasião de uma doença pulmonar, vivida em incansável oração.
A monja da Ordem dos Carmelitas Descalços viveu entre 1915 e 2005. No Carmelo próximo ao Santuário de Aparecida, foi vice-mestra das noviças e subpriora. Juntamente com sete irmãs, fundou um mosteiro em Três Pontas. Empenhou-se em viver com a Comunidade os Decretos do Concílio Vaticano II e cuidou da formação bíblica, espiritual e litúrgica das irmãs. Uma doença pulmonar, vivida em incansável oração, levou-a à morte.
Madre Tereza Margarida do Coração de Maria morreu no dia 14 de novembro de 2005. Por causa da fama de santidade e pelas inúmeras graças alcançadas por sua intercessão, o bispo de Diamantina, dom Diamantino Prata de Carvalho, fez o pedido para abertura do processo de beatificação da religiosa, o que aconteceu em março de 2012.
Sacerdote camaronês Simon Mpeke
Entre os fundadores da União Sacerdotal Jesus Caritas de São Charles de Foucauld, em Camarões, está o Servo de Deus Simon Mpeke, nascido no início do século passado em uma família de camponeses pagãos do grupo étnico Bakoko. Fascinado pelo cristianismo quando jovem, ele se converteu, deixou sua noiva e entrou no seminário para se tornar padre em 1935. Ele se destacou pela profundidade da vida espiritual e dedicação pastoral. Conhecedor de vários idiomas, foi o primeiro missionário fidei donum camaronês no norte do país, que era habitado por pessoas de origem sudanesa E estava sob a influência de muçulmanos e cujos povos das montanhas eram ligados a religiões tradicionais.
Ele era chamado de “Baba (pai) Simon” pela população local: viajando pelas montanhas, pregava o Evangelho para o povo indígena Kirdi. Fascinado pelo SEU exemplo, uma comunidade cristã fervorosa nasceu graças a ele. Próximo aos pobres e doentes, ele evangelizou por meio de obras como a pregação e a construção de escolas. Em Cristo, o padre Simon Mpeke viu a realização de esperanças também presentes em outras denominações religiosas: com essa convicção, promoveu a lenta passagem dos não cristãos para o conhecimento de Jesus. Ele também se comprometeu com a promoção humana, superando muitos preconceitos, como o que considerava a doença um castigo divino.
Formado pelos Escolápios, primeiro na escola do beato Manuel Segura, mártir da perseguição religiosa na Espanha, e depois na do beato Faustino Oteiza, Pedro de la Virgen del Carmen, sacerdote da Ordem dos Clérigos Regulares Pobres da Mãe de Deus das Escolas Pias, viveu no país ibérico entre 1913 e 1983. Enviado para o front como capelão militar, permaneceu lá até o fim da guerra.
De volta a Zaragoza, viveu em profunda união com o Senhor, contemplado na Eucaristia, desenvolvendo intensa atividade na escola, visitando os doentes, ouvindo confissões e na Conferência de São Vicente de Paulo. Ponto de referência para seus alunos, devoto da Virgem Maria, foi uma autêntica testemunha do Evangelho. Seu compromisso com o ensino foi premiado com uma homenagem civil do Estado. Sofreu gravemente de uma úlcera estomacal desde sua juventude, o que o levou à morte na década de 1980.
Reconhecida pelo testemunho de perseverança na fé, apesar do sofrimento, a religiosa do Instituto das Irmãs Capuchinhas de Madre Rubatto, viveu em Bergamo, na Itália, entre 1940 e 1996. Ela sofria de “síndrome astênica”, que lhe causava colapsos físicos e queda de humor, mas jamais se cansava de levar um sorriso às famílias que visitava, organizando encontros de oração ou acompanhando com dedicação pessoas em situações dolorosas.
Durante uma das Missões Populares que realizou entre 1980 e 1995 na Itália, a irmã Edda foi espancada e estuprada por três homens, porém, ela carregou esse acontecimento dramático em segredo, o que não a impediu de continuar a atividade missionária. No último ano de vida, foi diagnosticada com câncer uterino avançado e suportou os sofrimentos sem nunca se queixar, mas transfigurando-os em uma oferta de amor. Como testemunham os diários da religiosa, a doença se tornou para ela um caminho de purificação.
-Colab. Vatican News