Nas matérias anteriores sobre o Catecismo da Igreja, seguindo como roteiro a oração do “Credo”, refletimos sobre as duas grandes declarações que são fortemente professadas pela fé da Igreja: “Fé num Deus que é Pai e Filho”. Continuando ainda nossa apresentação, mergulharemos agora numa terceira importante declaração efetuada pela Igreja, em sua profissão de fé: “Creio no Espírito Santo”.
Leia com atenção: “Ninguém pode dizer ‘Jesus é o Senhor’ a não ser pela ação do Espírito Santo’ (1Cor 12,3). ‘Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: ‘Abbá! Pai!’ (Gl 4,6). Este conhecimento da fé só é possível no Espírito Santo. Para estar em contato com Cristo, é preciso primeiro ter sido tocado pelo Espírito Santo. É Ele que nos precede e suscita em nós a fé. Em virtude do nosso Batismo, primeiro sacramento da fé, a Vida, que tem a sua fonte no Pai e nos é oferecida no Filho, é-nos comunicada, íntima e pessoalmente, pelo Espírito Santo na Igreja” (CIC 683).
Deus em ação
Como podemos ver, em Deus não existe diferença entre o que Ele “é” e o que Ele “faz”. O Espírito Santo, então, é Deus em ação, Deus em movimento, agindo, purificando, santificando, formando e orientando os fiéis. Ninguém “conhece” mais a Deus, do que o próprio Deus. Sendo assim, Ele é o melhor intérprete de Seus planos e projetos:
“‘Ninguém conhece o que há em Deus, senão o Espírito de Deus’ (1Cor 2,11). Ora, o seu Espírito, que O revela, faz-nos conhecer Cristo, seu Verbo, sua Palavra viva; mas não Se diz a Si próprio. Aquele que ‘falou pelos profetas’ faz-nos ouvir a Palavra do Pai. Mas a Ele, nós não O ouvimos. Não O conhecemos senão no movimento em que Ele nos revela o Verbo e nos dispõe a acolhê-Lo na fé. O Espírito de verdade, que nos ‘revela’ Cristo, ‘não fala de Si próprio’. Tal escondimento, propriamente divino, explica porque é que ‘o mundo não O pode receber, porque não O vê nem O conhece’, enquanto aqueles que crêem em Cristo O conhecem, porque habita com eles e está neles (Jo 14,17)” (CIC 687).
Missão da Trindade
Alguém poderia se perguntar: “Há algo que o Espírito Santo precisa ainda realizar que não tenha sido efetuado pelo Pai em virtude do sacrifício redentor de Cristo?” O Salvador veio ao mundo para anunciar que o Reino de Deus está próximo. O Espírito Santo é o enviado do Pai que fortalece os corações na confiança do cumprimento dessa bendita promessa. A salvação, então, é uma missão conjunta da Trindade Santa:
“Aquele que o Pai enviou aos nossos corações, o Espírito do seu Filho, é realmente Deus. Consubstancial ao Pai e ao Filho, é d’Eles inseparável, tanto na vida íntima da Trindade como no seu dom de amor pelo mundo. Mas ao adorar a Santíssima Trindade, vivificante, consubstancial e indivisível, a fé da Igreja professa também a distinção das Pessoas. Quando o Pai envia o seu Verbo, envia sempre o seu Espírito: missão conjunta na qual o Filho e o Espírito Santo são distintos, mas inseparáveis. Sem dúvida, é Cristo quem aparece, Ele que é a imagem visível de Deus invisível; mas é o Espírito Santo quem O revela” (CIC 689).
Tamanha e tão perfeita é a comunhão da Santíssima Trindade, que nenhum discurso conseguiria esmiuçá-la. Uma vida de fé é uma vida de mergulho constante nesse mistério de amor, prelúdio de algo muito mais elevado no Céu.
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