Recomeçar nunca é um problema para aqueles que confiam no amor do Pai. Não foi para Maria Madalena, nem para Pedro ou Paulo e nem para tantos outros que escolheram viver e morrer por amor. Muito menos difícil foi para a família de Nazaré que passou seus primeiros anos em terras estrangeiras, dependendo inteiramente da providência do Pai enquanto estavam no Egito… Ah sim! Vou te contar como tudo aconteceu.
Alguns dias depois do nascimento de Yeshua, José estava dormindo e, em sonho, recebeu uma mensagem transmitida por Gabriel. Herodes estava perseguindo os recém-nascidos com o objetivo de eliminar de uma vez por todas o possível rei que poderia tirar-lhe o trono. Como era justo e fiel, José não hesitou um só instante: juntou as coisas, pegou a mãe e o Menino e partiram durante a noite, sem se despedirem dos parentes.
Ao chegarem ao local que Gabriel havia descrito, procurou uma casa que tivesse um bom espaço para que pudesse montar sua oficina, para que Maria cultivasse suas flores e insumos para a família e, principalmente, para que Yeshua brincasse muito e crescesse feliz. José encontrou o lugar poucos dias depois de chegarem ao Egito… É engraçado pensar que a mesma terra que massacrara os filhos de Raquel de outrora acolheria aqueles que fugiam do mesmo infortúnio.
O sol era o mesmo, mas nascia de maneira diferente. Maria percebeu isso e sentia saudades de casa, de sua família, de seus amigos e de como tudo estava pronto para que Yeshua crescesse e fosse feliz. Ao mesmo tempo via o cuidado e o zelo de José com ela e com o Menino. De como ele provia tudo o que lhes era necessário. Durante aqueles anos não faltou nada. A verdadeira mulher de fé que sempre esperou o tempo do Altíssimo com alegria e paciência. E enfim chegou o momento de retornarem. Mais uma vez Gabriel transmitiu a mensagem a José, por meio de um sonho, de que era seguro retornar. O Menino já estava com dois anos.
Partiram mais uma vez, agora não às pressas. Fizeram as malas, entregaram a casa com todas as melhorias que José tinha feito, se despediram de seus vizinhos. Maria colheu algumas frutas para a viagem. Yeshua, mesmo tão pequeno, parecia contagiado pela alegria de seus pais e cantarolava as músicas que aprendera com sua mãe. A viagem, com muitas paradas para descanso e abastecimento, foi muito tranquila. Estávamos, o tempo inteiro, observando tudo.
Por Maria Angélica