Dilexit nos é a quarta encíclica do Papa Francisco, que segue Lumen fidei (coescrita com Bento XVI), Laudato si’ e Fratelli tutti. Desta vez, o Santo Padre aprofunda o tema do amor divino e humano de Jesus Cristo, destacando a devoção ao Sagrado Coração de Jesus como fonte de renovação espiritual não somente para a Igreja, mas para o mundo inteiro.
Neste sentido, os fiéis são convidados a redescobrir o verdadeiro significado do amor de Cristo em tempos atuais tão marcados por crises nos mais diversos âmbitos.
A verdade é que o mundo contemporâneo está imerso em enorme instabilidade, como nunca visto: populações envelhecendo (algumas até diminuem), a Inteligência artificial ameaça trabalhadores (que se tornam obsoletos), sequelas da pandemia que ainda são sentidas (sem previsão de um fim próximo), cenário de guerras na Europa, e tantos outros conflitos sociais que inevitavelmente reverberam no interior do ser humano.
A Encíclica, contra todo este cenário adverso, celebra o 350º aniversário das aparições do Sagrado Coração confirmando a importância dessa devoção para a vida cristã contemporânea como forma de salvaguardar o coração, e desta forma animando-o a assumir seu papel na transformação pessoal e de toda a Sociedade.
Da leitura da encíclica, uma conclusão já eclode: O MUNDO PODE MUDAR A PARTIR DO CORAÇÃO. Vejamos algumas reflexões:
- Só o amor de Deus pode mudar o mundo
O Papa revela uma clara ameaça, mesmo silenciosa, nos tempos modernos: perder o próprio coração, que se deixa levar pelos desafios diários e pela rotina exaustiva.
Ora, escreve o Papa Francisco, que o coração revela “quem realmente somos” (n. 6), , pois é “a morada do amor em todas as suas dimensões espirituais, psíquicas e até físicas” (n. 21), “um núcleo que se esconde por trás de todas as aparências exteriores, mesmo por trás dos pensamentos superficiais que podem nos desviar” (n. 4).
Assim, o coração humano não se resume a uma sede da “profunda emoção” (n. 16), onde descobrimos quem somos, mas também é o lugar onde nasce o amor. Nele, descobre-se o “fogo ardente” do amor divino permitindo “nos tornar, de forma completa e luminosa, as pessoas que devemos ser, pois todo ser humano é criado acima de tudo para o amor. Na fibra mais profunda do nosso ser, fomos feitos para amar e ser amados” (n. 21).
Nesta (re)descoberta do amor de Deus por nós reside a profundidade e unidade do ser humano, e aprendemos a amar os outros, que é a essência do seguimento de Cristo: “O conhecimento de que Cristo morreu por nós não permanece conhecimento; mas necessariamente se torna afeição, amor” (n.º 27).
Para mudar o mundo, não resta dúvida, urge recuperar a experiência com esse amor capaz de curar o próprio coração. “O amor de Cristo pode dar um coração ao nosso mundo e reavivar o amor onde quer que pensemos que a capacidade de amar foi definitivamente perdida” (n. 218).
- Sentido social da reparação, fazer o mundo enamorar-se.
Como sabemos, faz parte da bela devoção ao Sagrado Coração a realização de “reparações” pelos próprios pecados e, ainda, pelos pecados do mundo.
O Papa defende a pureza deste o impulso devocional para consolar o coração de Jesus: “Pode parecer a alguns que este aspecto da devoção ao Sagrado Coração carece de uma base teológica firme, mas o coração tem suas razões. Aqui o sensus fidelium percebe algo misterioso, além de nossa lógica humana, e percebe que a Paixão de Cristo não é meramente um evento do passado, mas um evento do qual podemos compartilhar pela fé” (n. 154).
Ora, somente Nosso Senhor Jesus Cristo salva e redime o mundo inteiro. Isto não se discute. Mas, na encíclica, há uma proposta alvissareira que eleva, digamos assim, a estrutura de reparações, que passam a ser vistas como “participação livremente aceita em seu amor redentor”. Mas como podemos fazer isto? A resposta está no Evangelho: Amando ao próximo.
Com seu estilo próprio, o Papa questiona: “Agradaria ao coração que tanto nos amou se nos deleitássemos em uma experiência religiosa privada ignorando suas implicações para a sociedade em que vivemos?” (n. 205). Evidentemente NÃO, pois somos chamados a nos reconciliar com todos e, neste sentido construir e fortalecer uma Sociedade de justiça, paz e fraternidade.
Este tipo de atitude, tão própria do cristão, tem como elemento catalisador um tal amor que, ao sair de si, se lança na evangelização, conforme se lê, por exemplo, na Evangelii Gaudium.
Afirma o Papa que “Ao contemplarmos o Sagrado Coração, a missão se torna uma questão de amor. Pois o maior perigo na missão é que, em meio a todas as coisas que dizemos e fazemos, deixamos de promover um encontro alegre com o amor de Cristo que nos abraça e nos salva” (n. 208).
Resumindo: a verdadeira compunção de coração pelos pecados que feriram o Sagrado Coração de Cristo me tira “de mim mesmo” para me mover a um amor ainda maior a Deus e ao próximo.
- Fraternidade e mística: reparar como ato de construir sobre ruínas
Logo na abertura da encíclica, coloca-se uma oposição entre a riqueza do coração e “o domínio mais facilmente controlável da inteligência e da vontade”. Soa como um alerta contra uma mentalidade tão difundida que confere um certo protagonismo tanto ao racionalismo como a uma visão tecnocrática do mundo e seus conflitos.
Aqui, um alerta: visando mitigar a transmissão da verdade de forma estéril, isto é, sem uma autêntica conversão de vida, o Papa faz uma valiosa referência a Santo Inácio de Loyola, dizendo que a reforma da vida “não se trata de conceitos intelectuais que precisam ser colocados em prática em nossa vida diária, como se a afetividade e a prática fossem meramente os efeitos de — e dependentes de — dados do conhecimento” (n. 24).
Para aprofundar estes e outros temas suscitados na Encíclica, o Instituto Parresia promove uma live ao vivo. Participe, divulgue, Evangelize!
Acesse o canal do Instituto Parresia CLICANDO AQUI
Sobre o Instituto Parresia
Siga o perfil no Instagram
Conheça a nossa Plataforma de Cursos Online no Site
Ouça os Podcasts no Spotify
Assista aulas gratuitamente no Youtube
Entre em nosso canal do Telegram
E-mail: institutoparresia@comshalom.org