Desde pequeno fui presente na Igreja, era engajado e tentava fazer de tudo. Contudo nunca fui fiel ao que a Igreja pedia, era artificial, raso, nem seguia seus ensinamentos, mas queria apenas fazer. Sempre fui uma pessoa quieta, vergonhosa, e por ocasiões passadas, eu me fechei muito a tudo e a todos ao meu redor. Tinha muitas inseguranças quanto ao que os outros pensavam ou diziam de mim, e medo de fazer algo que desagradasse a todos. Isso criou em mim um plano de me autocolocar em segundo lugar – sempre os outros em primeiro – e, com isso, me fechava mais ainda. Me chamo Bruno Lucena, tenho 17 anos e vim contar como Deus foi capaz de revelar quem de fato sou.
Por muito tempo eu tentava me encaixar em grupos da Igreja. Sinto que fui levado por uma grande correnteza de influências, tentando parecer “legal” e, de alguma forma, ser aceito por aquilo que estava me influenciando. Às noites em casa, em meu quarto, sentia uma profunda tristeza, me afundando no meu eu, fazendo o que bem entendia, o que gostava e o que queria.
Em 2022, na escola, foi um ano atípico e bastante complicado. Em casa, com parentes, “amigos” e conhecidos, eu recebia muitas reclamações, cobranças, opiniões. E isso entrava em minha cabeça e fazia com que eu próprio se perdesse e aceitasse aquilo como verdade. Essa correnteza me levava cada vez mais forte. Nesse tempo, comecei a pesquisar sobre a Igreja e fui nutrindo todo aquele conhecimento, mas não o praticava. E na Páscoa, fui convidado a participar de uma vigília: foi aí que conheci o Shalom!
Estava animado, com vergonha e um pouco acanhado. Gostava das danças, de tudo e eu lembro sentia um certo acolhimento. Na adoração, quando foi entrando o Senhor Eucarístico, fui sentindo um nervosismo. Eu sentia uma paz, e, à medida que iam se intensificando, era como uma onda, forte, vindo e deixando algo em mim.
Foi aí que o Senhor começou a sua obra: o ponto de partida, o terreno começou a ser preparado.
Com o andar da adoração, vieram rezar em mim, e sentia algo diferente, novo. E assim Deus falou: “EU te dou a graça que tu és Meu, e Eu sou teu.” Lembro de ter ficado parado, pensando naquilo que tinha acabado de escutar. Meu coração batia forte e surgia uma alegria em mim, mas não entendi o que queria dizer. Então fui convidado ao grupo de oração, mas não permaneci. Fugi.
Novo ano. Tempo novo?
Em 2023, mudei de escola e antes de começarem as aulas criei uma lista de como eu deveria ser. Fui criando um EU ARTIFICIAL como modo de ser aceito. comecei as aulas. Cheguei de cara fechada e vi que tinha uma professora consagrada da Comunidade Católica Shalom. Isso já puxou meus olhos. Chegando perto da Páscoa novamente, surge um novo convite para a vigília de Páscoa, de novo no Shalom. Fui convidado pela professora e por amigos. Me animei, porque qualquer oportunidade de sair um pouco, eu ia.
Durante a adoração fiquei no cantinho perto da parede, calado, sem conhecer as músicas… Até começar as orações. Dentro disso, rezaram em mim e proclamaram a passagem do Filho Pródigo, onde mostra o amor, o perdão e a alegria de Deus pela volta do seu filho, e Isaías 43, onde o Senhor falava: “Nada temas, pois eu te resgato. Eu te chamo pelo nome: és meu.” E tive a experiência do repouso, onde o Senhor me transbordou por inteiro e continuou realizando sua obra intensamente.
Sete pessoas vieram rezar, e Deus foi tão cuidadoso que as sete proclamaram praticamente as mesmas coisas. Deus foi tocando verdadeiramente em minhas feridas. Ele fazia com que aquele menino fechado, incrédulo, acreditasse e ouvisse a Sua voz. Chegando no final da adoração, a última pessoa foi rezar por mim: o Daniel. Foi o ápice para mim. Eu horava soluçando. Era uma paz. Parecia que tudo que carregava sozinho estava saindo. Lágrimas que purificavam. Aí o Senhor me pegou no colo, mostrou Sua paternidade, Sua misericórdia e Seu amor.
Após a adoração, fiz um pequeno “acompanhamento”. Fui mais uma vez convidado para os grupos de oração. Pegaram até meu número, mas eu resisti. Porém, aquele sentimento novo, indescritível, continuava. O que estou sentindo? O que foi que aconteceu? Como aconteceu? Queria compartilhar isso com todos ao meu redor.
Meu presente de aniversário: o Acamp’s
Chegando perto do Acamp’s, recebia vários convites: da professora, de Daniel… Só que criava barreiras, mas com um desejo no fundo querendo ir. Falava mais da questão financeira, mas era isso e entre outras barreiras que eu criava.
No final do meu aniversário, beirando o outro dia, recebo uma mensagem de Daniel: “Como assim você não me falou que é seu aniversário?” Eu, todo sem jeito, respondi, e fomos conversando, até que ele fala: “Faça sua inscrição no Acamps.” Eu parei e fiquei olhando. Dei um pulo e fui falar para minha mãe. Eu, já receoso de falar para ela, pensando que ia vir um “não” logo de cara, mas quando falei, foi apenas um: “Vá!” Foi um presente de Deus, verdadeiramente.
Fiz minha inscrição, e aí começou a contagem para vir o tão esperado Acamps. Não sabia absolutamente de nada. Não sabia quem ia, nem como ia, nem com quem falava. Chegou o dia, e vi que ia uma colega da escola e algumas pessoas que eu já conhecia. Isso me deu um ânimo a mais.
Ao chegar lá só estava querendo saber mesmo quando ia ter a adoração, para poder saber o que Deus ia falar. E na adoração, o Senhor confirmava cada vez mais a Sua obra. Me fez entender que eu sou Dele. Me falou de sua paternidade e do Seu amor. Eu chorava e tudo ia se encaixando. Tudo o que o Senhor falou naquela vigília, o Senhor completou neste acampamento.
E tudo ia se fazendo novo. Fui me abrindo mais. Me atentava nas pregações, nas apresentações, nos momentos de fraternidade, e o Senhor ia ali realizando e me fazendo perceber que estou num lugar onde não precisava “programar” como eu seria. Não precisava me fechar. Não precisava me moldar nem me preocupar com os outros.
Na efusão, foi uma virada de chave. O Senhor – Aquele que falou que, mesmo que as montanhas oscilassem e as colinas se abalassem, jamais o amor Dele me abandonaria, e jamais seu pacto de paz vacilaria – Aquele que se compadeceu de mim… Ali começava um novo tempo, uma nova história. Não escrita por mim, mas por Deus. Ali se tornava uma grande família, uma via segura de céu. E o que eu ignorava, fugia… Eu finalmente permaneci! Fui para os grupo de oração, o Porta do Céu. Minha nova família, a Comunidade, e hoje, verdadeiramente, posso perceber a generosidade de Deus: fazer brotar o desejo do transbordamento do “dar de graça o que de graça eu recebi”. De poder entregar a minha vida e, hoje, receber cem vezes mais.
Hoje sei o meu lugar aqui na Terra. Tenho uma vocação, uma via de santidade que me leva a Deus e me faz cada vez mais querer ofertar a minha vida pelos jovens, pela Igreja e por toda a humanidade, para fazer com que possam experimentar aquilo que eu experimentei, aquilo que foi realizado. E vale a pena. Vale muito a pena. Vale muita muita pena.
Hoje tenho uma identidade. Aquilo que antes era desconhecido, escondido por trás de máscaras… hoje, livremente, posso mostrar a minha verdadeira identidade. Bruno, filho de Deus. Obra. Shalom!
Bruno Gabriel
Obra Shalom