Cresci acreditando que tudo o que conseguisse alcançar em minha vida seria em decorrência dos meus esforços e, portanto, méritos unicamente meus. Esse pelagianismo disfarçado passou a reger minha vida espiritual e até então fazia sentido, pois não havia conhecido a verdadeira pedagogia do Sagrado Coração de Jesus.
Em 2014, durante uma peregrinação à Roma na qual havia pecado gravemente, sobretudo com relação à impiedade e à castidade, tive uma experiência que foi de encontro com tudo o que eu acreditava até então. Há poucos dias do retorno, estava com alguns amigos de joelhos numa simples capela em Roma. Eles rezavam e eu olhava Jesus Crucificado como quem “perde tempo”. De uma hora para a outra, sem que eu controlasse, meus pecados vinham todos à minha mente e junto a eles a consciência da gravidade e a certeza que Cristo estava sofrendo num lugar que era meu.
Constrangida com tamanha caridade, comecei a chorar me sentindo indigna daquele ato. Eu tinha acabado de pecar de diferentes maneiras contra o Sagrado Coração de Jesus. Me senti como São Longuinho, pois foi da ferida que lhe causei no coração que veio a água e o sangue que curaram a cegueira que impedia de me perceber amada e de contemplar-me como algoz dAquele que tanto me amava.
A partir desse dia comecei a entender que a Justiça de Deus não existia sem estar profundamente entranhada em Sua Misericórdia; que até o mais puro dos meus pensamentos seriam insignificantes se não fossem os méritos do Cordeiro perfeito e sem mancha que fora imolado por mim.
A experiência com o Sagrado Coração de Jesus não se encerrou naquela sexta-feira, às 15h. Até os dias atuais, sobretudo diante das minhas infidelidades, sou constrangida com o amor de Deus através do Seu Sagrado Coração. Hoje, não mais como a experiência de primeira conversão, mas como a experiência de São Tomé que já conhecia à Deus e após afastar-se do cenáculo, local de oração e da vida comunitária, desacredita na Ressurreição do Senhor e exige uma perícia que comprove o testemunho dos discípulos.
Foge da lógica humana, contemplar que o pecador e descrente “tornou-se digno” e atraiu o próprio Deus a oferecer a experiência com seu coração ferido. São Tomé não só tocou no Coração de Jesus, mais nele adentrou e fixou morada.
O Sagrado Coração de Jesus é mais que um lugar de visita, é delícia dos santos e casa das almas esposas. Feliz daquele que arma sua tenda e se perpetua na fornalha ardente da caridade divina!
Por Giovanna Giordano
Discípula da Comunidade de Aliança