Como Jesus, estamos vivendo um deserto. Deserto de não podermos estar comunitariamente tão unidos. Deserto de olhar ao nosso redor e tantas vezes não enxergar esperança. Deserto ao vermos os números de mortos aumentando. E o que se faz quando só se parece caminhar em meio a areia? Pede-se a Deus paciência com as demoras e coragem para prosseguir.
“Ouve, Israel: ‘Ides hoje combater contra os vossos inimigos’: que vossa coragem não desfaleça! Não temais, nem vos perturbeis, nem vos deixeis amedrontar por eles. Porque o Senhor, vosso Deus, marcha convosco para combater contra os vossos inimigos e para vos dar a vitória.” Deuteronômio 20, 2b – 4.
O medo de um segundo isolamento nos assusta, ainda mais quando há a possibilidade de não participarmos das missas da Semana Santa e outros momentos litúrgicos que favorecem a nossa conversão. Mas a nós resta depender do tempo de Deus e pedir a Ele a coragem de agir não como pessoas “volúveis”, mas como combatentes na fé.
Até porque, seria Deus incoerente a ponto de permitir um tempo difícil sem nos dar as armas necessárias?
A quaresma deste ano traz uma graça exclusiva do tempo em que estamos vivendo. Deus nos quer santos para este tempo, em meio às dores humanas atuais. E não há santidade, sem luta diária pela conversão.
A ação de Jesus quando o demônio veio lhe tentar, foi o apego a Palavra de Deus. Ele não dialogou com o demônio, Ele se apoiou na palavra de Deus, ela deve ser o nosso apoio no deserto em que nos encontramos. Não dialoguemos com as tentações que nos aparecem porque “essa quaresma não é como as outras e assim é mais difícil mudar”, mas procuremos socorro na Palavra.
“A Quaresma é uma viagem que envolve toda a nossa vida, tudo de nós mesmos. É o tempo para verificar as estradas que estamos percorrendo, para encontrar o caminho que nos leva de volta a casa, para redescobrir o vínculo fundamental com Deus, do qual tudo depende” (Papa Francisco na Homilia da Quarta-feira de Cinzas de 2021)
Deus quer muito além dos nossos pés na Igreja, no Centro de Evangelização, ou nas nossas famílias, ele quer o nosso coração. Talvez seja esse o retorno que o Senhor quer fazer na sua vida: te fazer lembrar o sentido da sua oferta. Por isso, aproveite os recursos que Deus nos dá na vocação.
Esvazie a sua casa daquilo que sobra, mas que falta na mesa dos mais pobres. Dedique mais tempo à oração e meditação da via sacra do Senhor. Apoie-se naqueles que lhe pastoreiam (pastores, formadores, coordenadores de ministério). E volte-se a Virgem Maria para que ela lhe ensine a sofrer com as dores da humanidade e com suas próprias.
Escolha viver este deserto ao lado do Senhor, como Ele viveu o deserto, para também, com Ele, ressuscitar.
Por Socorrinha Mouta