O gesto de evangelizar é, em qualquer circunstância, algo que comove… Comove o coração do homem que recebe a novidade de Deus, comove o que evangeliza, porque nota a fidelidade da graça ultrapassar sua incapacidade ou seus esquemas e comove, sobretudo, o coração do próprio autor dessa ação: Deus! Que nos gera com a imensa capacidade de doarmo-nos uns aos outros sem reservas, na caridade de uma evangelização oportuna ou inoportunamente.
Tenho em mente que as permissões de Deus podem gerar tantas graças em nós quanto a Sua vontade propriamente dita, pois a dimensão da misericórdia acaba por, nesses casos, providenciar uma ocasião extraordinária ao movimento de afinidade com o Espírito Santo. Essa inquietação, gerada em vista de conhecermos a forma de lidar com o “novo” de Deus, é capaz de ressuscitar a vida àqueles que, corajosamente, desbravam o desconhecido.
Para mim, a atual pandemia tem sido isso: uma grande e extraordinária oportunidade de transformar a nossa vida comum em testemunho fecundo para aqueles que se encontram adormecidos na graça! E assim tem nos provocado a dinâmica evangelizadora. Enquanto o mundo grita pelo desespero da solidão e do isolamento, temos, antes de tudo, que nos recolher em oração e ali acolher toda pacificidade, sabedoria e parresia do Espírito, pois não basta que saiamos desenfreadamente jogando o Evangelho ‘na cara’ das pessoas.
Ao contrário, aí é que precisamos estar encharcados de compaixão e, assim, darmos ao Divino Semeador a liberdade de nos lançar como semente em histórias de vida cheias de marcas provenientes de relacionamentos familiares relativizados, de políticas sociais insuficientes ou de uma vida frustrada na superficialidade de si mesmo, por exemplo.
Seja um Seminário de Vida no Espírito Santo, seja uma evangelização conjunta, seja um atendimento telefônico na Oração e Aconselhamento: tudo isso é motivo de louvor a Deus, que tem nos enviado a desbravar o coração do homem de hoje por novas vias, muitas vezes sem sequer nos permitir conhecer o rosto daquele o qual tocamos a profundidade da vida levando frutos de paz.
Por Rafaela Ravana
Texto belíssimo, e que toca profundamente em mim nesse tempo. Obrigado minha irmã por sua partilha.