Eu achava que sabia muito sobre o amor de Deus, até me tornar pai. Lembro-me de quando eu estava de joelhos ao lado da minha esposa na hora do parto, eu chorava como uma criança ao ver nascer o pequeno João. Maravilhado, só conseguia dizer “obrigado” a Deus por aquele milagre. Depois viriam mais dois e nunca foi menor cada experiência de contemplar o milagre na vida.
A paternidade gerou em mim algo muito mais forte do que tudo o que eu já havia experimentado. Nas muitas oportunidades que temos de segurar aquela pequena criatura nos braços, sozinhos, só os dois, contemplamos um mistério de Deus. Aliás, vários mistérios!
Sempre penso que todos já fomos daquele tamanho e que eu, de maneira especial, devia ter sido muito parecido com esse bebê. Há ali uma experiência de perdoar a si mesmo. De fato, este bebê já traz na genética muitas coisas e acabará por nos copiar outras tantas. Já começo a sentir compaixão dele (e de nós que trocaremos suas fraldas).
Não bastasse o mistério da vida, acabo por lembrar que o próprio Autor da vida se fez pequeno assim, totalmente apoiado nos braços das criaturas. E, ao crescer, nos ensinou a chamar Deus de… Pai. Sim, Pai!
Hoje, olhando os três garotos um pouco mais crescidos, começo a perceber que eles não me pertencem. No ato criador há uma concessão irremediável de liberdade. Não tenho como controlar tudo e nem poderia. Posso amar, educar, ser melhor, ensiná-los a escolher o bem.
A cada dia que passa, cresce minha convicção de que seremos surpreendidos pelo amor de Deus. Afinal, o que imaginamos sobre “ser pai” não chega perto do que vivemos na prática. É isso que eu e minha esposa transmitimos aos nossos três garotos: por mais que imaginemos o que o Pai nos prepara no céu, Ele sempre nos surpreenderá!