Dom José Alberto Moura
Moisésapresenta ao povo o fato por ele presenciado. Deus lhe fala do meio dofogo (Cf. Dt 4, 33). Na época se tinha como verdade a morte de quemvisse diretamente a Deus. O próprio Moisés viu e continuou vivendo!
Jesusveio apresentar um Deus profundamente humano. Ao contrário da morte,veio trazer vida justamente a quem precisa ver Deus. A pior da morte éa de quem não vê Deus no semelhante. Enxergar quase só os falsos deusesno fogo das paixões, das injustiças e do mal causado à sociedade e ànatureza… ver somente os próprios interesses e ficar cego para tantasnecessidades do semelhante… não assumir os compromissos familiarescom a convivência de verdadeiro amor… manifestar fé sem se preocuparcom o bem da comunidade e da Igreja… só pensar em si em detrimento dobem comum… tudo isso é morte para o encontro com Deus…
Deustem um plano de amor para a humanidade. Abrir-se a Ele é enxergar osentido da vida para se fazer dela a construção de um convívio commútua ajuda, entendimento ecumênico, união de esforços pela promoção depolíticas públicas inclusivas dos mais necessitados, doação de si parao serviço aos que vivem a mercê de esmolas e são desprezados. Ostalentos que cada um recebe não são para o entesouramento pessoal. Atéos estudos têm uma hipoteca social e realizam as pessoas que osutilizam com ideal de servir.
Ofogo de Deus nos faz perceber sua presença. Ele nos quer ver assumindoa grande missão, como a de Moisés, para somarmos forças e ajudarmos acomunidade a se libertar de tantas mazelas sociais e encontrar ocaminho que leve à vida de justiça e amor. É preciso abrir os olhos dafé e da boa vontade, superando a cegueira do egoísmo ou fechamento nospróprios projetos finalizados em nós mesmos. São Paulo nos lembra anecessidade de superarmos nossas escravidões: "De fato, vós nãorecebestes um espírito de escravos, para recairdes no medo, masrecebestes um espírito de filhos adotivos, no qual todos nós clamamos:Abá, ó Pai!" (Rm 8, 15).
Quandovemos o fogo do amor de Deus, assumimos nossa missão de pessoas éticas,comprometidas com a verdade e o bem. Assumimos o compromisso do batismopara sermos verdadeiros apóstolos da libertação de tudo o que escravizaas pessoas ao ódio, vício e todas as paixões. Aceitamos o envio deCristo: "Ide e fazei discípulos meus todos os povos… e ensinando-os aobservar tudo o que vos ordenei!" (MT 28, 19.20).
ODocumento de Aparecida, dos bispos da América Latina e do Caribe, noslembra a grande caminhada de discípulos missionários para promovermos avida de realização de todos, conforme o desejo do Filho de Deus: "Paraque todos tenham vida abundante!" (Jo 10, 10).
Ofogo do amor de Deus não nos deixa inertes. Ao contrário, faz-nosdesenvolver nossas capacidades para servirmos o bem comum. O fechamentoem nosso egocentrismo nos faz queimar em nossos próprios desejos. Se osfizermos sublimar para servir a comunidade, conseguimos nossarealização plena.