Meu nome é Vítor Bomfim Santos, tenho 31 anos, sou natural de Cedro de São João (SE). Sou o segundo filho de três, de família tradicionalmente católica. Sempre fui muito ligado à Igreja. Levado por minha mãe, participava de Coral de crianças, de peças de teatro e do ministério de música na Paróquia.
No ano de 1998, quando eu tinha 10 anos de idade, minha mãe me levou para um Seminário de Vida no Espírito Santo realizado pela Comunidade Católica Shalom na cidade de Propriá (SE). Acredito que ali (de forma misteriosa) a semente do Carisma havia despertado em mim.
Shalom na minha cidade
Recordo que desde a primeira vez em que eu vi um consagrado da Comunidade Shalom e escutei seu testemunho, percebi sua alegria e a dos demais irmãos. Confesso que me senti profundamente interpelado.
Pouco tempo depois comecei a fazer parte dos grupos de oração – que começaram a fazer parte do meu ritmo semanal. Conheci novos amigos, novos irmãos na caminhada e de fato, neste período e desta forma, tive a experiência com Deus através da Comunidade Shalom.
Fiz o Seminário de Vida no Espírito Santo no ano 2000 (não mais levado por minha mãe) e desde então passei a fazer parte da Obra Shalom.
Vida comunitária
A minha experiência com a vida comunitária foi em um retiro chamado Dê suas férias para Jesus. Onde 12 jovens do Projeto Juventude para Jesus (PJJ) foram convidados a passar uma semana vivendo a rotina da Comunidade de Vida: tendo manhãs de oração, tardes de apostolado e momentos de convivência e fraternidade nas noites.
Poucos anos depois comecei a fazer o Vocacional da Comunidade Shalom, no qual realmente percebi-me chamado por Deus à Comunidade de Vida Shalom. Em 2006, ingressei, pedagogicamente, na Comunidade de Aliança, passei um ano amadurecendo o chamado a Comunidade de Vida.
Até que em 2007 ingressei na Comunidade de Vida, fui enviado para a cidade de Mossoró, depois para o Discipulado de Pacajus (2008). Posteriormente fui enviado para a cidade de Fortaleza no Shalom de Fátima (2009), onde discerni o meu ingresso no Seminário.
Algo muito importante é que esse processo ocorreu no Ano Sacerdotal (2009). Onde a Igreja e a Comunidade mergulhavam na dimensão do sacerdócio. Providencialmente, pude rezar, conhecer melhor por meio de formações e motivações o chamado específico ao Sacerdócio.
Algo em mim, pela graça deste ano, estava inclinado a esta possibilidade. Deus estava me falando por meio das formações pessoais que queria realizar um novo em minha vida e falar-me em relação ao meu estado de vida.
O sim
Foi quando, já um pouco incomodado interiormente com esta possibilidade, fui de férias para a minha cidade natal. E ao entrar na Catedral Metropolitana de Aracaju (SE) me deparei com várias mulheres rezando uma jaculatória diante de Jesus Eucarístico: “Dá-nos Sacerdotes santos, Senhor!”
Naquele momento, ao escutar esta oração e olhar Jesus Eucarístico. Fui envolvido por uma graça de grande e inexplicável paz. Desde então prossegui o discernimento de forma mais responsável, rezando, partilhando com as minhas autoridades, até o dia em que mandei a carta pedindo ingresso para o Seminário na Comunidade Católica Shalom.
Fiz questão de relatar todo este percurso na Comunidade, pois reconheço que sem ela, dificilmente teria acolhido o chamado ao Sacerdócio. Não me sentia identificado com o chamado ao Sacerdócio tradicional. Foi na vivência comunitária, no chamado específico da Comunidade Católica Shalom que pude reconhecer o chamado ao Sacerdócio.
Com o passar dos anos no Seminário, em meio aos estudos filosóficos e teológicos, a convicção ao Sacerdócio foi crescendo, a amizade com Jesus igualmente. Olho para trás e vejo que o caminho de contemplação, unidade e evangelização foi basilar neste percurso formativo.
Desafios
As provações ao longo destes anos foram grandes e hoje avalio como importantes para purificar a minha vontade e fortalecer a minha adesão a este caminho que não era mais somente a Vontade de Deus, mas apaixonadamente, tornou-se a minha vontade também.
Houve tempos onde foi mais difícil estudar, tempos desafiantes na família. Recordo-me que o mais doloroso foi 2013, quando meu pai começou a padecer gravemente com um câncer, que posteriormente o levou a óbito. Tudo isso me lançou a unir o meu sim pobre ao sim de Cristo e caminhar firmemente em direção à Sua vontade.
Com a morte do meu pai, o céu passou a ser uma realidade concreta para mim. Percebi que Deus também me chamava a ser pai, a cuidar de um povo, que cresce, de um povo com rostos e nomes concretos: os jovens, as famílias, os pobres, hoje os vocacionados em Fortaleza.
Desta forma, percebo que Deus vai alargando meu coração a acolher mais pessoas, a doar-me, a alargar os horizontes e amar com mais intensidade. Passados estes 9 anos como seminarista, posso dizer que neste caminho de dores e alegrias, de quedas e renovações, fui apoiado pela Graça de Deus e sustentado pela vivência do Carisma Shalom.
Busquei viver estes anos com o desejo de em tudo amar a Deus e ao próximo e é assim que quero permanecer.
Alegria deste momento
O dia da Ordenação Diaconal foi o início de uma vida nova com Deus na Comunidade! Abro-me! Encho-me de alegria e expectativa! Com muita gratidão quero cantar também como Maria o meu magnífica.
Quero ser um padre segundo coração de Deus. Rezo por aqueles que Deus chama a esta vocação. Abram-se sem temor a esta voz. Não tenham medo! Se Deus vos chama, Ele, que é fiel, se encarregará de vos conduzir.
Rezem por mim! Shalom!
Vítor Bomfim Santos
