Meu nome é Francine Araújo, sou postulante da Comunidade Católica Shalom, e sou da Missão de Santo André (SP). Quero hoje começar meu testemunho com uma palavra muito cara para mim: “O Senhor deu, o Senhor me tirou; bendito seja o nome do Senhor”, Jó 1,21.
Esta é a passagem mais marcante em minha história como Shalom até aqui. Ela me faz enxergar todo o movimento da Divina Providência que Deus tem realizado em minha vida.
Conheci a Comunidade em 2022, estava bem empregada, tinha um salário muito bom e uma vida financeira muito boa. Até mesmo investimentos etc. Nesse movimento de retirar seguranças, descrito no livro de Jó, a primeira coisa que Deus fez foi me tirar o emprego. E, quando a gente está começando na caminhada, não entende bem essas coisas… Mas depois que eu fui percebendo que o desejo do Senhor era me educar e me podar. Me transformar…
“Eu sempre acreditei que o dinheiro era a minha segurança”
Eu pensava: “se eu tenho um bom trabalho, uma renda muito boa, então são essas coisas que vão me garantir”. E não, isso não é verdade. O Senhor foi me fazendo compreender que a minha segurança está nEle e não no dinheiro.
Desde que perdi o emprego, em 2022, minha vida financeira não foi mais a mesma. Eu não tenho mais nada. Nada. Deus tirou tudo. Foi mais do que o antigo trabalho… Todo o dinheiro que eu tinha aplicado, tudo isso sumiu. Evaporou. Foi assim que Ele me fez experimentar realmente que Ele é o meu tudo e como devo dar o meu tudo pra Ele.
É engraçado que hoje o meu tudo é nada, literalmente.
E, sem essa segurança dos bens materiais, do dinheiro, posso dizer que eu sou infinitamente mais feliz com a vida que eu vivo hoje. Se eu tivesse que escolher entre a vida que eu tinha e a vida que eu tenho agora, eu escolheria a minha realidade atual. Porque hoje eu sei em quem devo colocar minha confiança. Minha segurança.
A Graça e Experiência que a Divina Providência me deu
Tenho vivido muitas vezes a realidade de não ter dinheiro para fazer as coisas e, de repente, o recurso aparecer. Não vejo esse movimento como uma barganha, uma troca. Não é isso.
É, na verdade, a vivência do abandono nas mãos do Pai.
O Senhor sempre me falava dessa verdade e eu não conseguia entender. Toda vez que alguém rezava por mim, as moções iam na direção desse abandono. Hoje, sim, diante de tudo o que eu vivi. eu compreendi que Ele queria que eu confiasse plenamente minha vida nas mãos dele.
O caso da Faculdade – Estou estudando e a rematrícula da minha faculdade era, na época, em torno de uns 800 reais. E eu, de verdade, não tinha de onde tirar.
Meu pai, que sempre me ajuda, já tinha feito tudo por mim e também não conseguia dar mais.
Eu,muito triste, passei na igreja. Fui entregando tudo a Deus, chorando, do fundo do meu coração… Falei da dificuldade na vida financeira, que eu não tinha mais de onde tirar o dinheiro, mas que precisava pagar minha faculdade, pois já tinha discernido que era a vontade de Deus esse curso.
Eram 9h da manhã.
Nesse mesmo dia, estava de férias. E não estava tendo contato todos os dias com os meus amigos da faculdade. Às 17h, um amigo da faculdade me mandou uma mensagem. Eu o evangelizo constantemente e sempre convido para o Shalom.
Ele simplesmente me disse: “Olha, eu vou te falar uma coisa, porque você é dessas pessoas que entende dessas coisas de Deus. Eu tô sentindo no meu coração que eu tenho que pagar a sua rematrícula. Eu não sei te explicar, mas sinto que Deus está me chamando pra fazer isso”. Desabei no choro. Vi realmente o cuidado de Deus. Ele vê as nossas necessidades, é real.
Ele sabe! E, de uma forma ou de outra, sempre providencia. Isso fortalece cada vez mais o meu desejo, a minha alegria de dar de volta aquilo que Ele me dá, sabe?
A Transformação no meu modo de devolver a Comunhão de Bens
Dentro dessa dinâmica das minhas comunhões de bens, eu me pego refletindo que antes eu ganhava muito bem, mas eu não conseguia ser fiel ao dízimo nem na paróquia.
Hoje, ganhando bem menos, eu consigo ser fiel à Comunhão de Bens. E agora tenho certeza que Deus tem se agradado da minha oferta. É algo comparável à passagem de Caim e Abel porque a qualidade da minha doação é baseada na sinceridade e na fé com que ela é feita.
O dia em que eu puder ter um salário melhor, tenho certeza que o meu olhar será outro.
Minha oferta será sem peso, sem dó, sem constrangimento. Com a mesma alegria de ser fiel no pouco, creio que serei fiel no muito, apoiada pela Graça de Deus.
Francine Araújo
Postulante da Comunidade de Aliança
Missão Santo André, São Paulo