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Domingo: o “dia supremo da fé”

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João Paulo II falou sobre a importância do Domingo na vidado cristão. Dentre outras coisas disse que quando o domingo perde o seusignificado e fica subordinado a um conceito profano de fim de semana, dominadopor atividades de diversão e esportes, as pessoas ficam presas em um horizontetão estreito que mal podem enxergar a vida que os transcende. Vale a pena ler erefletir.

 

O convite de Nosso Senhor "vem e segue-me" (Mt 4,19) é tão válido hoje como foi nas margens do mar da Galiléia há mais de doismil anos. A alegria e a esperança do discipulado cristão marcam a vida deinúmeros padres australianos, religiosos, homens e mulheres de fé que juntosprocuram responder ao chamado de Cristo e trazem sua verdade para ser exercidana vida eclesial e cívica da vossa nação. Não obstante isso, perniciosasideologias de secularismo encontraram terreno fértil na Austrália. Na raíz dessedesenvolvimento preocupante, há a tentação de promover uma visão da humanidadesem Deus. Isso aumenta o individualismo, rompe o vínculo essencial entre aliberdade e a verdade e corrompe o relacionamento que caracteriza a vida socialgenuína. Os vossos relatórios descrevem algumas das conseqüências destrutivasdesta eclipse do sentido de Deus: o enfraquecimento da vida familiar; oafastamento da Igreja; uma limitada visão de vida que não consegue despertarnas pessoas o chamado sublime a "voltar-se também para uma realidade que otranscende".

Diante destes desafios, quando os ventos nos são contrários(cf. Mt 6, 48), diz o próprio Senhor: "Coragem, sou eu, não temais"(Mc 6,50). Permanecendo firmes na esperança também vós podeis afastar aapreensão e o medo. Sobretudo numa cultura do "aqui e agora" osBispos devem distinguir-se como impávidos profetas, testemunhas e servos daesperança de Cristo. Ao proclamar esta esperança que emana da Cruz, estouconfiante de que guiareis os homens e as mulheres das sombras da confusão morale do modo de pensar ambíguo para o fulgor da verdade e do amor de Cristo. Defato, somente compreendendo o destino final da humanidade, ou seja, a vidaeterna no Céu, é possível explicar a multiplicidade das alegrias e dosdesprazeres quotidianos, consentindo às pessoas abraçar o mistério de sua vidacom confiança.

O testemunho da Igreja a respeito da fé que ela detém (cf.1Pd 3,15) é particularmente poderoso quando se reúne para o culto. A Missadominical, dada a sua especial solenidade e a presença obrigatória dos fiéis, eporque vem celebrada no dia em que Cristo venceu a morte, expressa com grande ênfase adimensão eclesial inerente à Eucaristia: o mistério da Igreja torna-se presentede modo muito tangível. Consequentemente, o domingo é o "dia supremo dafé", "um dia indispensável", "o dia da esperançacristã!".

Qualquer enfraquecimento na observância dominical da SantaMissa, enfraquece o discipulado cristão e ofusca a luz do testemunho dapresença de Cristo no nosso mundo. Quando o domingo perde o seu significadofundamental e se torna subordinado a um conceito secular de "fim desemana" dominado por coisas como o entretenimento e o desporto, as pessoaspermanecem fechadas num horizonte tão limitado que não conseguem mais ver océu. Em vez de ser verdadeiramente satisfeita ou animada permanece aprisionadaem considerações sem sentido do novo e privada do vigor perene da "águaviva" (Jo 4,11) de Cristo. É evidente que a secularização do dia do Senhorcompreensivelmente vos causa muita preocupação; porém, podeis obter conforto dafidelidade do próprio Senhor, que continua a convidar o seu povo com um amorque desafia e convoca. Exortando os caros fiéis na Austrália e de modo especialos jovens a permanecerem fiéis à celebração da Missa dominical, faço minhas aspalavras da Carta aos Hebreus: "Sem esmorecer, continuemos a afirmar anossa esperança (…) não deixando as nossas reuniões (…) mas animando-nosuns aos outros" (Hb 10, 23-25).

A vós, como Bispos, sugiro, enquanto moderadores daliturgia, que deis a prioridade pastoral a programas catequéticos que ensinemaos fiéis o verdadeiro significado do domingo e lhes inspirem a observá-loplenamente. Para tal fim, reitero a leitura da minha Carta Apostólica DiesDomini. Ela delineia o caráter peregrino e escatológico do Povo de Deus quehoje pode ser tão facilmente esmaecido por uma compreensão sociológicasuperficial da comunidade. Memorial de um evento passado e celebração dapresença viva do Senhor Ressuscitado em meio do seu povo, o domingo olha tambémpara a glória futura da Sua nova vinda e para a plenitude da esperança e daalegria cristã.

Intimamente ligada à liturgia está a missão da Igreja deevangelizar. Enquanto a renovação litúrgica, ardentemente desejada peloConcílio Vaticano II, levou justamente a uma participação mais ativa econsciente dos fiéis em suas próprias tarefas, este envolvimento não devetornar-se um fim em si mesmo. "A finalidade que tem o estar com Jesus, épartir de Jesus, sempre contando com o seu poder e a sua graça". Éprecisamente esta dinâmica que vem articulada pela oração depois da comunhão epelo rito conclusivo da Missa. Mandados pelo mesmo Senhor para a vinha, aprópria casa, o lugar de trabalho, a escola, as organizações cívicas osdiscípulos de Cristo não podem estar "numa praça desocupados" (Mt20,3), nem podem estar tão profundamente imersos na organização interna da vidaparoquial a ponto de serem desobrigados do mandamento de evangelizar os outrosde modo ativo. Renovados pela força do Senhor Ressuscitado e pelo seu Espírito,os seguidores de Cristo devem retornar para a sua "vinha" ardentes dodesejo de "falar" de Cristo e de "mostrá-lo" ao mundo.


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