É pecado comer carne na Semana Santa? Ora, antes de nos perguntar o que é pecado e o que não é, devemos nos perguntar em que consiste determinada coisa, qual a sua origem e razão de existir.
A abstinência de carne não é outra coisa a não ser uma forma de penitência. Ora, a penitência é definida pelo Catecismo como uma reorientação radical da vida por inteiro, um regresso, uma conversão a Deus de todo o coração, que comporta uma ruptura com o pecado, uma aversão ao mal, com repugnância pelas más ações cometidas, e que implica, simultaneamente, o desejo e o propósito de mudar de vida, com a esperança da misericórdia divina e a confiança na ajuda da sua graça (cf. CIC 1431). Assim sendo, a abstinência de carne é uma ferramenta que contribui com a nossa conversão, mortificando o nosso homem velho e fortalecendo o nosso homem novo em Cristo. Desta forma, a abstinência de carne é uma prática salutar recomendada a todos os fiéis.
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Os tempos da quaresma e da Semana Santa são tempos excelentes para deixar que Deus opere em nós a conversão, acolhendo a sua graça e colaborando com ela através dos nossos atos. A Semana Santa é a semana mais importante do ano! Deus tem reservadas graças particulares para nós nesses dias. Por que não colaborar com elas através de atos que contribuam com a nossa conversão?
Abstinência auxilia no processo de conversão
Esta deve ser a nossa postura em relação à abstinência de carne: ela deve ser tida como uma poderosa ferramenta que está ao nosso favor no maior e mais importante objetivo da nossa vida: a conversão a Deus.
Para responder se acaso é pecado não se abster de carne na Semana Santa, deve se fazer uma reflexão a partir do dito até aqui. O consumo de carne em si mesmo nada tem de pecaminoso. Contudo, a recusa de nos abster dele pode sê-lo, dependendo do motivo.
Por exemplo, não querer se abster de carne na semana santa por não se importar com Deus e as práticas religiosas, pode ser considerado um pecado de indiferença a Deus (cf. CIC 2094) ou até mesmo de irreligião (cf. CIC 2118). Por outro lado, não se abster de carne na semana santa pela incapacidade de abdicar do prazer que ela concede, pode ser considerado uma falta de autodomínio, um defeito origem de muitos pecados, como gula e luxúria, entre outros. Nesse caso, também deve ser considerado um mal. Enfim, se a pessoa não quer se abster de carne apenas porque não quer fazer penitência, pode ser expressão de uma falta de desejo de se converter a Ele, o que poderia ser considerado pecado de presunção de si mesmo ou da misericórdia de Deus para salvar-se (cf. CIC 2092).
Em virtude do anterior, a Igreja, que, como uma boa mãe, sabe o que é bom para a nossa conversão, nos prescreve a abstinência de carne em dias e tempos penitenciais: “O quarto preceito [da Igreja] (‘Guardar abstinência e jejuar nos dias determinados pela Igreja’) assegura os dias de ascese e de penitência que nos preparam para as festas litúrgicas e contribuem para nos fazer adquirir domínio sobre os nossos instintos e a liberdade do coração” (CIC 2043).
Os dias e tempos penitenciais compreendem todas as sextas-feiras do ano e o tempo da quaresma (cf. Código de Direito Canônico, cân. 1250). Convém, então abster-se de carne vermelha todas as sextas-feiras do ano (que não coincidam com uma solenidade) e observar a abstinência e o jejum na quarta-feira de cinzas e na Sexta-feira da Paixão (cf. Cân. 1251).
Que Deus nos dê a graça de viver uma penitência cheia de sentido e interioridade!
Participe do Retiro de Semana Santa 2024
As inscrições para o Retiro de Semana Santa 2024 já estão abertas. Os interessados podem acessar o site oficial do evento: www.semanasantashalom.com.br. Além de oferecer acesso a toda a programação do encontro, a inscrição ajuda a custear o espetáculo A Paixão de Cristo.
Serviço
Retiro de Semana Santa (on-line)
Quando: 28 a 31 de março de 2024
Inscrição para o retiro on-line: semanasanta.com.br
CNPJ: 07.044.456/0001-00 | Razão Social: Comunidade Católica Shalom | C.C: 31.056-5 | Ag. 1369-2
Na Sexta-Feira Santa comer carne é de fato pecado, pois infringe um mandamento da Santa Igreja, inclusive em matéria grave. Con as devidas exceções e determinações, o mesmo ocorre para as outras sextas-feiras, a menos que comutada a abstinência conforme prescrição da CNBB.