Essa foi uma pergunta que sempre encontrou eco no meu coração. Antes de ter uma experiência com Deus eu sempre brincava dizendo que gostaria de ter seis filhos, um de cada cor, raça ou etnia. Queria ser mãe de um povo que representasse o mundo todo, esse desejo me acompanhava e eu pensava em estudar muito, ganhar muito bem para realizar esse sonho. Eu nem imaginava que esse era um sonho de Deus e que se concretizaria no Celibato Pelo Reino dos Céus.
Quando Deus me chamou ao Celibato foi uma das primeiras coisas que eu disse a Ele: e os meus seis filhos? A resposta veio por uma irmã consagrada da Comunidade que uma vez me ouvindo falar sobre isso, disse: Enne, Deus atendeu seu pedido. Você, como celibatária, é mãe de todos. Você tem esses seis filhos e muito mais.
Hoje, é assim que me sinto, mãe de todos. Saber que ofertei filhos biológicos, porque Deus quis alargar o espaço do meu coração, me faz unida a tantas mães biológicas e me faz adotar os filhos que Deus quis me dar.
Quantas vezes no meio da noite sou surpreendida por um jovem que passa por problemas, quantas vezes estendi meu horário de trabalho e perdi a hora de voltar para casa porque um aluno que precisava conversar precisou de mim, quantas vezes deixei o descanso para estar com alguém no hospital ou mesmo corri ao encontro de um jovem que perdeu um ente querido em alguma outra cidade. Quantas vezes me fiz e faço do meu coração um útero para gerar os filhos espirituais que Deus me confia, sendo eles crianças, jovens, sacerdotes, famílias ou idosos.
O que seria da humanidade sem as mães? Nem existiria. O que seria da Igreja sem as mulheres celibatárias? Respondo usando as palavras do Papa Franciso: faltaria o carinho, a maternidade, a ternura, a intuição das mães.
Acolher o Celibato não me tornou estéril, mas, pelo contrário, alargou as tendas do meu coração, como diz a Palavra de Deus em Isaías 54: “Dá gritos de alegria, estéril, tu que não tens filhos; entoa cânticos de júbilo, tu que não dás à luz, porque teus filhos serão mais numerosos do que os da mulher casada, declara o Senhor. Amplia o espaço da tua tenda, desdobra sem constrangimento as telas que te abrigam, alonga tuas cordas, consolida tuas estacas, pois deverás estender-te à direita e à esquerda; teus descendentes vão invadir as nações, povoar as cidades desertas”.
Feliz dia das mães a todas as mães biológicas e espirituais. Que Deus nos faça mulheres fecundas onde Ele nos chamar.
Enne Karol – Consagrada da Comunidade de Aliança e Celibatária