Deus é perfeito em tudo que faz. Vivencio essa realidade sempre que conduzo o Grupo de Oração para crianças na minha missão. Ontem, foi dia de nos encontrarmos com a graça de Deus. Procuro, de fato, seguir as moções do Espírito Santo na condução do grupinho, pois, como diz o filósofo Sócrates, “só sei que nada sei”. E, ontem, iniciamos as atividades relacionadas ao Tempo Litúrgico da Quaresma com as crianças.
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Fizemos como sempre as nossas orações iniciais, pedindo o auxílio do Espírito Santo, seguimos fazendo nosso louvor com as músicas lúdicas e as dancinhas; afinal, criança é alegria, ainda que em seu nível de compreensão, tenha profundidade para perceber a sutileza das verdades divinas. Após o momento inicial, começamos a conversar sobre o sentido da Quaresma.
De fato, procuro ficar atenta às mínimas moções do Espírito santificador. Como logoterapeuta, naturalmente, vou usando com as crianças o diálogo socrático, obviamente numa linguagem bem acessível. E percebo que as crianças são profundas em suas respostas e indagações. Perguntei o que era a Quaresma e cada uma foi falando o que entendia sobre esse Tempo Litúrgico e as respostas foram as seguintes:
“Quarenta dias no deserto”, “tempo que Jesus passou quarenta dias se preparando para a Páscoa”, “momento que vem antes da Ressurreição”, etc.
Perguntei sobre o deserto, como ele é? É um momento fácil? As respostas vieram assim: “não, o deserto não é um momento fácil, é um momento de estar só, em oração, não tem shopping, brincadeiras nem sorvete” e “pode ter água, comida pouca e muita oração”. Um dos meninos de 8 anos falou: “ah… Eu tenho um jardim!” Sim! Lembrei-me do Jardim das Oliveiras, onde Jesus orava. Sabemos como Jesus e muitos santos apreciavam estar no jardim. Crianças amam jardim e não poderíamos deixar de fora do nosso diálogo o jardim, não é mesmo?
Daí chegamos à conclusão que assim é a vida: tem momentos de deserto, onde as coisas não ficam tão fáceis, mas também tem momentos de jardim, onde pode até ter água e nos refrescarmos, aliviar um pouco a dureza que vivenciamos no deserto. Perguntei às crianças se elas tinham deserto na vida delas, momento em que era difícil, árduo, e elas disseram que sim, então brevemente pedi: lembrem do seu deserto – fazendo uma brevíssima pausa de silêncio. Perguntei logo em seguida: vocês têm jardim na vida de vocês? Elas confirmaram que também tinham jardim. Também numa brevíssima pausa pedi que lembrassem do seu jardim. Elas assim fizeram.
E assim fomos conversando sobre nossos desertos e nossos jardins. Percebemos que passar pelo nosso deserto junto com Jesus era mais fácil que passar sem Jesus. E, assim, pedimos a Ele para que ficasse conosco quando estivéssemos passando pelo deserto. Na realidade, podemos unir nosso deserto ao deserto de Jesus. E quando chegar o momento do jardim, podemos desfruta- ló, viver a alegria do jardim também com Jesus.
Passamos a conversar um pouco sobre as obras de caridade que são valiosas a serem vividas nesse período quaresmal, ou seja, dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir os que não têm roupas, visitar os doentes, visitar os presos, acolher o peregrino, etc. Daí, começamos a escrever, cada um de nós, dois pequenos bilhetinhos para as pessoas que estão presas, fui explicando as crianças que aquelas pessoas estão presas porque cometeram algum delito e lá estão pagando pelo que fizeram, mas Jesus nos deixou isso em seu mandamento.
Em seguida, com a permissão de cada um fui lendo os bilhetinhos que mais e mais nos inspiravam. Foi um momento muito lindo! Fechamos nossos olhos e pedimos com a oração do anjo da guarda e a Ave Maria que levasse tudo que fizemos naquela tarde para o coração de Deus. Finalizamos pedindo aos santos que nos trouxessem na próxima semana novamente para o nosso encontro do grupo de oração. Foi um pequeno grande momento de encontro com Deus e nosso coração se encheu de gratidão por estarmos mais um sábado juntinhos em oração. Porque Deus é perfeito!
Martha Maria Veloso
Discípula da Comunidade Católica Shalom
Psicóloga, logoterapeuta e terapeuta de casal e família
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