“O trabalho é pois um dever: ‘Quem não trabalhar , tambémnão há de comer’(2Ts3,10). O trabalho honra os dons do Criador e os talentosrecebidos. Suportando a pena do trabalho, unido a Jesus, o artesão de Nazaré eo crucificado do Calvário, o homem colabora de certa maneira com o Filho deDeus na sua obra redentora. Mostra´se discípulo de Cristo carregando a cruz decada dia, na atividade que está chamado a realizar. O trabalho pode ser um meiode santificação e uma animação das realidades terrestres no Espírito de Cristo”(CIC, 2427). Esse ensinamento da Igreja mostra bem o valor sobrenatural dotrabalho do homem; e portanto, diz aos pais o quanto é importante introduzir osfilhos no mundo do trabalho com uma correta mentalidade que lhes acompanhe avida toda. O mundo da oficina deve ser tão sagrado quanto o seio da igreja ondeentramos para celebrar o Santo Sacrifício. Não podemos dividir a nossa vidanuma parte profana e outra religiosa; o mesmo Deus é o autor da fé e dotrabalho, e quer, que através de ambos cheguemos à santidade. São DomingosSávio, modelo de santidade jovem, dizia que ser santo “é cumprir bem os deverese ser alegre”. Que receita simples, nascida no coração de uma criança santa!Nós leigos somos chamados a santificar o mundo através do trabalho. Um mautrabalhador, preguiçoso, negligente, displicente, é também um mau cristão.Temos que ensinar aos nossos filhos que o trabalho não deve ser bem realizadosó quando o patrão está perto, ou quando o salário é gratificante; mas, emqualquer circunstância deve ser bem feito, para a maior glória de Deus. SãoPaulo, ao escrever aos colossenses, disse: “Tudo o que fizerdes, por palavrasou por obras, fazei´o em nome do Senhor Jesus, dando por Ele graças a Deus Pai”(Col 3,17). “Tudo o que fizerdes, fazei´o de bom coração, como para o Senhor enão para os homens. Sabeis que recebereis como recompensa a herança das mãos doSenhor. Servi ao Senhor Jesus Cristo” (Col 3,21). Esses ensinamentos doApóstolo mostram que “tudo” o que fazemos deve ser bem feito, por amor a Deus epara Deus; e, é Dele, de Suas Mãos, que vamos receber o prêmio da fidelidade deter trabalhado bem, por mais simples que seja o nosso ofício. Portanto, épreciso ensinar o filho a trabalhar como se o Senhor fosse o Patrão; e naverdade Ele é o grande Chefe desta oficina que é o mundo. Não permitam que osfilhos caminhem na ociosidade, para que não cheguem às moradas dos vícios.
Ira e ressentimento
O ser humano, naturalmente, é levado à ira e ao ódio quandoé contrariado e ofendido; uns mais, outros menos, conforme a própria índole. Ospais cristãos precisam ensinar aos filhos o que Jesus nos ensinou: “não pagar omal com o mal”, mas com o bem. E isto não é fácil; pois o mundo ensina sempre o“bateu, levou”, isto é, o revanchismo, a desforra. “Não resistais ao mal. Sealguém te ferir na face direita, oferece´lhe também a outra” (Mt 5,38). “Quandoo ímpio amaldiçoa o adversário, amaldiçoa´se a si mesmo” (Eclo 21,30). “Amai osvossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam eperseguem” (Mt 5,43). A marca mais distintiva do cristianismo é o perdão quevence o ódio, o desejo de vingança, a sede de represália. Sobretudo neste pontoé difícil educar os filhos porque o mundo fala´lhes uma linguagem oposta. Mas,se quisermos os nossos filhos verdadeiramente cristãos, temos que insistirnesta máxima de Cristo, o perdão. O ódio é destruidor; a violência gera maisviolência; o mundo só poderá ter paz a partir da quebra da corrente daviolência pela força do perdão. Sobretudo é preciso exigir dos filhos estecomportamento em casa, e nunca permitir que fiquem uns brigados com os outros, semse falarem, etc. “Agora, porém, deixai de lado todas essas coisas: ira,animosidade, maledicência, maldade, palavras torpes … (Col. 3,8). Os paisdevem desenvolver nos filhos a virtude da mansidão cristã que sabe perdoar.“Aquele que se quer vingar sofrerá a vingança do Senhor, que guardarácuidadosamente os seus pecados” (Eclo 28,1). “Não se ponha o sol sobre o vossoressentimento. Não deis lugar ao demônio” (Ef 4,26). O ódio é como que a cólicada alma; antes de matar o inimigo, mata primeiro, lentamente, o próprio dono. Éum lento suicídio. A cólera é como uma loucura momentânea, que se não forcontida termina em tragédia. Por isso, é sinal de sabedoria saber conter´se epassar por cima da ofensa recebida. Longe de ser um ato de fraqueza, é um gestode fortaleza, digno dos fortes. O perdão é a face mais bela do amor, por issoCristo morreu perdoando os seus algozes. Foi a maior lição que Ele nos deixou.
Inveja e ciúmes
Outro mal que deve ser combatido nos filhos é a inveja quese aninha no coração. Ela é mais forte e mais comum no filho inseguro; estesente´se mal diante do sucesso dos irmãos e dos amigos, e torce para que essesfracassem. O sentimento de inveja e de ciúme deve ser combatido pelabenevolência, que consiste em pensar bem dos outros, desejar o seu bem, falarbem deles, e ajudá´los nas suas necessidades. Por inveja aconteceu o primeiroassassinato da humanidade, um fratricídio, Caím matou Abel. E a bíblia nosassegura que foi por inveja que o pecado e a morte entraram em nossa história.“É por inveja do demônio que a morte entrou no mundo…” (Sb 2,24). Foi tambémpor inveja que os irmãos de José o venderam para a caravana que ia para oEgito. Também Jesus foi morto por inveja (cf. Mt 27,18), por parte daqueles quenão tinham o seu poder e a sua autoridade. “A inveja e a ira abreviam os dias,e a inquietação acarreta a velhice antes do tempo” (Eclo 30,26). A inveja é umbaixo sentimento; próprio daqueles que não se conformam com o próprio fracassoou com uma posição inferior aos outros. Devemos ensinar aos filhos secontentarem com o que são, com o que têm e com o que fazem, e lutar parasuperar a si próprios, sem a necessidade de derrubar os outros.
Avareza e caridade
Todos sabemos a atração que o dinheiro exerce sobre nós. Umadas piores escravidões é a dele, pois faz o homem viver em sua função,colocando abaixo dele sentimentos nobres e as próprias pessoas. Não é à toa queSão Paulo diz que: “o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” (1Tim 6,10).E Jesus nos alertou que “ninguém pode servir a dois senhores: a Deus e aodinheiro´ (Mt 6,24). A avareza é mostrada na Bíblia como uma idolatria (cf. Ef5,5; 1Cor 6,10) que deve ser evitada. Também aqui o exemplo dos pais, e asobriedade no uso do dinheiro, será importante para ensinar aos filhos o seuuso correto. Diz o eclesiástico: “Nada mais vil do que o amor ao dinheiro:aquele que o ama chega até a vender a sua alma” (Eclo 10,10). “Para o homemavarento e cúpido a riqueza é inútil; para que serve o ouro ao homem invejoso”(Eclo 14,3). “Quem procura enriquecer afasta os olhos de Deus” (Eclo 27,1).Muitos pais só se preocupam em trabalhar cada vez mais, e não têm tempo para osfilhos. Cobre´os com excesso de dinheiro, roupas e bens, mas deixam´lhes faltaro essencial: a sua presença. É preciso fugir desta escravidão. “As vigíliaspara enriquecer ressecam a carne, as preocupações que elas trazem tiram o sono”(Eclo 31,1). Os pais devem estimular nos filhos o amor aos pobres eensinar´lhes a importância da esmola. “Estende a mão para o pobre, a fim de quesejam perfeitos teu sacrifício e tua oferenda” (Eclo 7,36). “Encerra a esmolano coração do pobre, e ela rogará por ti a fim de te preservar de todo o mal”(Eclo 29,15). “Por causa do mandamento, socorre o pobre; e não o deixes ir comas mãos vazias na sua indigência” (29,12). O avarento é o mais infeliz doshomens pois chega a amar a seus bens mais até do que a si mesmo. O Eclesiásticolembra que: “Aquele que ama o ouro não estará isento de pecado. O ouro abateu amuitos, e os seus encantos o perderam” (Eclo 31,5´6). Todos precisamos dodinheiro para viver; portanto, em si mesmo, ele não é mal; o perigo está no“amor” ao dinheiro, isto é, na avareza. “Bem´aventurado o rico que foi achadosem mácula, que não correu atrás do outro, que não colocou sua esperança nodinheiro e nos tesouros” (Eclo 31,8). Ensinar aos filhos a prática da caridadeé a maior lição que podemos lhes dar; pois, como disse São Paulo, “a caridade éo vínculo da perfeição”(Col 3,14); “é a plenitude da Lei” (Rom 13,10); ela“encobre uma multidão de pecados”( 1Pe4,8); vivê´la “é cumprir toda a Lei e osProfetas”(Mt 22,37). Como é importante ensinar o filho a dar o pão àquele quetem fome e dar o coração àquele que está triste! Ensine´o a “fazer o bem semolhar a quem”, como diz o provérbio. E, sobretudo ajudá´los a ver o próprioCristo em cada irmão que sofre. São Bento colocou nas Regras dos seusmosteiros, esta preciosidade: “ Todo hóspede que vem ao mosteiro deve serrecebido como se fosse o próprio Cristo”. Que tal ensinar os filhos a acolheremcada um que vem a eles, pedir ajuda, como se fosse o próprio Cristonecessitado? “Que tua mão não seja aberta para receber e fechada para dar”(Eclo 4,31). A nossa mente se enriquece com aquilo que recebe, mas o nossocoração, com aquilo que dá. Paulo VI disse um dia que: “ninguém é tão rico quenão tenha o que receber, e ninguém é tão pobre que não tenha o que dar”. Mesmonos momentos de dificuldades, podemos continuar a fazer a caridade, e ensiná´laaos filhos. Se não sabemos ser generosos na penúria, também não o seremos naabundância; pois a caridade não é uma questão de quantidade, mas de qualidade.Mais do que ensinar os filhos a dar, é preciso ensinar´lhes a dar´se. Amar édar´se, gratuitamente, voluntariamente, resumiu Michel Quoist. É bonito dar denossas posses, mas é mais belo dar de nós próprios. Alguém disse que “Deus dá aquem dá, mas se doa a quem se dá”. “O Dom que cada um recebeu, ponha´o aserviço dos outros, como bons administradores da tão diversificada graça de Deus”(1Pe 4,10).
Gula e temperança
Desde pequeno os filhos precisam ser treinados na virtude datemperança no comer. É importante ensinar´lhes que “come´se para viver, e não,vive´se para comer”. Isto desvirtua aalimentação. Voltaire dizia que “o homem éo único animal que come sem ter fome e bebe sem ter sede”. O alimento não podese transformar apenas num meio de prazer. Sabemos da importância de uma “raçãobalanceada” e dos perigos do excesso no comer. Joelmir Betting disse certa vezque “uma parte da humanidade faz regime; a outra, passa fome”. Os pais devemensinar os filhos a adquirir o equilíbrio. Não se pode permitir que o filho,diante de um prato preferido, coma sem limites… Amanhã este mesmo filho nãosaberá se dominar diante de outras situações mais graves. É imperioso ensinaraos filhos o autocontrole e a continência. Homem não é aquele que domina osoutros, mas aquele que domina a si mesmo. Por isso, a liberação desregrada detodos os instintos, é a pior escola do nosso mundo atual. Ela forma caricaturasde homens. São Paulo fala daqueles para os quais “o deus é o ventre”(Fl 3,19) eJesus manda ter cuidado sobre nós mesmos “para que os nossos corações não setornem pesados com o excesso de comer, com a embriaguez e com as preocupaçõesda vida” (Lc 21,34). O Eclesiástico ensina que: “A insônia, o mal´estar e ascólicas são o tributo do intemperante” (Eclo 31,23). “O excesso no alimento écausa de doença, e a intemperança leva à cólica”. Muitos morreram por causa desua intemperança; o homem sóbrio, porém prolonga a sua vida” (Eclo 37,32´34).
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