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Pe.Raniero Cantalamessa, ofmcap
Joãoo Batista, profeta do Altíssimo
Desde o momento de seu nascimento, João Batista foisaudado por seu pai Zacarias como profeta: «E tu, menino, serás chamado profetado Altíssimo, pois irás adiante do Senhor para preparar seus caminhos» (Lc 1,76).
O que fez o Precursor para ser definido como umprofeta, e mais, «o maior dos profetas» (Lc 7, 28)? Antes de tudo, seguindo ospassos dos antigos profetas de Israel, pregou contra a opressão e a injustiçasocial. No Evangelho, nós o ouviremos dizer: «Quem tiver duas túnicas, que asreparta com o que não tem; quem tiver o que comer, que faça o mesmo». Aospublicanos [arrecadadores de impostos, ndt.], que tão freqüentemente desagravamos pobres com requerimentos arbitrários, lhes diz: «Não exijais mais do que vosestá fixado». Aos soldados, inclinados à violência: «Não façais extorsão aninguém, não façais denúncias falsas» (Lc 3, 11-14). Também as palavras sobre osvales que serão aterrados, as montanhas e colinas que serão rebaixadas e aspassagens tortuosas que ficarão retas, poderíamos entendê-las assim: «Todainjusta diferença social entre riquíssimos (as montanhas) e paupérrimos (osvales) deve ser eliminada, ou ao menos reduzida; as passagens tortuosas dacorrupção e do engano devem ficar retas».
Até aqui reconhecemos facilmente a idéia queatualmente temos do profeta: alguém que impulsiona à mudança; que denuncia asdeformações do sistema, que aponta seu dedo contra o poder em todas suas formas– religioso, econômico, militar – e se atreve a gritar na cara do tirano: «Nãote é lícito!» (Mt 14, 4).
Mas João Batista faz também uma segunda coisa: dá aopovo o «conhecimento de salvação pelo perdão de seus pecados» (Lc 1, 77). Ondeestá, poderíamos perguntar-nos, a profecia neste caso? Os profetas anunciavamuma salvação futura; mas João Batista não anuncia uma salvação futura;indica uma que está presente. Ele é quem aponta seu dedo para uma pessoae grita: «Aqui está!» (João 1, 29). «Aquilo que se esperou durante séculos eséculos está aqui, é Ele!». Que estremecimento deveu percorrer aquele dia ocorpo dos presentes que o ouviram falar assim!
Os profetas tradicionais ajudavam seus contemporâneosa superar o muro do tempo e olhar o futuro; mas ele ajuda a superar o muro,ainda mais grosso, das aparências contrárias, e permite descobrir o Messiasoculto por trás do aspecto de um homem como os demais. O Batista inauguravaassim a nova profecia cristã, que não consiste em anunciar uma salvação futura(«nos últimos tempos»), mas em revelar a presença escondida de Cristo no mundo.
O que tudo isto tem a nos dizer? Que também devemosmanter juntos estes dois aspectos do ministério profético: compromisso pelajustiça social por uma parte, e anúncio do Evangelho por outra. Não podemospartir pela metade esta tarefa, nem em um sentido nem em outro. Um anúncio deCristo, sem o acompanhamento do esforço pela promoção humana, resultariadesencarnado e pouco crível; um compromisso pela justiça, privado do anúncio defé e do contato regenerador com a palavra de Deus, se esgotaria logo, ouacabaria em estéril contestação.
Ele nos diz também que o anúncio do Evangelho e aluta pela justiça não devem ficar como coisas justapostas, sem vínculo entresi. Deve ser precisamente o Evangelho de Cristo o que nos impulsiona a lutarpelo respeito do homem, de forma que seja possível a todo homem «ver a salvaçãode Deus». João Batista não pregava contra os abusos como agitador social, mascomo arauto do Evangelho, «para preparar ao Senhor um povo bem disposto» (Lc 1,17).