Aqui pelo Nordeste, quando começam a acontecer tragédias, uma após a outra, a gente costuma dizer: “Vixi, que o cão tá solto, valei-me São Miguel!” Cão: é assim que chamamos o diabo. Há alguns dias, quando aconteceu o quinto desastre aéreo contando o Brasil e os Estados Unidos, para não citar eventos mais tupiniquins, não tive como dizer outra coisa. Valei-me, São Miguel, que o cão está solto!
Lembrei-me, então, de uma entrevista com o Pe. Daniel Rehil, logo após a propagação dos incêndios em Los Angeles, em janeiro passado. Nele, o padre exorcista da diocese de Nashville diz textualmente “A nossa geração é a pior desde a criação do homem. Pior que o dilúvio, pior que Sodoma e Gomorra. Atualmente, estamos propagando o pecado como nunca antes. Antes, você quisesse cometer um pecado de impureza, por exemplo, você teria que ter o trabalho de encontrar alguém que o cometesse com você, mas agora nós temos um celular que facilita tudo e pode nos propiciar isso de várias formas e no mundo todo; Los Angeles, por exemplo, é o exportador número um de pornografia para o mundo inteiro.”
Confesso que fiquei impressionada, especialmente com a comparação a Sodoma e Gomorra, que sempre me pareceram o ápice de toda perversão e passei a prestar mais atenção ao vídeo. O entrevistador, então, perguntou ao padre por quais outras portas o demônio estava atuando em nossa época, além do cinema produzido em Los Angeles e do celular. A resposta foi igualmente impactante: “Através da abertura para o mundo satânico: por exemplo, o abuso através de rituais satânicos, (SRAS, na sigla em inglês) nos quais os pais, achando que a troca é justa, oferecem seus filhos para ter mais poder, mais dinheiro e sucesso.”
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A essa altura, o entrevistador perguntou: “O Sr. acha que Jesus está sendo tão odiado hoje em dia porque as elites estão se entregando a um poder satânico?” A resposta foi clara: “Esse é meu maior problema com Holywood. Não entendo como alguém pode se dizer católico e então produzir ou fazer parte dessa imundície e atrair outros para sua sujeira, além de ir à igreja aos domingos e sentar-se nos primeiros bancos.”
“E para onde vão os demônios?“, perguntou o repórter. Resposta: “Eu não sei, cada dia atendemos mais pessoas possessas e os mandamos para os pés de Jesus Cristo para que Ele os envie aonde quiser (…) Até 15 anos atrás, notava-se que o demônio fazia tudo para esconder-se, para convencer-nos de que não existia. De 15 anos para cá, faz de tudo para mostrar-se e é como se dissesse: ‘Estou vivo, estou com você e me encho de orgulho e te recompenso quando você me adora.’ E, através de seus ardis, faz com que Jesus seja cada vez mais odiado, o que é de se espantar, porque Jesus só praticou o amor e a bondade e mesmo as religiões que não o aceitam, como os mulçumanos ou judeus, veem-no como um profeta, mas não o odeiam. O ódio a Jesus é instilado pelo demônio“.
Nunca houve uma geração tão má; nunca houve um tempo em que o demônio se manifestasse tão claramente; nunca houve um tempo em que o pecado grave fosse tão acessível, tão promovido e exaltado. Atenção! Esta é a nossa época. Somos os cristãos desta geração mais perversa que todas até agora!
Preocupante, com certeza. Ameaçador, também, porque, embora esteja agindo mais abertamente, o demônio não abandonou suas sutilezas e covardias. Preocupante, ameaçador, mas não – jamais! – intimidador! É o próprio demônio quem instila em nós o medo, a ansiedade, a covardia. Esses, certamente, não são frutos do Espírito!2
Essa história toda – que, infelizmente, pode ser facilmente constatada – serve para nos instigar! A Palavra nos narra várias vezes como, ao conhecer a força, o poder, o número e os armamentos dos inimigos, os judeus se prostraram diante de Iahweh e pediram sua orientação e socorro. E, todas as vezes que fizeram isso, embora fossem mais fracos, menos poderosos, menos numerosos e com armamentos menos mortíferos, ganharam a batalha e disseram “O Senhor lutou por nós. A vitória é do Senhor.”
O demônio, através das redes sociais e de pessoas aparentemente confiáveis, tenta, a toda hora, instilar o mal em nós. Nossos afetos, imaginação e memória corporal são as áreas em que ele procura penetrar a cada instante. Seus meios vão desde a música, passando pelas amizades, redes, leituras, diversões indevidas, diversões e jogos demoníacos e, claro, o celular, que oferece tudo isso e mais o jogo apostado, a pornografia, o medo, o terror, a mentira, de que o diabo é o pai.
Isso, além dos falsos profetas que inoculam o medo do fim do mundo, de catástrofes, de todo tipo de sofrimento, de sedução maligna, de adivinhação (cuidado com o dia tal! Não saia de casa…) usando interpretações duvidosas da Palavra de Deus como arma de convencimento.
O demônio só se espalha e só ataca mais descaradamente porque encontra pessoas que o seguem, acolhem e adoram. Se, em cada cristão, encontrasse a fortaleza e o discernimento para afastá-lo, teria muito menos campo para agir e seria derrotado muito mais rapidamente.
Deus jamais nos deixaria sozinhos diante da enorme batalha que estamos vivendo. Jamais nos deixaria ser tentados além das nossas forças. Jamais nos abandonaria quando clamamos por sua ajuda. Jamais nos negaria a sua graça quando mais precisamos dela. Jamais deixaria de nos enviar o Espírito Santo nem o socorro de Nossa Senhora para esmagar a cabeça da serpente. Contudo, é preciso clamar diante do perigoso inimigo. E, para clamar assim, é preciso conhecer o que nos ameaça e deixar-nos instigar, inflamar de amor esponsal e de parresia para que o Senhor seja adorado e conhecido pelos que tão facilmente caem nas armadilhas do demônio.
Não sei se lerei, daqui a alguns anos – décadas? – um artigo intitulado: “Os anjos de Deus estão soltos“. Se não for na terra, será no céu, se Deus me ajudar. Mas sei que lerei. Sei que o Senhor não abandona os seus e que o reinado do Coração Imaculado de Maria virá. Sei, também, que os bons cristãos lutarão até o martírio, e que o artigo começará assim: “Aqui pelo Nordeste, quando começam a acontecer graças, uma após a outra, a gente costuma dizer: ‘Valei-me, que é graça demais, mininu! Os anjos tão tudo solto, ajeitando tudo o que o cão anarquizou’“.