A Jornada Mundial da Juventude que aconteceu no Rio de Janeiro entre os dias 22 e 29 de Julho de 2013 foi uma grande experiência de fé vivida pelos milhões de jovens que estiveram presentes e testemunhada pelos muitos milhões que acompanharam através dos meios de comunicação. É unânime entre os participantes que a presença do Papa Francisco e suas palavras reacenderam no coração de cada jovem a esperança e a fé.
A JMJ é realmente uma experiência única na vida daqueles que se aventuram e dizem seu sim ao convite do Papa e da Igreja. Não só uma experiência de fé, mas de convivência, de fraternidade entre os diversos povos e culturas que compõem o imenso povo de Deus. O que proporciona aos jovens um intercâmbio cultural muito enriquecedor.
A Missão de João Pessoa levou à JMJ Rio 2013 aproximadamente 221 jovens. Entre eles estava Bruno Sbruzzi (18 anos), vocacionado da Comunidade Shalom, estudante do ensino médio, que conta agora nesta entrevista como foi, para ele, a JMJ.
– Como foi pra você viver a experiência da JMJ?
De uma forma bem simples eu considero a JMJ antes de tudo uma loucura! E foi muito interessante viver essa loucura. Fui formando expectativas e pensamentos em relação à Jornada, mas quebrei todos na hora. Logo que chegamos na Jornada precisamos andar muito, caminhamos muito para pegar os kits. O cansaço chegou ao meu limite e ultrapassou esse limite. E eu não me vejo passando por isso de novo se não for por Deus. Por isso que eu falo que a JMJ é uma loucura, porque você vê todos os jovens chegando ao limite do cansaço e passando desse limite pra pegar um kit pra começar a viver a Jornada. Eu considero isso uma loucura de amor.
– O que foi mais marcante para você durante os dias da JMJ?
Eu poderia contar muitas histórias bonitas da JMJ, histórias que eu presenciei, que eu vi na TV e na internet, mas o que mais me marcou, que eu achei que quebrou a lógica humana, foi quando eu fui almoçar com meus amigos num restaurante próximo a Copacabana. Logo que entrei no restaurante me sentei, fiz meu pedido, o garçom entregou o meu prato e eu o ouvi dizer: “Essa foi a semana mais cheia, a semana que mais teve pessoas aqui, a semana mais louca, mas eu nunca me senti tão tranquilo”. E eu me perguntei como pode um “cara” trabalhando tanto não estar estressado? Como pode ele que está servindo muitas pessoas de formas diferentes, de lugares diferentes, de línguas diferentes não estar estressado?
Aquilo foi o que mais me marcou porque eu sou Shalom e a minha Vocação é uma Vocação de Paz e eu tinha a convicção de que aquele “cara” estava pacificado.
– Das palavras do Papa o que você considera mais importante?
Eu lembro da Missa de encerramento, quando estávamos na Missa, todo mundo apertado lá na areia, disposto, um silêncio… era uma loucura porque era uma multidão e todo mundo em silêncio, atento a cada palavra do Papa. Não sei se vou falar exatamente o que ele disse, mas o que mais me marcou foi quando ele falava que o que é necessário para evangelizar um jovem é outro jovem. Aquilo eu senti o Papa falando: “Bruno, eu preciso de você, Jesus precisa de você”. Do mesmo jeito que ele fala pra você que está lendo esta entrevista agora. Deus precisa de nós, este é o instrumento que Deus quis escolher. O necessário para evangelizar outro jovem que Deus quis escolher sou eu e é você. Isso é muito marcante para mim.
– O que você espera da Igreja e da participação dos jovens na Igreja a partir deste encontro com o Papa?
Eu espero uma Igreja viva. Eu acredito que se hoje existem pessoas que não acreditam em Deus ou que vivem confusos diante de tantas doutrinas, é porque eu não tive a coragem de ser católico, de dar razão e sentido à minha fé, mas a vivi de forma superficial. E essas pessoas não conseguiram encontrar respostas em mim, na minha vida. Nós sabemos que possuímos essa verdade e não falo isso de forma arrogante, mas de uma forma humilde. Nós precisamos ser católicos. É isso que eu espero: uma Igreja viva, que seja católica. Que seja! Não que faça, mas que seja. Porque os outros irmãos vão nos ver e sentir a vontade, vão se sentir questionados e vão querer tocar a nossa realidade.
– O que mudou na sua vida a partir da JMJ?
Tenho certeza que a paciência (Risos). Vou ser bem sincero: vai gente de todo jeito pra JMJ; no nosso grupo mesmo vão pessoas que não estão dispostas a viver, que reclamam de tudo e no primeiro dia passamos por algumas situações difíceis, apareceram muitos problemas, muitas coisas foram se aglomerando… Aí você respira e fala: “Eu preciso amar o irmão”. Então eu comecei a exercitar a paciência com a limitação do irmão. E isso eu fui trazendo pra minha casa, de uma forma bem simples, como quando você está em casa e o seu pai pede para lavar a louça e você começa a querer discutir e reclamar… Aí eu comecei a ter paciência, porque eu sei que isso faz parte, é uma caminhada e eu preciso dar este passo. Fui crescendo muito na paciência e percebo isso concretamente na minha vida, no meu cotidiano.
– Qual a sua expectativa em relação a próxima JMJ? Você gostaria de estar lá?
Com certeza! Eu estarei lá! Não sei dizer qual a minha expectativa, nem consigo formular uma. Não consigo pensar com a minha mente como seria porque tentei fazer isso para a JMJ do Rio e fui absolutamente derrotado por aquilo que Deus ofereceu. Isso superou totalmente as minhas expectativas de uma forma positiva. Porque Deus sempre nos surpreende, nós é que não estamos prontos para nos deixar surpreender por Deus.
– Qual a sua impressão sobre o novo Papa depois desse encontro mais próximo e como você vê a relação do Papa com os jovens?
Muitas pessoas admiram a humildade do Papa, muitas pessoas admiram a simplicidade, muitas pessoas acompanham as entrevistas e as palavras dele nos meios de comunicação e vão se admirando pelo Papa. Mas eu acredito que tudo isso é uma consequência, a pobreza do Papa, a simplicidade, o entusiasmo… tudo isso é uma consequência porque o nosso Papa quis ser católico, ele soube ser católico. E quando eu penso: “Meu Deus e agora como eu faço?” Eu olho para o Papa e penso: “O que o Papa faria?” Porque o Papa soube ser católico e é essa mensagem muito forte que ele passa para os jovens. Ele é diferente e eu estou curioso sobre ele, eu quero conhecer, eu quero tocar, eu quero saber o que é este novo… Neste novo tempo, do mesmo jeito que Bento XVI e João Paulo II foram católicos fantásticos, o Papa Francisco está sendo um católico num novo tempo. A Igreja precisa de reformas, é uma Igreja viva e nós não podemos ficar parados. E esse Papa traz uma nova mensagem, de um novo “ser católico”. E isso não é uma inovação, mas uma renovação. A inovação seria a busca por novas verdades. O Papa traz a renovação, ou seja, aquilo que é a Verdade sendo renovada como Verdade. Não se está acrescentando nada, mas renovando, e é isso que precisamos fazer: renovar o sentido de ser católico.
Bruno gravou ainda uma mensagem para os jovens que não participaram da JMJ que você confere no link abaixo: