Cheguei ao mundo, encarnada,
Pequena, uma coisinha de nada,
(Mas já fazia muito barulho)
O verbo já estava em mim,
Por isso nunca estive calada!
Logo cedo precisei de mãos humanas,
De carícia, de afago e de amor,
Na infância, quando caía,
Chorava de birra e de dor.
Nunca estive em silêncio,
Sobre mim, estava um olhar atento,
Daquele que também é Verbo:
Um Pai atencioso e ciumento.
Assim cresci, e me deparei com a vida,
Que sempre foi bela, mas também sofrida,
Pensei: “— Também preciso encarná-la!”
(Tudo aqui é missão, por isso arrumei a mala…)
Entre chegadas e partidas,
Com estações mais secas e outras floridas,
Decidi amar tudo o que o Verbo me deu,
(E assim percebi que o verbo também sou eu!)
Se não encarnarmos a eternidade agora,
De fato, perderemos a hora…
Pois tudo ao nosso redor é um chamado:
“— Cumpre o teu dever e deixa um legado!”