Vê o inverno: já passou!
Olha a chuva: já se foi!
As flores florescem na terra,
o tempo da poda vem vindo,
e o canto da rola
está-se ouvindo em nosso campo.
Despontam figos na figueira
e a vinha florida exala perfume.
Levanta-te, minha amada,
formosa minha, vem a mim!”
Ct 2, 11-13
Eis o anúncio do amado neste tempo propício.
O inverno se despede dando boas vindas à primavera. A estação das flores abre suas janelas para nós neste dia 22 de setembro.
É tempo de abrir o que estava fechado, de colocar a beleza para fora, de contemplar com silenciosa esperança o despertar da vida, o abrir das plantas, o canto dos pássaros. É tempo de olhar, cuidar, amar, de regar e deixar crescer. É tempo do despertar da obra nova.
Tempo de semear para que no verão colha-se bons frutos.
A primavera na Vida Consagrada
Assim como as estações da natureza marcam a forma com o criado se dá ao homem e ao universo, a vida consagrada também vive de estações, ciclos próprios que podem ou não acompanhar o ciclo da natureza, e que revelam as marcas do que está sendo vivido e transformado em cada um de nós.
Assim como somos impactados pelo sol, frio, visão das flores e do vento, nossa alma também passa por esses “climas” levando cada um de nós às estações de conversão e amadurecimento, de vigor, recolhimento e alegria.
A primavera marca o tempo do despertar das flores, do abrir-se após o silencioso e frio inverno.
Tempo do chamado ao dar-se, deixando que os que nos cercam provem das belezas oferecidas pelo dom de si de cada um. É tempo de esperança, é tempo de ação, de serviço ao próximo.
Tempo de renascimento da oferta, da alegria, da beleza da vida comunitária e apostólica.
Como resposta às necessidades de cada tempo, o Senhor suscitou também formas próprias de servi-lo e amá-lo. No hoje as Novas Comunidades chamadas de “ Primavera da Igreja” conduzidas pelo Espírito Santo respondem de uma forma nova, bem como inserindo o leigo numa vida mais ativa no serviço a Deus.
As estações na vida missionária
A Vida Consagrada é marcada por fases que expressam a ação de Deus na alma humana: o amadurecimento da humanidade psíquica, emocional, a estabilidade do ser criado que se fortalece à medida que é visitado pela graça de Deus.
É próprio do inverno recolher-se, poupar energia, olhar para si, silenciar e esperar. É tempo oportuno para se conhecer, encarar a si mesmo, deixar que a ação de Deus ocorra. É a estação da pouca luz, do frio e da cruz, de acolher as exigências da vida comprometida e confiar que o sol voltará e com eles os gozos e alegrias que Deus deseja dar a seus filhos.
É tempo de desapegos, de olhar para quem precisa e aquecer: corpo e coração.
O outono é marcado pelas folhas secas que caem ao chão indicando as podas necessárias, o deixar morrer o que não dá fruto, o abrir espaço para a transformação. Tempo de escolher pelo essencial, de renovar-se. De deixar que o vento do Espírito Santo sopre para onde Ele quer, tempo de abandono.
O verão chega com o calor, tempo do amor esponsal, da alma enamorada, do deixar-se guiar e iluminar pelo Sol da Justiça.
Tempo também de reconhecer que existe cansaço, que às vezes as forças declinam e se pensa em desistir. Tempo para clamar:
“Vem brilhar Sol do amor sobre mim
Incendiar o meu coração
Inflamar a alma, gerar nova vida
Vem fogo do amor e abrasa o meu ser”
Ouça| Uma vida missionária em quatro estações
A primavera está só começando. Que ela seja tempo de louvor pelo inverno que passou e de feliz e ativa espera pelo verão que virá.