Santa Teresinha do Menino Jesus cresceu em um lar cheio de amor e de doação dos pequenos aos grandes detalhes. A família Martin é a prova de que é possível vencer os maiores obstáculos da vida com amor às coisas sagradas, principalmente à vontade divina.
Os Martin perderam a matriarca da família muito cedo — Zélia faleceu de câncer quando Teresinha ainda era criança. A experiência da perda da própria mãe fora traumática para a pequena Teresa, que logo buscou referência de maternidade em uma de suas irmãs. São Luís, pai de Santa Teresinha, levou as filhas para outra cidade, Lisieux, logo após a morte de sua esposa. Ali ele teria o amparo da sua família para a criação das filhas, que pouco a pouco optaram pela vida religiosa.
O que ele não sabia é que Teresinha iria enfrentar um dos momentos mais delicados da sua existência pouco tempo depois daquela mudança. Com a entrada das suas irmãs no Carmelo, a frágil Teresa desenvolveu um quadro de profunda depressão.
Não tinha ânimo para nada, mal comia, estava ficando cada vez mais magra e sem forças. Todas as tentativas de reanima-la foram frustradas. No século XIX, as doenças psíquicas ainda eram pouco conhecidas e tampouco existiam tratamentos eficazes.
Luís Martin, pai de Santa Teresinha, por ser um homem de fé certo da vontade divina para a sua família, decidiu pedir intercessão pela sua filha, que obteve a graça da cura através do sorriso de Nossa Senhora: um milagre que logo ficou conhecido em todas as partes do mundo.
Alguns anos mais tarde, quando Teresinha já estava no Carmelo, Luís Martin desenvolveu esquizofrenia, e teve uma vida conturbada com alucinações, delírios e poucos momentos de lucidez. Assim foram os últimos dias do pai da pequena de Lisieux nesta terra. Antes de falecer, ele foi visitar as filhas no convento, sempre encorajando-as a não desistir dos desígnios do Criador para as suas vidas. A serenidade com a qual ele enfrentava uma doença tão perturbadora surpreendia todos ao redor.
Segundo relatos de pessoas próximas à família, mesmo em meio às maiores adversidades, os Martin permaneciam serenos, aberto às obras de caridade, separando parte da renda da casa aos mais necessitados e à Santa Igreja. As enfermidades nunca foram desculpa para que os membros daquela família tivessem um coração mesquinho e fechado.
As diversas tribulações não paralisavam aqueles que sabiam que essa jornada terrena é passageira — e o diferencial da família de Santa Teresinha foi a vivência da alegria e da serenidade diante dos desafios da vida. Os membros daquele corpo comunitário tinham a certeza do Céu.
É possível para nós
A vivência da fé cotidiana é um ato de amor. Acreditar que a providência divina não desampara os seres humanos que sofrem é um grande passo de confiança capaz de curar os corações mais incrédulos. A alegria genuína experimentada pelo pai de Santa Teresinha, — mesmo quando as suas filhas viviam momentos decisivos e desafiadores —, é um testemunho de esperança e uma grande profecia para os dias de hoje.
Quando o sofrimento bate à nossa porta, como respondemos? Com histeria e desespero ou com serenidade e esperança?
A forma como nós reagimos às exigências das cruzes que devemos carregar diz muito sobre a “saúde” da nossa fé.
Certo dia, em um período de muita dor, quando Santa Teresinha já estava no Carmelo, uma irmã perguntou porque a pequena de Lisieux sorria mesmo diante de tão grande tribulação. Ao que ela respondeu: “A dor é minha. O meu rosto, é dos outros. Convém que eu sorria.”
Que as dores da nossa estrada não nos paralisem — é possível ser alegre em meio às adversidades: essa é a resposta de amor que o mundo espera de nós.
“Por isso, vos rogo que não desfaleçais nas tribulações que sofro por vós: elas são a vossa glória.” (São Paulo aos Efésios 3, 13)