Por várias e várias vezes me peguei perguntando como estava a minha vida de fé e todas às vezes eu percebi que existia em mim a fé, porém era muito pouca. Fui percebendo isso quando na minha vida pessoal as coisas começavam a dar errado e de imediato eu me desesperava, e com aquilo o restinho de fé que existia em mim desaparecia. Começava a colocar a culpa das coisas nas pessoas, na minha família e em Deus.
Fui percebendo o mover das ondas daquele mar agitado, que naquele instante, ninguém era culpado a não ser eu mesmo. Já tinha perdido a fé, que era pouca, no meu primeiro momento de dificuldade. Que fé a minha, né? Uma fé pequena, uma fé capaz de deixar que, naquele instante, o meu problema fosse maior que Deus. Naquele dia, eu parei, respirei fundo e mais uma vez perguntei a mim mesmo “onde estava a minha fé?”
“Fé”, aquela que eu dizia na roda de amigos ter, “fé” aquela que eu passava para as pessoas, “fé” que o mundo iria ser um lugar melhor. Fiquei por dias, meses e até mesmo anos me perguntando onde estava a minha verdadeira fé. Foi exatamente no ano de 2020, nesse exato momento que estamos enfrentando, que eu me encontrei com a minha verdadeira fé. Era preciso eu viver esse momento, que sim é muito difícil pra todos nós, mas pra mim, mesmo sendo difícil, tem sido um momento incrível.
Deixei de viver para mim mesmo, me uni a Deus, rezo por milhares e milhares de famílias pedindo a graça de que todos estejam bem sem me importar se elas fazem parte da minha história de vida ou não. Peço pelos meus irmãos moradores de rua como se eu estivesse pedindo para mim, rezo por aqueles que estão doentes nos hospitais sentindo a dor de cada um deles; rezo hoje com os olhos cheios de lágrimas por ver a porta da Igreja fechada e não poder entrar, hoje em meio a esse tempo que pra muitos é um verdadeiro caos.
Eu digo a vocês que tem sido o tempo de me encontrar todos os dias com Deus, com a minha verdadeira fé, com quem eu verdadeiramente sou. Nesse tempo, pude olhar pra dentro de mim mesmo e reconhecer o quanto falho eu sou, o quanto pecador eu sou. Vivia uma vida para mim mesmo e em mim mesmo me afastei de Deus. Me perdi sim, porque ninguém pode afastar você de Deus a não ser você mesmo, o seu orgulho, a sua vontade de viver sendo dono de si. Ninguém, apenas você mesmo.
Em meio a essas descobertas que tenho tido, em meio a esse tempo de pandemia, pude perceber o quanto minha fé em Deus pode me salvar desse mundo que insiste permanecer de olhares dispersos e ouvidos fechados para o que Deus quer nos dizer. Olhai tudo ao seu redor, perceba você mesmo que não vale uma vida de riqueza de bens materiais, nem de Ouro e nem de Prata. O que vale mesmo é viver na certeza de que existe um Deus capaz de tudo! Ele venceu a morte, e hoje você vive aí com medo de morrer por quê?
Uma pergunta que pra muitos irá soar de forma difícil. Mas não é porque essa pergunta, hoje, pra você é difícil de responder. É porque assim como eu lá atrás, a sua fé ainda é pouca. Não tenha medo e nem vergonha de reconhecer isso. Nem tudo em nós, é dom de Deus. Nós, você ou eu, não somos absolutamente nada e se hoje temos alguma coisa é porque Deus nos permitiu. Ele nos deu esse dom maravilhoso de acreditar Nele todos os dias.
“Fé é assim: primeiro você coloca os pés, depois Deus coloca o chão”. Só vamos conseguir colocar os pés no chão se acreditarmos verdadeiramente. Esse tempo vai passar e todos nós poderemos nos encontrar, abraçar uns aos outros; matar a saudade dos amigos; da família; dos amores; da Igreja; da Eucaristia, e de tudo isso. Acredite, meu irmão, tenha fé, mas também tenha a certeza que, depois de tudo, isso acaba. Nós não nascemos pra vivermos por nós mesmos.
Que você possa refletir sobre esse tempo e que Deus nos abençoe!
Shalom!
Nathan Asthon
Missão Shalom Juiz de Fora.