Necessidade da Formação para o Apostolado
28. O apostolado não pode atingir eficácia plena, senãoatravés da formação múltipla e integral. Exigem-na não apenas o progressocontínuo do leigo na espiritualidade e na doutrina, mas também o conjuntovariado de assuntos, pessoas e encargos, aos quais sua atividade deveadaptar-se. Tal formação para o apostolado há de fundamentar-se no que foiafirmado e declarado alhures por este Sacrossanto Concílio.1 Além da formação,comum a todos os cristãos, muitos tipos de apostolado exigem formaçãoespecífica e peculiar, em vista das pessoas e circunstâncias diferentes.
Princípios de Formação para os Leigos no Apostolado
Uma vez que os leigos participam a seu modo na missão daIgreja, sua formação apostólica assume característica especial, a partir daíndole secular e própria do laicato e da sua espiritualidade.
A formação para o apostolado supõe certa formação humanaintegral, de conformidade com a capacidade e as condições de cada pessoa. Poiso leigo, conhecendo bem o mundo de seu tempo, deve ser membro de sua sociedadee ajustado à formação cultural dela.
Em primeiro lugar, aprenda o leigo a cumprir a missão deCristo e da Igreja, vivendo da fé no mistério da criação e redenção, movidopelo Espírito Santo que vivifica o povo de Deus e impele os homens todos aamarem a Deus Pai e n’Ele o mundo e os homens. Tal formação deve ser tida comofundamento e condição de qualquer apostolado frutuoso.
Além da formação espiritual, exige-se sólida instrução nadoutrina, a saber, teológica, ética, filosófica, segundo a idade, condição etalento de cada qual. Não se negligencie de forma alguma a importância dacultura geral junto com a formação prática e técnica.
Para cultivar as boas relações humanas é preciso que sefomentem os valores verdadeiramente humanos, em primeiro lugar a arte deconviver e cooperar como irmãos e a de manter o diálogo.
Como no entanto a formação para o apostolado não podemanter-se na pura instrução teórica, gradativamente e com prudência, desde oinício da formação, aprendam a ver, julgar e agir em todas as coisas sob a luzda fé, a formar-se a si mesmos e a aperfeiçoar-se pela ação e assim a entrarpara o serviço ativo da Igreja.2 Esta formação, que deve ser sempreaperfeiçoada, por causa da maturação progressiva da personalidade e por causada evolução dos problemas, exige conhecimento sempre mais profundo e açãoadaptada. Ao cumprirem-se as exigências todas de formação, mantenha-se diantedos olhos o ideal da unidade e integridade da pessoa humana, de forma asalvar-se e ampliar-se a harmonia e o equilíbrio.
Desta sorte o leito se insere plena e ativamente na própriarealidade da ordem temporal e assume com eficiência a sua responsabilidade noencaminhamento das realidades terrenas, e, ao mesmo tempo, como membro vivo etestemunha da Igreja, torna-a presente e ativa no seio das coisas temporais.3
Os Formadores de Apóstolos
30. A formação para o apostolado deve iniciar-se desde aprimeira educação das crianças. De modo especial no entanto iniciem-se noapostolado os adolescentes e jovens, imbuindo-se deste espírito apostólico. Talformação há de aprimorar-se pela vida toda, conforme o exigirem os novosencargos. É assim evidente que os encarregados da educação cristã tambémestejam vinculados à tarefa da formação para o apostolado.
É dever dos pais na família disporem os filhos, desde ameninice, a conhecerem o amor de Deus para com os homens todos; ensinarem-lhespouco a pouco, sobretudo pelo exemplo, a solicitude pelas necessidadesmateriais e espirituais do próximo. Por isso a família toda e sua vida em comumse transforme como que num estágio para o apostolado.
Importa além disso educar as crianças a ultrapassarem asbarreiras da família e abrirem o espírito para as comunidades tantoeclesiásticas quanto temporais. Na comunidade local da paróquia sejam de talsorte assumidos que nela adquiram a consciência de serem membros vivos e ativosdo povo de Deus. Na catequese e na pregação, na direção das almas, ou em outrosmisteres pastorais, interessem-se os sacerdotes pela formação para oapostolado.
É ainda obrigação das escolas, dos colégios e demaisinstituições católicas, dedicados à formação, estimular nos jovens o sensocatólico e a ação apostólica. Se falhar esta formação – ou porque os jovens nãofreqüentam tais escolas, ou por outro motivo – tanto mais com ela se preocupemos pais, os pastores d’almas e as associações apostólicas. Os professores eeducadores, que por vocação e ofício exercem forma superior de apostoladoleigo, dominem de tal maneira a doutrina e arte pedagógica, que possamtransmitir com eficiência tal formação.
Também os grupos ou associações de leigos, quer visem oapostolado, quer outros fins sobrenaturais, de acordo com seu fim e suasmodalidades, hão de fomentar com insistência e persistência a formação para oapostolado.4 Constituem eles muitas vezes a rota norma da formação acertadapara o apostolado. Pois neles se encontra a formação doutrinária, espiritual eprática. Os seus membros examinam com os companheiros e amigos, em pequenasequipes, os métodos e frutos de sua atividade apostólica e comparam o seu modode vida cotidiano com o Evangelho.
Esta formação deve ser orientada no sentido de levar emconta todo o apostolado dos leigos, que há de ser exercido não apenas nas rodasdas associações, mas em todas as circunstâncias através da vida toda, sobretudoda vida profissional e social. Mais. Cada qual deve preparar-se ativamente parao apostolado, coisa que mais se impõe na idade adulta. Pois avançando em idadeé que a mente desabrocha. Assim cada qual é capaz de descobrir com mais atençãoos talentos com que Deus lhe enriqueceu a alma e ativar com mais eficiênciaaqueles carismas que lhe foram conferidos pelo Espírito Santo em benefício dosirmãos.
Carta sobre o Apostolado dos Leigos – Concílio Vaticano II
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